Obra Católica Portuguesa das Migrações visitou os detidos «quase todos ligados ao tráfico de droga» e estabeleceu parcerias com organismos da Igreja peruana
Lisboa, 20 out 2014 (Ecclesia) – A Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) está a ajudar os presos portugueses no Peru, a cumprir penas ligadas ao tráfico de droga.
A OCPM aceitou o desafio lançado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que “manifestou uma grande preocupação com os detidos no Peru”, devido ao número de presos naquele país da América Latina, disse à Agência ECCLESIA frei Francisco Sales, diretor da OCPM.
De 12 a 18 deste mês, o responsável da OCPM esteve no Peru, “talvez o país da América Latina que tem mais presos portugueses”, e pode visualizar as condições em que vivem os detidos.
O projeto apoiado pelo Estado Português pretende que a OCPM vá “ao encontro desta realidade para tentar criar, ao nível do terreno, uma parceria com a Igreja local e dar apoio, particularmente nas necessidades básicas destas pessoas”, realçou frei Francisco Sales.
O responsável da OCPM visitou duas prisões no Peru que tinham cerca de 60 presos com nacionalidade portuguesa e “todos eles ligados ao tráfico de droga, os chamados «mulas da droga»”.
Alguns são muito jovens e particularmente as “mulheres foram enganadas por esquemas de organizações de traficantes”, visto que algumas “nem sabiam para aquilo que iam” e foram “lançadas como isco” para que outros “passassem com carregamentos maiores”, denunciou.
A forma de angariação “destas mulheres é muito parecida” e “a maior parte delas estava numa situação muito vulnerável”, sublinhou o diretor da OCPM.
Quando visitou a prisão situada na Diocese do Calhau, frei Francisco Sales confidenciou que aquele espaço parece “um autêntico cenário de guerra” e “com “muita pobreza”
Naquela prisão “quase tudo é pago - uma espécie de economia paralela - até o colchão para dormir tem de ser pago”, salientou.
Uma vez que no Peru, a comunidade portuguesa é “relativamente pequena e mais ligada a empresários”, a OCPM vai solicitar “ajudas continuadas” para auxiliar os presos.
A OCPM fez um protocolo com a Cáritas do Peru e com a Pastoral Penitenciária da Diocese do Calhau que vão “ser o braço” da instituição portuguesa.
As duas organizações peruanas vão acompanhar de perto os presos portugueses e “vão falar regularmente com eles” e auxiliar em produtos de primeira necessidade.
A OCPM deixou aos parceiros com quem estabeleceu protocolo “cerca de 3000 mil Euros para o apoio inicial”, referiu frei Francisco Sales.
LFS
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