domingo, 21 de dezembro de 2014

´A Noite da Virada´ foca Ano-Novo

"A Noite da Virada" é uma comédia de erros de Mendonça que apresenta as loucuras de uma festa de Ano-Novo.

Por Nayara Reynaud, do Cineweb

Dez pessoas e as inusitadas situações em que elas se envolvem em um réveillon conduzem "A Noite da Virada" (2014), uma comédia de erros de Fabio Mendonça que apresenta as loucuras de uma festa de Ano-Novo, mostrando aqueles momentos mais marcantes, que sempre ocorrem nos bastidores. No caso, nos cômodos mais insólitos da casa dos anfitriões, os banheiros.
Cerca de nove anos depois de escrever o seu primeiro roteiro de longa-metragem para "Noel – O Poeta da Vila" (2006) - ele já tinha mergulhado no universo do compositor no curta “Com Que Roupa?” (1996) -, Pedro Vicente tem a sua peça “O Banheiro”, de 1995, adaptada para o cinema.
O texto teatral do também artista plástico traçava um curioso panorama da década de 90 que foi transportado para a tela por Claudia Jouvin e Nina Crintz, quase 15 anos depois. Na história criada por Vicente, que é irmão do ator Fernando Alves Pinto e sobrinho do cartunista Ziraldo, sempre aparece algum tipo comum ou exótico nos banheiros e lavabos em que se passa a trama.
Oito meses atrás começavam as filmagens do longa, que foram rodadas em estúdio, em sua maioria. Neste ponto, se destaca a direção de arte de Cássio Amarante, que recriou, em cenários articulados, o que a produção encontrou nas casas escolhidas para os protagonistas, especialmente os cômodos em que se concentra a maior parte do filme.
Sete personagens principais se envolvem em situações de “vida e morte”, seja no sentido literal ou figurado, na festa de Ano-Novo organizada por Ana (Júlia Rabello) e Duca (Paulo Tiefenthaler), para cerca de 300 convidados em sua residência.
O problema é que o relaxado marido diz, antes da comemoração, que deseja dar um tempo e tirar umas férias da relação e, logo, a esposa percebe a ligação disso com o casal de vizinhos, formado pelo neurótico Mário (Marcos Palmeira) e a bela Rosa (Luana Piovani).
Cruzando entre um banheiro e outro, ainda há Sofia (Martha Nowill), a irmã de Ana desesperada para desencalhar, os amigos e namorados em crise sexual, Alê (Luana Martau) e Rica (João Vicente de Castro), além do traficante Paulão (Taumaturgo Ferreira).
Seis episódios tinha a série “Destino: São Paulo” (2012), da qual Fabio Mendonça é criador e diretor de metade deles --a produção da HBO ganhou uma segunda temporada, intitulada “Destino: Rio de Janeiro” (2013).
Responsável por vários filmes publicitários e pelos curtas “Curupira” (2004), que codirigiu com Guilherme Ramalho, e “Amsterdã” (2007), o jovem cineasta está à frente de seu primeiro longa.
Mesmo sendo um début, Mendonça já imprime certa personalidade, como na preferência que dá, junto com o diretor de fotografia Marcelo Trotta, aos primeiros planos e planos médios.
Cinco banheiros diferentes servem de cenários principais à história, cujo roteiro ainda está muito arraigado à estrutura da peça. Fabio até consegue criar certa dinâmica na trama, mas essa restrição e o ritmo diferenciado das piadas em comparação com as comédias nacionais mais populares atualmente podem intrigar aquele espectador que vai ao cinema esperando rir sem parar.
Entre quatro paredes ocorre a imensa maioria das ações deste longa que não busca o riso em uma sucessão de gags, mas das situações colocadas no script. Três personagens secundários acabam servindo, no entanto, unicamente para fins cômicos e garantem alguns dos melhores momentos do filme.
Se o conteúdo original da peça era bem mais denso que sua adaptação cinematográfica, com linguagem ainda mais explícita e um viés homossexual, por exemplo, o filme vai mais longe. Há uma clara influência das comédias do Judd Apatow e de outras que se seguiram, em busca de um humor mais despudorado.
Reuters

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