Três misericórdias vão recuperar os hospitais que forma nacionalizados em 1975
Lisboa, 13 nov 2014 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) explica que ao “longo dos séculos” têm conseguido encontrar resposta aos desafios todos e a “nacionalização dos hospitais”, agora que as Misericórdias vão receber o que era da sua gestão, é um desses fatores.
“Após um processo negocial que durou mais de dois anos, são três as Misericórdias a receber de volta os seus hospitais e ficam também definidas as condições das próximas fases deste processo de transferência de gestão”, escreveu Manuel de Lemos num artigo de opinião publicado na mais recente edição do Semanário digital ECCLESIA.
O responsável revela que a UMP, em representação e defesa das Santas Casas envolvidas, “assumiu” três aspetos como “fundamentais para o desfecho de sucesso”.
“Garantir que não haveria qualquer diminuição de serviços prestados às populações, acautelar o interesse dos colaboradores daquelas unidades e assegurar a sustentabilidade das instituições envolvidas”, desenvolve o presidente da União das Misericórdias Portuguesas.
Segundo Manuel Lemos, reduzir os custos de funcionamento dos hospitais em sede de contas do Estado “não é uma missão fácil” mas constitui um “desafio fantástico” para as Santas Casas da Misericórdia.
Com estas instituições a assumirem a gestão de um património e serviço, que já foi da sua responsabilidade e uma das linhas da sua ação assistencialista, o responsável considera que vão mostrar à sociedade portuguesa que são “capazes, rigorosos” e especialmente trabalham em “prol do bem-estar das comunidades”.
Para Manuel Lemos esta tem sido a ação das Misericórdias Portuguesas, no passado, e das instituições que mantiveram a atividade hospitalar, como Vila Verde; Riba d’Ave; Entroncamento; Mealhada ou Póvoa de Lanhoso.
O presidente da UMP, no artigo “Reencontrar a história”, explica que têm orientado a sua missão através das 14 obras de misericórdia, espirituais e corporais, que têm sido “a bússola de uma atividade voltada para as comunidades”.
Em 1975, quando os hospitais das misericórdias foram nacionalizados a identidade “cuidar dos enfermos” teve de “ser reinventada” quando foram “espoliados da atividade hospitalar”.
Nesta altura, também esteve em causa a possibilidade das Santas Casas “serem extintas” na sequência desta espoliação mas foi criada, por um grupo de provedores ao movimento que hoje é a União das Misericórdias Portuguesas.
Manuel Lemos recorda que a “arquitetura assistencial”, característica reconhecida nas misericórdias, é composta por “aspetos funcionais e simbólicos” da ação que desenvolvem, entre outros, por “igreja, hospital e sala de acolhimento a pobres e peregrinos”.
“Três eixos que orientaram e continuam a orientar o nosso trabalho: o espírito, a saúde e a ação social”, acrescenta.
Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, as instituições devem ajudar mas sem perder de vista que é “imprescindível cuidar do património” deixado pelos antepassados, que a sua missão “destina-se aos mais carenciados” e que têm dependentes “mais de 50 mil postos de trabalho diretos”.
CB
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