Ao JN, presidente da Petrobras disse que Venina nunca falou em corrupção.
No domingo (21), ex-gerente da estatal concedeu entrevista ao Fantástico.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta segunda-feira (22), em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, que recebeu mensagens e conversou pessoalmente com a ex-gerente da estatal Venina Velosa da Fonseca antes de ser deflagrada, em março, a Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na empresa. Graça, no entanto, reafirmou que a ex-gerente não foi clara em relação às denúncias de irregularidades e que em um e-mail longo enviado em outubro de 2011 não mencionou em "nenhum momento" em corrupção, fraude, cartel ou conluio.
Veja a íntegra da entrevista de Graça Foster ao repórter Paulo Renato Soares: "JN entrevista Graça Foster com exclusividade"
"Os e-mails que eu recebi da Venina foram e-mais de feliz aniversário, e-mail relativo quando eu tomei posse na Petrobras. Um primeiro e-mail, que foi o primeiro que ela cita, que fala de abril de 2009, simples compreensão. E este quarto e-mail, de outubro de 2011. Ele é um e-mail longo, bastante emocionado, cheio de preocupações dela e, em quatro linhas, ela faz alguns comentários que me pareceram assim bastante cifrados, quando ela fala em licitações ineficientes. Ontem [domingo], ela explicou o que que é o projeto esquartejados e tal. Em nenhum momento, nenhum momento, ela fala em corrupção, fraude conluio, cartel. São palavras muito simples de serem entendidas", ressaltou Graça Foster.
A dirigente chamou atenção para o fato de a ex-gerente da empresa alegar ter enviado os alertas em e-mails, mas nunca ter se preocupado em confirmar o recebimento das mensagens.
"Eu acho também que quando a gente manda um e-mail para alguém tão importante, telefona, manda uns anexos, chama o chefe de gabinete. Também não houve isso, então, logo depois, em fevereiro, ela pediu para falar comigo e a gente conversou sobre diversos assuntos", destacou Graça.
A presidente da Petrobras disse que recebeu Venina em seu gabinete pouco depois de assumir o comando da estatal, em fevereiro de 2012, e que, no encontro, não ouviu acusações de corrupção. “Nenhuma denúncia. Conversamos sobre custos de projetos, prazos de projetos mais longos que os previstos e atitudes que eu deveria tomar”, relatou.
Além de negar ter sido advertida nos e-mail enviados por Venina sobre desvios na petroleira, a presidente da Petrobras afirmou que a ex-gerente "jamais" tratou do assunto nas reuniões de diretoria de sua gestão e inclusive nas do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.
"Jamais, nas reuniões de diretoria que eu participei, e olha que eu para faltar uma reunião de diretoria é dificil, não houve denúncias em nenhuma das reuniões de diretoria da Petrobras", observou Graça.
A versão de Venina
Depois de ouvir Graça Foster, o Jornal Nacional conversou por telefone com a ex-gerente da Petrobras. Ao JN, Venina disse que nunca usou a palavra "corrupção" nas mensagens enviadas por e-mail à presidente da estatal, porém, reafirmou que fez alertas a Graça Foster sobre a existência de irregularidades na área de comunicação e nos processos de licitação.
Depois de ouvir Graça Foster, o Jornal Nacional conversou por telefone com a ex-gerente da Petrobras. Ao JN, Venina disse que nunca usou a palavra "corrupção" nas mensagens enviadas por e-mail à presidente da estatal, porém, reafirmou que fez alertas a Graça Foster sobre a existência de irregularidades na área de comunicação e nos processos de licitação.
Ainda segundo a ex-gerente, as licitações e os projetos eram feito de forma ineficiente para dificultar o acompanhamento. Venina ressaltou que, "como qualquer gestor", a presidente da Petrobras deveria tê-la chamado para novas conversas diantes desses alertas que ela fez.
A ex-gerente também enfatizou ao JN que nunca pediu para ir para Cingapura. Segundo Venina, ela foi mandada para o país asiático por falta de opção no Brasil.
Fantástico
Neste domingo (21), Venina disse em entrevista ao Fantástico que informou pessoalmente à presidente da Petrobras sobre desvios em contratos de diversos setores da companhia, quando a executiva era diretora de Gás e Energia. A ex-gerente contou que “percebeu que havia irregularidades” em 2008 e que, desde então, reportou problemas aos superiores, entre eles o gerente-executivo, diretores e a atual presidente.
Neste domingo (21), Venina disse em entrevista ao Fantástico que informou pessoalmente à presidente da Petrobras sobre desvios em contratos de diversos setores da companhia, quando a executiva era diretora de Gás e Energia. A ex-gerente contou que “percebeu que havia irregularidades” em 2008 e que, desde então, reportou problemas aos superiores, entre eles o gerente-executivo, diretores e a atual presidente.
Em café da manhã com jornalistas na manhã desta segunda, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa de Graça Foster. A petista disse aos repórteres que confia na executiva e que não vê necessidade de tirá-la do comando da estatal.
“Ela [Graça Foster] disse que, diante de toda essa exposição, se a Petrobras for prejudicada de alguma forma – ou o governo – ela, então, coloca o cargo à disposição sem o menor constrangimento. Eu falei para ela que, do meu ponto de vista, isso não é necessário”, contou Dilma.
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Entenda a Lava Jato
A operação Lava Jato começou investigando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação acabou resultando na descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
A operação Lava Jato começou investigando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação acabou resultando na descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef, apontado como chefe do esquema, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A sétima fase da operação policial, no mês passado, teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras em um valor total de R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos na sétima etapa da operação 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.
Conforme balanço divulgado pela PF, além das 25 prisões, foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis.
Assista a outros vídeos da edição desta segunda, 22, do Jornal Nacional sobre o caso:
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