14/10/2014 | domtotal.com
Em setembro o diretor começou a trabalhar em Silence, filme que se baseia na história do jesuíta Cristóvão Ferreira.
Por Stefano FemminisEstamos no Japão do século XVII: Ferreira, missionário jesuíta português, depois de ter sido torturado, renegou a fé cristã, também para salvar outros fiéis presos com ele. Logo, porém, o jesuíta – em uma espécie de imagem espetacular à de São Paulo – se encontrará perseguindo os seus ex-correligionários. Caminhos análogos e dramáticos seguirão os dois coirmãos que os superiores enviaram de Roma para entender por que o Evangelho não consegue lançar raízes no Japão.
Um diretor como Scorsese, que dedicou a maior parte dos seus filmes a investigar o tema da eterna batalha entre bem e mal, não podia deixar de ser atraído por uma história como a de Ferreira. E, de fato, parece que ele começou a pensar em um possível filme há 25 anos.
Depois de uma série infinita de atrasos e de mudanças de prioridades, atores roteirizados que depois se retiraram (entre os mais famosos, Benicio Del Toro), finalmente eis o som da claquete, com estrelas do calibre de Liam Neeson e Andrew Garfield. A estreia está prevista para o fim de 2015, e já há quem aposte na participação na disputa pelo Oscar.
É difícil dizer se o empurrão decisivo no início das gravações veio da eleição ao sólio pontifício justamente de um jesuíta, com o consequente e renovado interesse pela ordem fundada por Inácio de Loyola. É verdade, porém, que a atração de Hollywood pelos acontecimentos da Companhia de Jesus, muitas vezes apaixonantes, tanto quanto atormentados, não é nova.
Basta pensar em A Missão, dirigido por Roland Joffe, em 1986, dramática reconstrução da epopeia das reduções América Latina do século XVIII, ou em Black Robe, de 1991, em que Brian Moore revive a história da missão jesuíta entre os Hurons do Quebec, que acabou em sangue.
A particularidade de Silence é que não se trata apenas de um filme "sobre" os jesuítas, mas será, de algum modo, um filme feito "com" os jesuítas. De fato, a equipe de consultores do célebre diretor norte-americano é composta por Antoni Üçerler, jesuíta inglês, professor de história japonesa da Sophia University, em Tóquio, e da Universidade de San Francisco, na Califórnia, enquanto quem apoia a realização do filme, cujo set é em Taiwan, é o Kuangchi Program Service (KPS), empresa de produção televisiva dos jesuítas locais.
"O filme é filmado aqui, e não no Japão, porque custa menos, graças aos subsídios do governo", explica Emilio Zanetti, jovem jesuíta italiano que trabalha no KPS. "Ultimamente, diretores como Ang Lee e Luc Besson também filmaram em Taiwan. No caso de Silence, nós oferecemos consultoria sobre a história da Companhia de Jesus e conexões com empresas cinematográficas. Além disso, Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, que trabalham na equipe de Scorsese há anos, pediram contatos com os religiosos e as paróquias de Taiwan."
Perguntamos ao padre Üçerler qual é o verdadeiro tema de fundo na história de Ferreira e no livro de Endo: "A realidade histórica e o romance apresentam algumas diferenças, mas em ambos os casos, na raiz, está a turbulência provocada pela chegada dos cristãos em um sistema de regras codificadas como o dos shogun: a lealdade dos cristãos a um Senhor sobrenatural, que, de algum modo, transcendia e colocava em crise o rígido sistema hierárquico, era o que dava mais medo às autoridades. Essa fé minava as bases de todo o sistema social da época. Outro aspecto que emerge muito bem é que, mesmo no drama da apostasia, no fim, reconhece-se o fato de que Deus ainda é maior do que qualquer traição".
Um diretor como Scorsese, que dedicou a maior parte dos seus filmes a investigar o tema da eterna batalha entre bem e mal, não podia deixar de ser atraído por uma história como a de Ferreira. E, de fato, parece que ele começou a pensar em um possível filme há 25 anos.
Depois de uma série infinita de atrasos e de mudanças de prioridades, atores roteirizados que depois se retiraram (entre os mais famosos, Benicio Del Toro), finalmente eis o som da claquete, com estrelas do calibre de Liam Neeson e Andrew Garfield. A estreia está prevista para o fim de 2015, e já há quem aposte na participação na disputa pelo Oscar.
É difícil dizer se o empurrão decisivo no início das gravações veio da eleição ao sólio pontifício justamente de um jesuíta, com o consequente e renovado interesse pela ordem fundada por Inácio de Loyola. É verdade, porém, que a atração de Hollywood pelos acontecimentos da Companhia de Jesus, muitas vezes apaixonantes, tanto quanto atormentados, não é nova.
Basta pensar em A Missão, dirigido por Roland Joffe, em 1986, dramática reconstrução da epopeia das reduções América Latina do século XVIII, ou em Black Robe, de 1991, em que Brian Moore revive a história da missão jesuíta entre os Hurons do Quebec, que acabou em sangue.
A particularidade de Silence é que não se trata apenas de um filme "sobre" os jesuítas, mas será, de algum modo, um filme feito "com" os jesuítas. De fato, a equipe de consultores do célebre diretor norte-americano é composta por Antoni Üçerler, jesuíta inglês, professor de história japonesa da Sophia University, em Tóquio, e da Universidade de San Francisco, na Califórnia, enquanto quem apoia a realização do filme, cujo set é em Taiwan, é o Kuangchi Program Service (KPS), empresa de produção televisiva dos jesuítas locais.
"O filme é filmado aqui, e não no Japão, porque custa menos, graças aos subsídios do governo", explica Emilio Zanetti, jovem jesuíta italiano que trabalha no KPS. "Ultimamente, diretores como Ang Lee e Luc Besson também filmaram em Taiwan. No caso de Silence, nós oferecemos consultoria sobre a história da Companhia de Jesus e conexões com empresas cinematográficas. Além disso, Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, que trabalham na equipe de Scorsese há anos, pediram contatos com os religiosos e as paróquias de Taiwan."
Perguntamos ao padre Üçerler qual é o verdadeiro tema de fundo na história de Ferreira e no livro de Endo: "A realidade histórica e o romance apresentam algumas diferenças, mas em ambos os casos, na raiz, está a turbulência provocada pela chegada dos cristãos em um sistema de regras codificadas como o dos shogun: a lealdade dos cristãos a um Senhor sobrenatural, que, de algum modo, transcendia e colocava em crise o rígido sistema hierárquico, era o que dava mais medo às autoridades. Essa fé minava as bases de todo o sistema social da época. Outro aspecto que emerge muito bem é que, mesmo no drama da apostasia, no fim, reconhece-se o fato de que Deus ainda é maior do que qualquer traição".
Vatican Insider, 11-10-2014.
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