Cardeal sul-africano rejeita leitura do relatório intermédio como opinião de todos os participantes na assembleia extraordinária
Cidade do Vaticano, 14 out 2014 (Ecclesia) - O cardeal sul-africano D. Wilfrid Fox Napier disse hoje no Vaticano que as propostas finais do Sínodo dos Bispos sobre a família continuam por definir, rejeitando que o relatório intermédio, apresentado esta segunda-feira, reflita a opinião de todos.
O responsável, um dos moderadores dos grupos linguísticos de trabalhos, revelou em conferência de imprensa que era impossível os participantes terem “concordado” com um texto que os jornalistas receberam antes deles, sustentando que documento não reflete “a visão do Sínodo como um corpo” nem é um trabalho “acabado”.
"Uma das razões pelas quais houve tanto desconforto entre os padres sinodais é que estamos agora a trabalhar desde uma posição que é virtualmente irremediável: a mensagem saiu, isto [relatório intermédio] é o que o Sínodo está a dizer, isto é que a Igreja está a dizer. E não é isso que o Sínodo tem dito, de todo", declarou.
D. Wilfrid Fox Napier, arcebispo de Durban, espera um discurso que seja “positivo, acima de tudo”, antes de enfrentar os “problemas”, com “uma palavra de esperança”.
O Sínodo, acrescentou, é “sobre a família” e não apenas sobre temas como a contraceção, o divórcio ou a homossexualidade.
Nesse sentido, o cardeal sul-africano admitiu que possa haver expectativas “irrealistas” em relação aos trabalhos da assembleia.
A Secretaria Geral do Sínodo explicou hoje que o relatório intermédio é um "documento de trabalho" que resume as intervenções da primeira semana e que agora é proposto à discussão dos participantes, em grupos linguísticos.
Os trabalhos dos chamados 'círculos menores' vão decorrer até quinta-feira e o resumo das suas propostas serão publicadas nesse mesmo dia.
O cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Santa Sé), disse aos jornalistas que no seu grupo de trabalho houve “surpresa” e “uma certa perplexidade” perante algumas notícias que davam como assumidas “decisões” do Sínodo que ainda estão em debate.
O membro da Cúria Romana recordou que haverá uma assembleia geral ordinária do Sínodo, sobre a família, em 2015, e que a decisão final está nas mãos do Papa.
Nesse sentido, o cardeal italiano pediu que os meios de comunicação social ajudem as pessoas a “perceber melhor esta dinâmica” sinodal e que não apresentem como definitivo o que é ainda “muito provisório”.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC
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