Trio pedalou mais de 10 mil km e gravou documentário sobre cicloturismo.
Cada um gastou cerca de R$ 300 ao mês; um dele seguirá até o México.
Eles viajaram por seis meses, percorreram mais de 10 mil quilômetros e conheceram 14 estados do país, além do Distrito Federal. Tudo sobre duas rodas – ou melhor sobre seis. De bicicleta, os amigos de infância Felipe Fontes, Filipe Falcone e Marcelo Rachmuth, de 24 anos, atravessaram o Brasil e voltaram cheios de histórias para contar.
O projeto, batizado de “Sobre seis rodas”, incluiu a filmagem de um documentário sobre cicloturismo, para o qual eles obtiveram recursos via financiamento coletivo pela internet. Agora, após concluída a etapa brasileira, Felipe Fontes vai continuar sozinho a aventura e pretende ir pedalando até o México.
Ele conta que a ideia da viagem surgiu em 2012. Amigos desde os 12 anos de idade, eles já tinham viajado juntos distâncias mais curtas, mas planejaram e economizaram por cerca de um ano e meio para a jornada pelo Brasil. “A gente já era apaixonado por bicicleta. Queríamos viajar sem data pra voltar, sem pressa, de forma completamente independente”, conta Felipe.
Viagem econômica
No início deste ano, eles abandonaram seus trabalhos e caíram na estrada. De São Paulo foram para Rio de Janeiro e Minas Gerais, passaram por todos os estados do Nordeste e também conheceram o Pará, Tocantins, Goiás e o Distrito Federal.
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Pedalavam cerca de 80 a 100 quilômetros por dia, geralmente começando bem cedo e parando para almoçar. Preferiam pedalar em estradas secundárias, mais tranquilas, por onde passavam poucos caminhões.
A bagagem pesava: cada um carregava cerca de 50 kg, entre roupas, comida, água e material de acampamento. Um deles, Marcelo, chegou a perder 16 kg.
À noite, eles quase sempre dormiam em barracas montadas no quintal da casa de pessoas que encontravam pelo caminho ou em postos de gasolina. No Nordeste, moradores também ofereciam redes para eles pernoitarem. Eles também levaram fogareiros para fazer a própria comida sempre que desse.
Nesse esquema, sem gastar com hospedagem e transporte, cada um se mantinha com cerca de R$ 300 a R$ 400 por mês.
'Gente boa'
Os ciclistas contam que não enfrentaram nenhum episódio violento nem problema mais grave. “Às vezes chove, o pneu fura, a estrada é mais difícil do que esperávamos. Mas grande parte dos ‘perrengues’ de uma viagem acontecem quando a pessoa está com a pressa. E a gente não estava com pressa”, diz Filipe Falcone.
Ele diz que eles conheceram “muita gente boa” no trajeto. “As pessoas saem do caminho delas para ajudar. Era difícil passar um dia sem que aparecesse alguém, um personagem, uma pessoa que nos contava da vida dela”, diz.
O trio também encontrou outros cicloturistas – entre eles, um casal que está percorrendo a América do Sul e um grupo que tinha vindo pedalando dos Estados Unidos até Salvador.
Entre os lugares que mais marcaram os garotos estão uma agrovila na Bahia, uma reserva indígena em Tocantins onde passaram 20 dias, a Chapada Diamantina, os Lençóis Maranhenses e o Sertão do Nordeste.
Agora, o projeto segue, mas só sobre duas rodas. Depois de um descanso em São Paulo, no qual aproveitou para ver a família e trocar as peças da bicicleta, Felipe Fontes vai partir até a próxima semana em direção ao México.
Agora, o projeto segue, mas só sobre duas rodas. Depois de um descanso em São Paulo, no qual aproveitou para ver a família e trocar as peças da bicicleta, Felipe Fontes vai partir até a próxima semana em direção ao México.
O plano é começar pelo Paraguai e ir subindo pela América do Sul e depois pela América Central. Se tudo correr como o planejado, vai conhecer 14 países: entre eles, Argentina, Peru, Colômbia, Costa Rica, Guatemala e México.
“Viajar de bike é completamente transformador. É uma rotina muito louca. Todo dia você conhece gente diferente, resolve coisas diferentes, conhece lugares. É uma vivência muito intensa”, diz
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