Esforço de mães e de fundação ajudam crianças em São Paulo.
G1 acompanhou rotina de superação de Marquinho e Thacyanny.
Longe dos apelos das vitrines, Marquinho e Thacyanny não parecem se importar muito com o Dia das Crianças. Os dois, que moram em bairros humildes nas zonas Sul e Leste de São Paulo, perderam a visão ainda pequenos. Ele não pensa em um brinquedo neste domingo (12), mas sonha em visitar o avô que mora em Alagoas. Ela queria mesmo acompanhar o pai e o irmão mais velho no futebol, mas irá a uma festa com palhaços com a mãe.
Marco Antonio brincava com o irmão José no tapete da sala quando a mãe, a dona de casa Maria Gilma da Silva, abriu a porta da casa no Jardim Selma, na Zona Sul, para receber a equipe do G1.
Marco Antonio brincava com o irmão José no tapete da sala quando a mãe, a dona de casa Maria Gilma da Silva, abriu a porta da casa no Jardim Selma, na Zona Sul, para receber a equipe do G1.
“Ele é meu orgulho e minha benção”, contou com voz pausada e bastante calma. “Desde os cinco meses eu notei que tinha algo estranho, mas todos diziam que eu estava louca”, contou.
A alagoana de 42 anos que veio para São Paulo em busca de tratamento para o filho quando ele ainda tinha 11 meses enfrentou muita dificuldade para conseguir especialistas. A primeira consulta em unidade básica de saúde demorou quase um ano.
Depois passou pela Santa Casa até conseguir o tratamento no Hospital das Clínicas, onde tem consultas duas vezes por semana. Aos cinco anos, um médico disse para Marquinho que ele não enxergaria mais. Arrasada com o diagnóstico, ela esperava que o médico não tivesse sido tão duro ao comentar o resultado do tratamento, mas Marquinho a surpreendeu. “Ele disse para o médico: ‘o dia que Deus quiser, ele me cura’. Me pegou de surpresa”, conta.
Maria Gilma não poupou esforços e buscou apoio na fundação Dorina Nowill, que guiou os primeiros passos para que ele aprendesse a ler em braile. A vaga na escola veio só com uma determinação judicial. O menino aprendeu rápido a ler. O “Abraço Urso”, de Claudia Cotes, que conta a história de um ursinho que nasceu cego, é o seu livro preferido. Nos dias em que vai à fundação, ele pega quatro exemplares emprestados e só quer dormir depois de terminar de ler.
Quem vê jogando bola com o irmão mais novo no corredor apertado de casa até se esquece da limitação da visão. Nesta quinta-feira (9), ele se dizia feliz com a vitória da sua equipe em um desafio durante uma aula de educação física. “Tinha que pular o bambolê sem pisar, pular uma corda e chutar uma bola. Minha equipe terminou em 8 minutos. A outra em 13”, comemorava. Até andar de bicicleta, ele já andou. “Minha prima me segurou duas vezes. Na terceira, eu fui sozinho.”
Depois passou pela Santa Casa até conseguir o tratamento no Hospital das Clínicas, onde tem consultas duas vezes por semana. Aos cinco anos, um médico disse para Marquinho que ele não enxergaria mais. Arrasada com o diagnóstico, ela esperava que o médico não tivesse sido tão duro ao comentar o resultado do tratamento, mas Marquinho a surpreendeu. “Ele disse para o médico: ‘o dia que Deus quiser, ele me cura’. Me pegou de surpresa”, conta.
Maria Gilma não poupou esforços e buscou apoio na fundação Dorina Nowill, que guiou os primeiros passos para que ele aprendesse a ler em braile. A vaga na escola veio só com uma determinação judicial. O menino aprendeu rápido a ler. O “Abraço Urso”, de Claudia Cotes, que conta a história de um ursinho que nasceu cego, é o seu livro preferido. Nos dias em que vai à fundação, ele pega quatro exemplares emprestados e só quer dormir depois de terminar de ler.
Quem vê jogando bola com o irmão mais novo no corredor apertado de casa até se esquece da limitação da visão. Nesta quinta-feira (9), ele se dizia feliz com a vitória da sua equipe em um desafio durante uma aula de educação física. “Tinha que pular o bambolê sem pisar, pular uma corda e chutar uma bola. Minha equipe terminou em 8 minutos. A outra em 13”, comemorava. Até andar de bicicleta, ele já andou. “Minha prima me segurou duas vezes. Na terceira, eu fui sozinho.”
