terça-feira, 7 de outubro de 2014

Sínodo: as expectativas de Paulo Rocha, Diretor da Agência Ecclesia

Igreja > 2014-10-07 12:48:28 
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Teve início no passado domingo dia 5 de outubro no Vaticano o Sínodo dos Bispos sobre “os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Esta assembleia sinodal está a despertar a expectativa dos católicos e a atenção dos media de todo o mundo. Foi em Fátima durante as Jornadas de Comunicação Social que falamos com Paulo Rocha, Diretor da Agência Ecclesia, sobre este grande acontecimento da Igreja. Para esta nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” Paulo Rocha declarou-nos as suas expectativas em relação ao Sínodo sobre a Família não deixando de abordar o tema dos meios de comunicação da Igreja.
Paulo Rocha, jornalista, marido e pai, o diretor da Ecclesia em 3 dimensões:

Muitas vezes os meus filhos dizem depois do jantar há sempre alguma coisa para fazer, quando não há é meio milagre que acontece lá em casa…Quando não vou para o computador por este motivo ou por aquele. Em todo o caso, mesmo assim nós devemos dar graças a Deus, porque há gente e famílias que estão em situações muito piores, sobretudo por não terem trabalho. E acho que, felizmente vamos conseguindo estar, tanto a minha mulher como os nossos dois filhos, todos os dias a jantar em casa. É raro o dia em que não jantamos juntos ou tomamos o pequeno-almoço juntos. E isso no panorama que nós vemos hoje é muito bom. 
Aquilo que vou vivendo agora é que há diferentes etapas, quando eles são pequeninos é uma coisa, agora quando começam a fazer o segundo ciclo é outra coisa… e começam a pensar na universidade é outra coisa. E isto é que é bonito, de facto, como nós nos vamos adaptando a estes tempos da família. Tenho também de agradecer por muitos motivos à minha mulher, mas também neste aspeto de eu, muitas vezes, não ter disponibilidade, por exemplo, para acompanhar os filhos no estudo e ela faz esse trabalho de forma extraordinária. E nós vemos que se não acompanhamos o ritmo é diferente. E, às vezes, a gente pode-se perguntar porque é que há maus resultados, eu acho que aqui está o segredo: quando em casa os pais acompanham, não para ensinar de forma diferente de que os professores ensinam, mas é acompanhar é trabalhar com eles. Porque eu não posso chegar a casa e sentar-me a ver televisão e dizer: olha, vai lá fazer os trabalhos. Não funciona. E felizmente existe esta proximidade e este acompanhamento entre todos que vai tornando as coisas num ambiente bastante agradável.”

O Sínodo sobre a Família está a gerar uma expectativa especial em Paulo Rocha que diz esperar que tudo seja tratado numa perspetiva de relação e não num quadro normativo:

A grande expectativa que eu tenho em relação ao Sínodo é que todas estas questões sejam tratadas numa relação e não num quadro normativo. Porque creio que é por aí que as coisas, mais ou menos, têm acontecido: é que para determinada situação há uma norma, para aquele contexto há mais duas ou três normas e as coisas decidem-se por essa via. E, felizmente, que já vamos vendo em muitas paróquias e em muitas comunidades que determinadas situações na família vão-se resolvendo pela relação ou com o pároco, ou com quem dinamiza a pastoral familiar. Enfim, na relação de pessoas. E sendo a família, creio eu, um ambiente prioritariamente de relação entre pessoas, creio que essa lógica tem que passar para o relacionamento com a Igreja.
E a grande expectativa que tenho é que se dê esta transformação esta conversão. Que seja pelo imperativo da relação que os assuntos se resolvam, do diálogo, do conhecimento da história de vida, do percurso de vida e não pelo livro que abre no capítulo x ou y acerca daquela situação. E, de facto, não pode ser assim. 
Se de facto o Sínodo conseguir trazer ou iniciar este processo de olhar a pastoral familiar, a presença das famílias na Igreja como um espaço de relação entre o que é um corpo doutrinal, um corpo normativo e uma história de vida, de uma pessoa, de uma mulher e de um homem e dos seus filhos, claro que as coisas podem ser diferentes.

Um Sínodo a dois tempos: 2014 e 2015. Segundo Paulo Rocha, o tempo entre os dois momentos sinodais poderá vir a ser percorrido num caminho de diálogo se deste Sínodo Extraordinário sair um documento que deixe uma janela bem aberta:

Nós dizemos nas notícias: por que gancho é que vou apanhar isto, por onde vou apanhar este acontecimento. Eu acho que depende muito do gancho que ficar na parte final do Sínodo. Eu acho que se ficar destes quinze dias de debate entre os presidentes das conferências episcopais, os peritos e os casais, se ficar aí um caminho aberto de diálogo, isto é, refletimos isto digam-nos o que pensam; se ficar, de facto uma janela ou uma porta bem aberta para o diálogo eu acho que pode ser ótimo para que os assuntos continuem a ser pensados e possamos chegar depois daqui a um ano novamente num processo mais cuidado de redefinição da pastoral familiar e da pastoral da Igreja junto das famílias.

Não acredito, até pelo perfil do Papa Francisco, que com a Missa de encerramento com a beatificação de Paulo VI que seja noutro tom. Eu acho que num tom muito propositivo e de saída e de diálogo que tem marcado este pontificado. Eu acho que teremos esse tom: estivemos estes quinze dias a falar a pensar sobre isto, ainda não temos conclusões, precisamos de saber mais isto e aquilo, queremos muito contar convosco. E era ótimo que assim fosse, porque aquela novidade do inquérito preparatório lançou o sínodo neste patamar e agora creio que terá todas a condições para continuar assim.

A Agência Ecclesia presta um valioso serviço de comunicação utilizando várias plataformas: rádio, imprensa, televisão e o ambiente digital, sempre num esforço de constante melhoria:

Se há muitos ambientes de comunicação acho que também queremos ser setor desse ambiente e, claro está, nas várias plataformas: no texto, na imagem, no vídeo e, sobretudo, tendo uma grande preocupação pela distribuição daquilo que vamos fazendo. De facto, tanto para os programas de televisão, para a rádio como para a agência de notícias há já uma considerável produção de conteúdos que fazemos todos os dias e a preocupação é, neste grande fórum onde tudo se coloca, é nós temos de chegar com a nossa notícia junto do leitor A, B, C, de uma forma muito personalizada. Por vezes, analisamos o nosso trabalho e vamos dizendo que temos que reservar pelo menos tanto tempo que temos disponível para levar as notícias junto dos nossos leitores como a produzi-las. E esse é um desafio que está em transformação, esse desafio da interatividade de fazer dos nossos leitores também os nossos parceiros, os nossos produtores. Sem dúvida, vai ocupando muitas forças, muitos recursos, mas sempre nessa tentativa de sermos profissionais, de sermos eficazes e de não estar a trabalhar num meio que tem a porta da Igreja o seu limite, muito pelo contrário. É um meio que quer falar para lá das portas das igrejas, quer estar nos ambientes. Dizemos por vezes que a notícia que nós fazemos na Agência Ecclesia não se pode distinguir, não se pode catalogar como notícia da Agência Ecclesia, ela tem que ser igual a uma notícia de outra agência de notícias, tem que seguir as regras que não as distingam, que não as cataloguem imediatamente, precisamente para ter essa capacidade comunicativa.”

Agradecemos a Paulo Rocha, Diretor da Agência Ecclesia a disponibilidade e a entrevista concedida. Continuaremos a publicar comentários e declarações sobre este Sínodo da Família nos nossos programas e no nosso site , verá que basta clicar em português. (RS) RealAudioMP3 

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