A nova onda da Joven Pan, a 'rádio velha', é desqualificar as ciclovias que vem sendo implantadas em São Paulo.
Por Ricardo Soares*
Estar em um dos milhares de congestionamentos de São Paulo em qualquer hora do dia já é um suplício. Ele poderá ser turbinado se, ao ritmo do “anda-pára” ou do “pára-pára”, você sintonizar seus ouvidos flagelados pelos decibéis da megalópole nas ondas da rádio Jovem Pan AM, apelidada por muitos de seus críticos como rádio “Jovem Pânico”. Aliás, o jovem no nome da rádio é uma ironia do destino, já que não há de existir estética e opiniões mais velhas do que as que nascem nos estúdios deles, na avenida Paulista.
A nova onda da rádio velha é desqualificar as ciclovias e ciclofaixas que vem sendo implantadas pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Incentivam seus ouvintes a enviarem fotos das ciclofaixas vazias para "provarem" que elas não tem a menor serventia. Aliam-se, ou melhor incitam, os burraldos da classe média em geral, que revoltam-se com as medidas ciclísticas do atual prefeito que tira o espaço dos seus bólidos nas ruas já congestionadas. Ou seja, ao invés de fazerem uma campanha de utilidade pública, conclamando a população a deixar o carro em casa, eles esculacham a causa.
Eu não critico a “Jovem Pânico” por ideologia, critico mesmo pela irresponsabilidade, pela omissão. E confesso que, apesar da malta de “idiotas da subjetividade” ( obrigado Nelson Rodrigues!) que opinam todos os dias na “Jovem Pânico”, eu sou ouvinte freqüente da emissora. Explico o paradoxo assim: cresci ouvindo a rádio que meus pais curtiam e ainda acho que a agilidade deles no ar é um ponto forte. Mas suas opiniões e conceitos que difundem o ideário superado de “São Paulo, locomotiva da nação” são retrógrados, superados, ultraconservadores. É uma rádio de gente velha, não cronologicamente, mas velha de idéias. Defendem um admirável mundo velho, repleto de viadutos, automóveis, grau zero de sustentabilidade. Não se ajustam aos novos tempos. Aliás o "plantel" de comentaristas da “Jovem Pânico” ao fim da tarde é de uma ignorância voraz. Qualquer estudante aplicado sabe mais. Mas acho que, por isso mesmo, ela é ainda uma rádio forte. É porta-voz de boa parte da opinião pública paulistana, conservadora e individualista.
Pensar em faixas exclusivas para ônibus e bicicletas é uma iniciativa louvável. É pensar na maioria, pensar em novas opções para o transporte urbano. Encarar o duro e impopular desafio de moldar os cidadãos aos novos tempos. Estabelecer novos hábitos, mostrar que, como está não, dá pra continuar. Isso é louvável, um enfrentamento corajoso que finalmente um prefeito encarou. Se não devia, por questões outras, receber as palmas da mídia conservadora, deveria dela ao menos se esperar que fosse conseqüente e responsável. Ou será que eles curtem justamente os grandes congestionamentos que, sem dúvida, contribuem para a audiência deles.
Estar em um dos milhares de congestionamentos de São Paulo em qualquer hora do dia já é um suplício. Ele poderá ser turbinado se, ao ritmo do “anda-pára” ou do “pára-pára”, você sintonizar seus ouvidos flagelados pelos decibéis da megalópole nas ondas da rádio Jovem Pan AM, apelidada por muitos de seus críticos como rádio “Jovem Pânico”. Aliás, o jovem no nome da rádio é uma ironia do destino, já que não há de existir estética e opiniões mais velhas do que as que nascem nos estúdios deles, na avenida Paulista.
A nova onda da rádio velha é desqualificar as ciclovias e ciclofaixas que vem sendo implantadas pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Incentivam seus ouvintes a enviarem fotos das ciclofaixas vazias para "provarem" que elas não tem a menor serventia. Aliam-se, ou melhor incitam, os burraldos da classe média em geral, que revoltam-se com as medidas ciclísticas do atual prefeito que tira o espaço dos seus bólidos nas ruas já congestionadas. Ou seja, ao invés de fazerem uma campanha de utilidade pública, conclamando a população a deixar o carro em casa, eles esculacham a causa.
Eu não critico a “Jovem Pânico” por ideologia, critico mesmo pela irresponsabilidade, pela omissão. E confesso que, apesar da malta de “idiotas da subjetividade” ( obrigado Nelson Rodrigues!) que opinam todos os dias na “Jovem Pânico”, eu sou ouvinte freqüente da emissora. Explico o paradoxo assim: cresci ouvindo a rádio que meus pais curtiam e ainda acho que a agilidade deles no ar é um ponto forte. Mas suas opiniões e conceitos que difundem o ideário superado de “São Paulo, locomotiva da nação” são retrógrados, superados, ultraconservadores. É uma rádio de gente velha, não cronologicamente, mas velha de idéias. Defendem um admirável mundo velho, repleto de viadutos, automóveis, grau zero de sustentabilidade. Não se ajustam aos novos tempos. Aliás o "plantel" de comentaristas da “Jovem Pânico” ao fim da tarde é de uma ignorância voraz. Qualquer estudante aplicado sabe mais. Mas acho que, por isso mesmo, ela é ainda uma rádio forte. É porta-voz de boa parte da opinião pública paulistana, conservadora e individualista.
Pensar em faixas exclusivas para ônibus e bicicletas é uma iniciativa louvável. É pensar na maioria, pensar em novas opções para o transporte urbano. Encarar o duro e impopular desafio de moldar os cidadãos aos novos tempos. Estabelecer novos hábitos, mostrar que, como está não, dá pra continuar. Isso é louvável, um enfrentamento corajoso que finalmente um prefeito encarou. Se não devia, por questões outras, receber as palmas da mídia conservadora, deveria dela ao menos se esperar que fosse conseqüente e responsável. Ou será que eles curtem justamente os grandes congestionamentos que, sem dúvida, contribuem para a audiência deles.
*Ricardo Soares é diretor de TV, escritor, roteirista e jornalista. Foi cronista dos jornais “ O Estado de S.Paulo”, “Jornal da Tarde” e “Diário do Grande Abc” e trabalhou nos principais veículos de comunicação do país. Inclusive na rádio Jovem Pan em priscas eras.
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