20/11/2014 | domtotal.com
igreja pentecostal Lentz usa referências culturais urbanas para atrair jovens religiosos.
Por Vicente Jiménez
“Seu amor é implacável, seu amor é implacável”, canta a banda de rock à guisa de refrão enquanto Carl Lentz aguarda no centro do palco, de microfone na mão. Com cabelo raspado dos lados, topete discreto, jaqueta de couro justa, camiseta decotada, jeans rasgados nos joelhos, botas vintage com cadarços desamarrados e várias tatuagens, Lentz parece um hipster do Brooklyn. Centenas de jovens, uns 6.000 a cada domingo em várias sessões, abarrotam o salão do Manhattan Center, em Nova York. Nenhum tem mais de 30 anos. São belos animais, cristãos e devotos. Aguardam a palavra de seu pastor. “Bem-vindos. Estou feliz por terem vindo. Amo a minha igreja porque é muito simples. Não queremos mudar ninguém. Só queremos as pessoas”, assim Lentz começa seu sermão sob o olhar de sua mulher e seus três filhos, apoiado pela música, um notebook da Apple, três enormes telas de vídeo e uma cruz iluminada. Quando abre a bíblia, muitos jovens pegam os celulares para acompanhar os salmos pelos aplicativos.
Lentz é um dos carismáticos líderes da Hillsong, uma igreja pentecostal australiana que se lançou à conquista de jovens crentes em todo mundo. Com uma diferença: se as igrejas evangélicas tradicionais procuram adeptos sobretudo em entornos rurais, a Hillsong quer seguidores urbanos. Cada fim de semana, cerca de 100.000 participam de seus cultos em cidades como Nova York, Amsterdam, Barcelona, Cidade do Cabo, Copenhague, Kiev, Londres, Paris, Lyon, Düsseldorf e Estocolmo. A escolha não é aleatória. O objetivo são metrópoles modernas, referências culturais com grande atrativo para os jovens, um terreno propício para a sua liturgia peculiar: uma comunhão com Deus através da música e da pregação, que combina concerto de rock, clube noturno londrino e culto religioso.
A Hillsong foi fundada pelo casal australiano Brian e Bobbie Houston em 1986. É um sincretismo da última geração de igrejas evangélicas com a cultura dos jovens cristãos, nas quais a música sempre teve um papel fundamental. A principal fonte de financiamento é seu selo discográfico, a Hillsong Music Australia, a maior do mundo cristão, que em duas décadas lançou mais de 40 álbuns em vários idiomas e vendeu mais de 16 milhões de discos. Tem 10 milhões de seguidores nas redes sociais e um canal do YouTube com 150.000 assinantes. Na Austrália, possui, além disso, um campus universitário. A Hillsong é um fenômeno global. “Não é preciso crer para estar aqui”, repete em todos seus sermões o pastor Lentz, de 35 anos, ex-jogador de basquete, que costuma ser visto em partidas com os Knicks acompanhado de alguma celebridade, como Justin Bieber.
Os críticos dizem que não se sabe muito bem se a Hillsong é uma igreja que vende discos ou uma gravadora que oferece consolo à sua paróquia. Sua teologia simples, apoiada em um Deus irredutível e em um criacionismo edulcorado; seu cristianismo hipster, no sentido literal do termo (inconformista); seu gosto por se cercar de famosos (afirmam que Bieber já foi batizado) e sua indefinição em questões como o aborto ou a homossexualidade atraíram muitas críticas.
Esta noite, Lentz quer falar de Deus, não de religião. A religião não empolga as pessoas, diz, mas Deus, sim. E muito. “O que Deus dá em forma de amor é cinco vezes mais valioso que qualquer coisa que você possa encontrar. Deus deve ser nossa única preocupação. Se algo for importante para você, será importante para Deus. O novo que está chegando se chama Deus”, proclama o pastor enquanto a banda de rock atrás dele enfatiza suas palavras com a música. Em suas entrevistas, Lentz assegura que a religião morreu, e que em seu lugar está Deus. “Olhe o que ele pode fazer por você, não você por ele”, acrescenta.
A Hillsong atrai, a cada domingo, milhares de jovens cristãos que lotam as cinco sessões de culto oferecidas junto ao Madison Square Garden a partir das 10 da manhã. O último culto acontece à noite em Montclair, Nova Jersey. O restante da semana é dedicado ao conhecimento da Bíblia, batismos e ações solidárias. Nos próximos dias, com a aproximação das primeiras nevascas e do Dia de Ação de Graças, haverá coleta de agasalhos para doar aos mais necessitados e distribuição de comida nos projects, as moradias para a população carente. Tanto à entrada como à saída do espetáculo, moças e rapazes com aparência de modelos saúdam ou se despedem de cada um. “Amamos vocês, só isso”, afirmam.