O passeio no supermercado que mãe faria em 30 minutos não dura menos que 1h30 desde que aprendeu a ler. “Ele coloca a mão em toda parte procurando as letrinhas. Até remédio errado ele já me pediu para trocar e ele tinha razão. Eu que não sei ler, aprendi com ele a escrever meu nome em letra de forma”, disse.
Diante do desejo do filho de visitar o avô, a mãe hesita. “Não sei se termino fazer os quartos ou se eu viajo. Ainda estou pensando”, afirmou. Ela conversa com os filhos, explica as razões. “Mas ele sabe esperar. É muito compreensivo. É um menino muito feliz”, afirmou emocionada.
Thacyanne
Já no Jardim Vitória, na Zona Leste, Thacyanny, de 6 anos, está começando a reconhecer as letras do alfabeto tátil. As cartelas em madeira, com o registro das letras em relevo, parece um joguinho e encanta a menina. “Ela até deixou a máquina de escrever de lado”, contou a mãe Gilcivana da Silva Sousa Barbosa, de 28 anos. Mas durante a reportagem, ela fez questão de mostrar como usa máquina de escrever adaptada para deficientes visuais.
Os dedinhos ligeiros exploram tudo o que está ao seu redor. Enquanto conversava com a reportagem, ela pediu para pegar a caneta, a máquina fotográfica e o bloquinho. “Eu enxergo com os dedos”, constata.
A menina teve uma retinoblastoma, um tipo de câncer que levou à extração do seu olho esquerdo quando ela tinha apenas um ano. A demora no diagnóstico fez com que a doença, em estágio avançado atingisse o olho direito. “A Thacy tinha um desvio no olhar. A médica disse que era apenas estrabismo e, por isso, quando a doença foi descoberta já estava em estágio avançado. Apesar do tratamento, com dois anos ela perdeu o segundo globo ocular”, disse a mãe.
A adaptação às novas condições foi bastante triste para a pequena Thacy e para toda a família. “Quando ela perdeu o segundo [globo ocular], ela dizia que tinha medo e pedia para a gente acender a luz. Eu caí em depressão e só comecei a melhorar quando vi que ela começou a se adaptar. Ela é feliz, muito esperta”, afirmou Gilcivana, que está grávida do terceiro filho.
A mãe conta que o material utilizado na escola não é adaptado para cegos, o que torna mais difícil o aprendizado. Apesar disso, Thacy adora ir para a escola e chega a chorar quando compromissos externos não permitem que ela encontre os coleguinhas da primeira série. “Eu gosto da comida, da brinquedoteca, do parquinho”, contou. A menina anda pela casa com tranquilidade e que aguarda com ansiedade o nascimento do irmãozinho. “Eu vou ajudar a minha mãe a cuidar. Só não vou deixar me morder”, avisou.
Com o irmão mais velho, Pedro, ela disse gostar de jogar bola e de “brincar de luta”. “Eu pego ele assim [já empurrando o pescoço do irmão]. Mas quando a gente brinca de luta, ele não deixa eu ganhar dele”, lamenta. Quando fica sabendo que a reportagem faria um vídeo, ela aproveita para revelar um desejo. "Eu quero trabalhar na Chiquititas", contou.
A menina sobe a escada que dá acesso à rua com agilidade mesmo sem corrimão. Ela está aprendendo a utilizar a bengala, instrumento importante para que ela ganhe autonomia e possa se locomover com facilidade futuramente. A festa do dia das crianças na escola, que seria na sexta-feira (10), ficou para semana que vem. No momento em que o irmão conta os planos de ir jogar futebol com o pai, ela se convida para ir rapidamente.
Com o irmão mais velho, Pedro, ela disse gostar de jogar bola e de “brincar de luta”. “Eu pego ele assim [já empurrando o pescoço do irmão]. Mas quando a gente brinca de luta, ele não deixa eu ganhar dele”, lamenta. Quando fica sabendo que a reportagem faria um vídeo, ela aproveita para revelar um desejo. "Eu quero trabalhar na Chiquititas", contou.
A menina sobe a escada que dá acesso à rua com agilidade mesmo sem corrimão. Ela está aprendendo a utilizar a bengala, instrumento importante para que ela ganhe autonomia e possa se locomover com facilidade futuramente. A festa do dia das crianças na escola, que seria na sexta-feira (10), ficou para semana que vem. No momento em que o irmão conta os planos de ir jogar futebol com o pai, ela se convida para ir rapidamente.
A mãe diz que ela não pode ir que verá palhaços em uma festa no bairro. A menina não demonstra muita empolgação. Ela aguarda com ansiedade mesmo é a segunda-feira (13), quando completará sete aninhos e ganhará, enfim, um “bolo gelado” de presente.
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