10/10/2014 | domtotal.com
Criadas em meio à bonecas, mulheres aprendem a sentir com o outro, crescem na perspectiva da alteridade. A boneca chora porque está com dor; a menina sabe interpretar os sinais. “Você vai ser o papai”; a menina se coloca em um outro papel. A boneca não está conseguindo dormir; a menina sabe cuidar. Criadas para o sentimento, acolhem desde pequena o lugar que lhes é imposto: Tu serás o esteio do lar.
Cabe a ela o lugar de amiga, de irmã, de amante e de mãe. “Vai carregar bandeira” – diz-lhes o anjo, dando o pesado cargo. Mas como diz a própria Adélia: “Mulher é desdobrável”. E entre dobras e redobras, de sentimentos guardados nas panelinhas, das pequenas cozinhas, das brincadeiras de casinha, a pobre menininha aprende a viver a dor. Se Adão deve comer com seu suor; a mulher terá a dor como pena (e como pena!). Cabe-lhes a resignação do sofrer e tecer colchas e bordados de lágrimas; Penélopes.
Por sentir e ressentir, seus sentimentos são de uma ordem muito complexa aos homens que, como Freud, condenam-nas ao continente obscuro (da psicanálise). Difícil entender os meandros de almas como as de Medeia, Electra e Antígona, nas quais amor e ódio se misturam. Uma mata, a outra manda matar e a terceira se mata; subversivamente trágicas. Como escreveu uma amiga, “cabe às mulheres desde sempre, de Pandora à Eva, a faísca da subversão, a quebra de valores, a assumida falta de pudores e um extremo gosto pela transgressão”.
Se o mundo dito masculino se pretende analítico, objetivo, divisor e classificador; o mundo dito feminino abarca o masculino e lhe dá um contributo à mais. Ensina o paradoxo, a subjetividade, a junção e dificuldade de qualquer delimitação. O rei sol é excludente e não permite outros brilhos. A mãe lua leva a luz do sol, esconde-se às vezes e aceita os outros astros. O sim e o não se comportam no feminino, como o seio bom e o seio mal de Melaine Klein. Mistério deveria ser palavra feminina e que rico seria ao homem reconhecer as costelas que traz! Pepeu Gomes ainda precisa cantar aos homens...
Trágica.3
O CCBB está em cartas, dos dias 03 a 26 de Outubro com a peça “Trágica.3”, que se compõe de recortes das tragédias Medeia, Electra e Antígona. As exibições serão sextas, sábados e domingos, das 20h às 21h15. O elenco é composto de Letícia Sabatella, Denise Del Vecchio, Miwa Yanagizawa, Fernando Alves Pinto e Marcello H. e a trilha sonora será executada ao vivo.
Outubro Rosa
Outubro é o mês de dar visibilidade à luta contra o câncer de mama. O movimento surgido nos EUA tem o nome de Outubro Rosa, dado a cor do laço usado como símbolo dessa luta. A mesma cor é adotada, nesse período, para a iluminação pública de muitas cidades que aderem ao movimento, que visa promover a prevenção ao câncer, particularmente, incentivando o autoexame. As discussões geradas também atingem o estigma em torno do problema, uma vez que este implica em uma parte importante nas construções sociais de representações do feminino, o seio.
Cabe a ela o lugar de amiga, de irmã, de amante e de mãe. “Vai carregar bandeira” – diz-lhes o anjo, dando o pesado cargo. Mas como diz a própria Adélia: “Mulher é desdobrável”. E entre dobras e redobras, de sentimentos guardados nas panelinhas, das pequenas cozinhas, das brincadeiras de casinha, a pobre menininha aprende a viver a dor. Se Adão deve comer com seu suor; a mulher terá a dor como pena (e como pena!). Cabe-lhes a resignação do sofrer e tecer colchas e bordados de lágrimas; Penélopes.
Por sentir e ressentir, seus sentimentos são de uma ordem muito complexa aos homens que, como Freud, condenam-nas ao continente obscuro (da psicanálise). Difícil entender os meandros de almas como as de Medeia, Electra e Antígona, nas quais amor e ódio se misturam. Uma mata, a outra manda matar e a terceira se mata; subversivamente trágicas. Como escreveu uma amiga, “cabe às mulheres desde sempre, de Pandora à Eva, a faísca da subversão, a quebra de valores, a assumida falta de pudores e um extremo gosto pela transgressão”.
Se o mundo dito masculino se pretende analítico, objetivo, divisor e classificador; o mundo dito feminino abarca o masculino e lhe dá um contributo à mais. Ensina o paradoxo, a subjetividade, a junção e dificuldade de qualquer delimitação. O rei sol é excludente e não permite outros brilhos. A mãe lua leva a luz do sol, esconde-se às vezes e aceita os outros astros. O sim e o não se comportam no feminino, como o seio bom e o seio mal de Melaine Klein. Mistério deveria ser palavra feminina e que rico seria ao homem reconhecer as costelas que traz! Pepeu Gomes ainda precisa cantar aos homens...
Trágica.3
O CCBB está em cartas, dos dias 03 a 26 de Outubro com a peça “Trágica.3”, que se compõe de recortes das tragédias Medeia, Electra e Antígona. As exibições serão sextas, sábados e domingos, das 20h às 21h15. O elenco é composto de Letícia Sabatella, Denise Del Vecchio, Miwa Yanagizawa, Fernando Alves Pinto e Marcello H. e a trilha sonora será executada ao vivo.
Outubro Rosa
Outubro é o mês de dar visibilidade à luta contra o câncer de mama. O movimento surgido nos EUA tem o nome de Outubro Rosa, dado a cor do laço usado como símbolo dessa luta. A mesma cor é adotada, nesse período, para a iluminação pública de muitas cidades que aderem ao movimento, que visa promover a prevenção ao câncer, particularmente, incentivando o autoexame. As discussões geradas também atingem o estigma em torno do problema, uma vez que este implica em uma parte importante nas construções sociais de representações do feminino, o seio.
Gilmar P. da Silva SJMestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, com pesquisa em Signo e Significação nas Mídias, Cultura e Ambientes Midiáticos. Graduação em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Possui Graduação em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura) pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Experiência na área de Filosofia, com ênfase na filosofia kierkegaardiana.
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