15/10/2014 | domtotal.com
'Garantir os direitos dos homossexuais é um fato de civilidade', afirma secretário especial do Sínodo.
Por Iacopo Scaramuzzi
"A Igreja não compartilha que a mesma terminologia 'família' possa ser indiferentemente aplicada à união entre um homem e uma mulher, aberta à procriação, e à união homossexual. Dito isto, parece-me evidente que as pessoas humanas envolvidas nas diversas experiências têm direitos que devem ser protegidos. Portanto, o problema, acima de tudo, não é a equiparação tal e qual, mesmo terminológica, mas, naturalmente, isso não significa que, então, seja preciso excluir também a busca de uma codificação de direitos que possam ser garantidos a pessoas que vivem em uniões homossexuais. É um discurso - creio eu - de civilidade e de respeito pela dignidade das pessoas". É assim que Dom Bruno Forte, secretário especial do Sínodo, especificou, durante a coletiva de imprensa diária na Sala de Imprensa vaticana, o texto da 'Relatio post disceptationem', lida nessa segunda-feira (13) pelo cardeal Péter Erdö, em resposta a uma pergunta sobre as leis que protegem legalmente os coabitantes gays.
O próprio purpurado húngaro - que havia deixado a palavra a Dom Forte, porque, disse, "quem escreveu o trecho deve saber o que significa" - quis depois acrescentar que "mesmo nas intervenções livres surgiu esse tema, e alguns disseram que parece faltar nesses parágrafos, mesmo que haja em um ponto, uma referência mais precisa para o fato de que também há coabitações desordenadas", e a questão "deve ser discutida durante a semana" pelos circuli minores, grupos linguísticos que emendarão o texto apresentado hoje "e depois".
Ainda sobre o mesmo tema, Dom Forte respondeu a uma pergunta sobre se quando se fala das sementes do verbo e elementos de santificação e verdades presentes também fora do matrimônio tradicional fala-se das coabitações homossexuais e dos casamentos civis, onde eles são celebrados.
"Parece-me que a atitude do documento – respondeu o arcebispo de Chieti – vai no sentido de captar o positivo onde quer que se encontre, e ele existe certamente. Cortar com o machado é fácil; discernir e valorizar todo o positivo, mesmo nessas experiências, eu acho que é um exercício de honestidade intelectual e de caridade espiritual".
Durante a coletiva de imprensa, Dom Forte definiu o Sínodo como um "work in progress", um trabalho em andamento, e ressaltou que, entre o fim do Sínodo extraordinário, no próximo dia 19 de outubro, e o início do Sínodo ordinário, no dia 5 de outubro de 2015, os bispos de todo o mundo deverão "ouvir os leigos" nas suas dioceses: "Às vezes, no entanto, os nossos leigos são mais clericais do que nós, padres, isso não está certo. Eu digo aos leigos:. Sejam protagonistas! Espero um protagonismo de cabeça erguida dos leigos para encontrar soluções verdadeiras".
Para quem pedia a razão da ausência da expressão "lei natural" no relatório intermediário, Dom Forte respondeu que "é preciso falar uma linguagem compreensível, e 'lei natural' expressa uma ideia importantíssima, mas usando uma terminologia que, no mundo, a maior parte dos humanos não entende".
No debate de hoje, que se seguiu à apresentação do relatório – em que não faltaram "críticas", "pedidos de aprofundamento" e de "esclarecimento", disse Erdö –, diversos padres evocaram o espírito do Concílio Vaticano II.
"Alguns padres – afirmou Dom Forte – disseram que parecem ouvir o espírito da 'Gaudium et spes', a Igreja que olha para o mundo com simpatia, assume as suas expectativas, os sofrimentos e as alegrias dos homens e das mulheres do nosso tempo".
O cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila e especialista em história do Concílio, recordou a esse respeito que o Sínodo se concluirá com a beatificação, no próximo domingo, de Paulo VI, o papa que concluiu o Concílio, mostrando uma Igreja "não absorvida em si mesma, mas missionária, capaz de escutar e de dialogar com o mundo".
O cardeal chileno Ricardo Ezzati Andrello também se pronunciou na coletiva de imprensa, moderada pelo porta-voz vaticano, padre Federico Lombardi.
