terça-feira, 4 de novembro de 2014

Nossa casa comum

04/11/2014  |  domtotal.com

Espaços de convivência devem ser suportes para projetos de vida com liberdade, vislumbrando um futuro melhor.

Por Dom Paulo Mendes Peixoto*

A casa é o ambiente propício para o aconchego familiar. Mas ela pode ter dimensões elásticas, sendo identificada também como espaço comum onde as pessoas constroem suas vidas, criam relacionamentos e convivência. Assim podemos dizer do país, dos Estados, dos Municípios, ou das comunidades. Um templo religioso pode ser também considerado lugar comum para seus adeptos.

Na Liturgia católica, faz-se memória da Basílica de São João do Latrão, como primeiro templo cristão, que precede a todos os outros. Ela está na cidade de Roma, sendo a primeira catedral do mundo católico, onde foram realizados importantes encontros, Concílios Ecumênicos e outros eventos que ajudaram na caminhada de reflexão teológica e pastoral da Igreja no mundo.

Os espaços de convivência devem ser suportes para projetos de vida com liberdade, vislumbrando um futuro cada vez melhor, uma sociedade totalmente nova e saudável para todos. Biblicamente falando, significa apontar para uma "nova Jerusalém", que tinha como referência motivadora, o templo, o local comum, de onde brotavam os objetivos para a história do povo.

O profeta Ezequiel apresenta a imagem de um templo, de onde sai um rio de água, que fecunda a terra, produz peixes, árvores com frutos e folhas que servem de remédio (Ez 47,1-12). É a imagem da casa comum, entendendo como espaço da força de Javé, dando sentido para a caminhada difícil ou não do povo.

É importante ter em conta a fecundidade da água, fonte de vida. Sem ela tudo morre de forma improdutiva. Na travessia do Mar Vermelho, a água representa a libertação do povo que, até então, era escravo no Egito. Hoje esta sena é celebrada como páscoa, passagem de libertação, ligando água e templo como vida do povo.

Mas o templo pode ser também ambiente de exploração, como os vendilhões do templo no tempo de Jesus (Jo 2,13-22). Pior ainda é explorar o povo em nome de Deus, usando um espaço que deveria ser de libertação e dignidade. A religião não pode ser expressão de simples fator econômico e de exploração da ingenuidade das pessoas.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba.

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