sábado, 4 de outubro de 2014

Sínodo: Papa espera inteligência, coragem e amor na ação da Igreja junto das famílias


Francisco segura nas mãos de um jovem casal (Lusa)
Francisco segura nas mãos de um jovem casal (Lusa)

Francisco abordou ao longo dos últimos meses os temas da assembleia extraordinária de bispos

Cidade do Vaticano, 04 out 2014 (Ecclesia) - O Papa Francisco é o primeiro a convocar uma assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos desde 1985 e espera que a terceira reunião deste género promova uma “pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor” por todas as famílias.
A temática escolhida para esta reunião magna de representantes dos episcopados católicos, com novo encontro marcado para 2015, foi abordada pelo Papa em várias ocasiões nos últimos meses, com destaque para o consistório extraordinário que reuniu cerca de 185 cardeais no Vaticano, entre 20 e 21 de fevereiro deste ano.
Francisco sublinhou que a família é “a célula fundamental da sociedade humana”, convidando os participantes nesta reunião a ter “sempre presente a beleza da família e do matrimónio”, evitando a “casuística”.
Na viagem de regresso da Terra Santa, em maio, o Papa disse que o Sínodo “será sobre o problema da família, sobre as riquezas da família, sobre a situação atual da família” e não apenas sobre a questão pastoral dos divórcios ou as nulidades matrimoniais.
“Não gostei do que tantas pessoas – mesmo de Igreja, padres - disseram: ‘Ah, o Sínodo para dar a Comunhão aos divorciados’”, confessou.
O Papa recorreu ao ensinamento de Bento XVI para sublinhar a importância de “estudar os procedimentos de nulidade matrimonial; estudar a fé com que uma pessoa vai para o matrimónio; e deixar claro que os divorciados não estão excomungados”.
Em julho de 2013, na viagem de regresso do Brasil, Francisco justificou a escolha do tema da família e da necessidade de aprofundar a “pastoral do matrimónio”, realçando que muitas pessoas se casam “sem maturidade”.
Dois meses depois, o Papa encontrou-se com o clero da Diocese de Roma e sustentou que o debate não pode ser reduzido à questão de saber se os divorciados em segunda união podem ou não comungar, “porque quem põe o problema apenas nesses termos não entende qual é o verdadeiro problema".
A 28 de fevereiro, numa homilia pronunciada na capela da Casa de Santa Marta, o Papa Francisco destacou hoje a importância de “acompanhar” e “não condenar” os casais separados ou divorciados.
O Papa deixou muitas mensagens de valorização da família e do casamento, como aconteceu no último dia 14 de setembro, quando presidiu à celebração do matrimónio de 20 casais da Diocese de Roma, na Basílica de São Pedro, a quem pediu a coragem de resistir à “tentação de voltar para trás”.
A 2 de abril, Francisco encerrou o ciclo de catequeses sobre os sacramentos, nas audiências gerais, com uma reflexão dedicada ao Matrimónio: “Quando um homem e uma mulher celebram o Sacramento do Matrimónio, Deus espelha-se neles, por assim dizer, imprime neles as próprias orientações e o caráter indelével do seu amor”.
A audiência voltou a contar com uma alusão de Francisco às “palavras mágicas” para superar as “dificuldades” da vida matrimonial: ‘Com licença, obrigado, desculpa’.
No encontro com as famílias, em outubro de 2013, Francisco disse que o Matrimónio é “partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida”.
A exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho) sublinha que “a família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais”.
“No caso da família, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade, porque se trata da célula básica da sociedade”, alerta o Papa.
OC

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