"A Igreja não compartilha que a mesma terminologia 'família' possa ser indiferentemente aplicada à união entre um homem e uma mulher, aberta à procriação, e à união homossexual. Dito isto, parece-me evidente que as pessoas humanas envolvidas nas diversas experiências têm direitos que devem ser protegidos. Portanto, o problema, acima de tudo, não é a equiparação tal e qual, mesmo terminológica, mas, naturalmente, isso não significa que, então, seja preciso excluir também a busca de uma codificação de direitos que possam ser garantidos a pessoas que vivem em uniões homossexuais. É um discurso - creio eu - de civilidade e de respeito pela dignidade das pessoas". É assim que Dom Bruno Forte, secretário especial do Sínodo, especificou, durante a coletiva de imprensa diária na Sala de Imprensa vaticana, o texto da 'Relatio post disceptationem', lida nessa segunda-feira (13) pelo cardeal Péter Erdö, em resposta a uma pergunta sobre as leis que protegem legalmente os coabitantes gays.
O próprio purpurado húngaro - que havia deixado a palavra a Dom Forte, porque, disse, "quem escreveu o trecho deve saber o que significa" - quis depois acrescentar que "mesmo nas intervenções livres surgiu esse tema, e alguns disseram que parece faltar nesses parágrafos, mesmo que haja em um ponto, uma referência mais precisa para o fato de que também há coabitações desordenadas", e a questão "deve ser discutida durante a semana" pelos circuli minores, grupos linguísticos que emendarão o texto apresentado hoje "e depois".
Ainda sobre o mesmo tema, Dom Forte respondeu a uma pergunta sobre se quando se fala das sementes do verbo e elementos de santificação e verdades presentes também fora do matrimônio tradicional fala-se das coabitações homossexuais e dos casamentos civis, onde eles são celebrados.
"Parece-me que a atitude do documento – respondeu o arcebispo de Chieti – vai no sentido de captar o positivo onde quer que se encontre, e ele existe certamente. Cortar com o machado é fácil; discernir e valorizar todo o positivo, mesmo nessas experiências, eu acho que é um exercício de honestidade intelectual e de caridade espiritual".
Durante a coletiva de imprensa, Dom Forte definiu o Sínodo como um "work in progress", um trabalho em andamento, e ressaltou que, entre o fim do Sínodo extraordinário, no próximo dia 19 de outubro, e o início do Sínodo ordinário, no dia 5 de outubro de 2015, os bispos de todo o mundo deverão "ouvir os leigos" nas suas dioceses: "Às vezes, no entanto, os nossos leigos são mais clericais do que nós, padres, isso não está certo. Eu digo aos leigos:. Sejam protagonistas! Espero um protagonismo de cabeça erguida dos leigos para encontrar soluções verdadeiras".
Para quem pedia a razão da ausência da expressão "lei natural" no relatório intermediário, Dom Forte respondeu que "é preciso falar uma linguagem compreensível, e 'lei natural' expressa uma ideia importantíssima, mas usando uma terminologia que, no mundo, a maior parte dos humanos não entende".
No debate de hoje, que se seguiu à apresentação do relatório – em que não faltaram "críticas", "pedidos de aprofundamento" e de "esclarecimento", disse Erdö –, diversos padres evocaram o espírito do Concílio Vaticano II.
"Alguns padres – afirmou Dom Forte – disseram que parecem ouvir o espírito da 'Gaudium et spes', a Igreja que olha para o mundo com simpatia, assume as suas expectativas, os sofrimentos e as alegrias dos homens e das mulheres do nosso tempo".
O cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila e especialista em história do Concílio, recordou a esse respeito que o Sínodo se concluirá com a beatificação, no próximo domingo, de Paulo VI, o papa que concluiu o Concílio, mostrando uma Igreja "não absorvida em si mesma, mas missionária, capaz de escutar e de dialogar com o mundo".
O cardeal chileno Ricardo Ezzati Andrello também se pronunciou na coletiva de imprensa, moderada pelo porta-voz vaticano, padre Federico Lombardi.
Vatican Insider, 13-10-2014.
*A tradução é de Moisés Sbardelotto.
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