“Seu amor é implacável, seu amor é implacável”, canta a banda de rock à guisa de refrão enquanto Carl Lentz aguarda no centro do palco, de microfone na mão. Com cabelo raspado dos lados, topete discreto, jaqueta de couro justa, camiseta decotada, jeans rasgados nos joelhos, botas vintage com cadarços desamarrados e várias tatuagens, Lentz parece um hipster do Brooklyn. Centenas de jovens, uns 6.000 a cada domingo em várias sessões, abarrotam o salão do Manhattan Center, em Nova York. Nenhum tem mais de 30 anos. São belos animais, cristãos e devotos. Aguardam a palavra de seu pastor. “Bem-vindos. Estou feliz por terem vindo. Amo a minha igreja porque é muito simples. Não queremos mudar ninguém. Só queremos as pessoas”, assim Lentz começa seu sermão sob o olhar de sua mulher e seus três filhos, apoiado pela música, um notebook da Apple, três enormes telas de vídeo e uma cruz iluminada. Quando abre a bíblia, muitos jovens pegam os celulares para acompanhar os salmos pelos aplicativos.
Lentz é um dos carismáticos líderes da Hillsong, uma igreja pentecostal australiana que se lançou à conquista de jovens crentes em todo mundo. Com uma diferença: se as igrejas evangélicas tradicionais procuram adeptos sobretudo em entornos rurais, a Hillsong quer seguidores urbanos. Cada fim de semana, cerca de 100.000 participam de seus cultos em cidades como Nova York, Amsterdam, Barcelona, Cidade do Cabo, Copenhague, Kiev, Londres, Paris, Lyon, Düsseldorf e Estocolmo. A escolha não é aleatória. O objetivo são metrópoles modernas, referências culturais com grande atrativo para os jovens, um terreno propício para a sua liturgia peculiar: uma comunhão com Deus através da música e da pregação, que combina concerto de rock, clube noturno londrino e culto religioso.
A Hillsong foi fundada pelo casal australiano Brian e Bobbie Houston em 1986. É um sincretismo da última geração de igrejas evangélicas com a cultura dos jovens cristãos, nas quais a música sempre teve um papel fundamental. A principal fonte de financiamento é seu selo discográfico, a Hillsong Music Australia, a maior do mundo cristão, que em duas décadas lançou mais de 40 álbuns em vários idiomas e vendeu mais de 16 milhões de discos. Tem 10 milhões de seguidores nas redes sociais e um canal do YouTube com 150.000 assinantes. Na Austrália, possui, além disso, um campus universitário. A Hillsong é um fenômeno global. “Não é preciso crer para estar aqui”, repete em todos seus sermões o pastor Lentz, de 35 anos, ex-jogador de basquete, que costuma ser visto em partidas com os Knicks acompanhado de alguma celebridade, como Justin Bieber.
Os críticos dizem que não se sabe muito bem se a Hillsong é uma igreja que vende discos ou uma gravadora que oferece consolo à sua paróquia. Sua teologia simples, apoiada em um Deus irredutível e em um criacionismo edulcorado; seu cristianismo hipster, no sentido literal do termo (inconformista); seu gosto por se cercar de famosos (afirmam que Bieber já foi batizado) e sua indefinição em questões como o aborto ou a homossexualidade atraíram muitas críticas.
Esta noite, Lentz quer falar de Deus, não de religião. A religião não empolga as pessoas, diz, mas Deus, sim. E muito. “O que Deus dá em forma de amor é cinco vezes mais valioso que qualquer coisa que você possa encontrar. Deus deve ser nossa única preocupação. Se algo for importante para você, será importante para Deus. O novo que está chegando se chama Deus”, proclama o pastor enquanto a banda de rock atrás dele enfatiza suas palavras com a música. Em suas entrevistas, Lentz assegura que a religião morreu, e que em seu lugar está Deus. “Olhe o que ele pode fazer por você, não você por ele”, acrescenta.
A Hillsong atrai, a cada domingo, milhares de jovens cristãos que lotam as cinco sessões de culto oferecidas junto ao Madison Square Garden a partir das 10 da manhã. O último culto acontece à noite em Montclair, Nova Jersey. O restante da semana é dedicado ao conhecimento da Bíblia, batismos e ações solidárias. Nos próximos dias, com a aproximação das primeiras nevascas e do Dia de Ação de Graças, haverá coleta de agasalhos para doar aos mais necessitados e distribuição de comida nos projects, as moradias para a população carente. Tanto à entrada como à saída do espetáculo, moças e rapazes com aparência de modelos saúdam ou se despedem de cada um. “Amamos vocês, só isso”, afirmam.
El País, 18-11-2014.
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