Em tempos de campanha, candidatos tentam nos convecer de que são 'gente como a gente'.
Por Ricardo Soares*
Esta semana, vi uma foto do primeiro ministro espanhol sentado numa cadeirinha de uma escola infantil a sorrir para as criancinhas. Apesar de não estar em campanha (na verdade, eles sempre estão) era sua "singela" tentativa de ser "fofinho" diante do eleitorado. Um velho truque que é usado mundo afora, o que de certa forma nos conforta, dado o excesso de pieguice eleitoral que os marqueteiros nos brindam em todas as campanhas eleitorais no Brasil. Em outras palavras, não somos os únicos a adotar esse questionável expediente.
O Brasil é useiro e vezeiro disto. A prática produziu verdadeiras pérolas, como vir à tona a frase mais falsa do que nota de três reais, proferida há muitos anos por FHC, que se dizia um mulato ou ainda ele, no alto do seu estelar pedantismo, colocar um chapéu de cangaceiro e subir em mula no interior nordestino, como se nativo fosse. Tão a vontade quanto o coxinha Luciano Huck num baile funk.
Para não dizer que não falei dos outros, nessa atual campanha, todos os candidatos a presidente ou a governador usam a prática-tática de abraçar e beijar criancinhas, erguendo-as nos braços muitas vezes, comer pastéis e outras guloseimas tóxicas, parar em padarias e botecos para tomar um cafezinho ou quiçá, suprema ousadia, beber um golinho de cerveja. Essa semana, inclusive, uma das imagens mais surreais da campanha até agora aconteceu numa padaria no centro de São Bernardo do Campo , histórico reduto petista, onde Alckmin, Aécio e o subproduto deles, José Aníbal, são vistos tomando cafezinho nos clássicos copinhos americanos. Algo mais fake que isso é difícil de se ver.
Tudo isso é estrategicamente calculado para tentar iludir as massas de que esses tipos são "gente como a gente". Não são. No seu dia a dia, não comem o que comem em campanha, muitos deles querem distância estelar de crianças com remela, não tomam café em padaria e muitos menos comem pastéis em feiras. A distância deles de signos populares é notória. Mas os marqueteiros continuam a usar os mesmos velhos truques imagéticos em busca de votos. Será que têm acesso a pesquisas que apontam que isso ainda funciona? Pesquisas que nem imaginamos existir! Porque, se essas pesquisas não existirem, começo a duvidar da propalada competência dos marqueteiros brasileiros que repetem ano após ano os mesmos truques, os mesmos textos, a mesma inverdade para fisgar corações e mentes.
Esta semana, vi uma foto do primeiro ministro espanhol sentado numa cadeirinha de uma escola infantil a sorrir para as criancinhas. Apesar de não estar em campanha (na verdade, eles sempre estão) era sua "singela" tentativa de ser "fofinho" diante do eleitorado. Um velho truque que é usado mundo afora, o que de certa forma nos conforta, dado o excesso de pieguice eleitoral que os marqueteiros nos brindam em todas as campanhas eleitorais no Brasil. Em outras palavras, não somos os únicos a adotar esse questionável expediente.
O Brasil é useiro e vezeiro disto. A prática produziu verdadeiras pérolas, como vir à tona a frase mais falsa do que nota de três reais, proferida há muitos anos por FHC, que se dizia um mulato ou ainda ele, no alto do seu estelar pedantismo, colocar um chapéu de cangaceiro e subir em mula no interior nordestino, como se nativo fosse. Tão a vontade quanto o coxinha Luciano Huck num baile funk.
Para não dizer que não falei dos outros, nessa atual campanha, todos os candidatos a presidente ou a governador usam a prática-tática de abraçar e beijar criancinhas, erguendo-as nos braços muitas vezes, comer pastéis e outras guloseimas tóxicas, parar em padarias e botecos para tomar um cafezinho ou quiçá, suprema ousadia, beber um golinho de cerveja. Essa semana, inclusive, uma das imagens mais surreais da campanha até agora aconteceu numa padaria no centro de São Bernardo do Campo , histórico reduto petista, onde Alckmin, Aécio e o subproduto deles, José Aníbal, são vistos tomando cafezinho nos clássicos copinhos americanos. Algo mais fake que isso é difícil de se ver.
Tudo isso é estrategicamente calculado para tentar iludir as massas de que esses tipos são "gente como a gente". Não são. No seu dia a dia, não comem o que comem em campanha, muitos deles querem distância estelar de crianças com remela, não tomam café em padaria e muitos menos comem pastéis em feiras. A distância deles de signos populares é notória. Mas os marqueteiros continuam a usar os mesmos velhos truques imagéticos em busca de votos. Será que têm acesso a pesquisas que apontam que isso ainda funciona? Pesquisas que nem imaginamos existir! Porque, se essas pesquisas não existirem, começo a duvidar da propalada competência dos marqueteiros brasileiros que repetem ano após ano os mesmos truques, os mesmos textos, a mesma inverdade para fisgar corações e mentes.
*Ricardo Soares é diretor de TV, escritor, jornalista e roteirista. Autor, entre outros, dos livros infanto- juvenis "Valentão" e "O Brasil é feito por nós?" e do romance adulto “Cinevertigem”. Foi cronista dos jornais “O Estado de S.Paulo”, Jornal da Tarde e Diário do Grande ABC.
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