Desenvolvimento tecnológico possibilita o compartilhamento de arquivos sem imprimir.
Por Vagner Luis*
Em 2006 a Receita Federal iniciou a implantação da Nota Fiscal Eletrônica no Brasil. Entre os objetivos principais estavam a otimização de processo do envio e armazenamento do documento, a necessidade de combater a sonegação e a facilidade de adesão para pequenos empresários. Em paralelo, a iniciativa também ajudou a reduzir o desmatamento de árvores. Isso porque de lá para cá foram emitidas mais de nove bilhões de notas eletrônicas, o que resulta em uma economia de 36 bilhões de folhas de papel (uma nota fiscal tradicional possui quatro vias).
Realizando uma conta simples com a gramatura e metragem do papel, chega-se à conclusão de que 1,6 milhão de árvores foram preservadas nos últimos oito anos. Se esse montante de papel fosse colocado lado a lado, teria 3,6 mil quilômetros e poderia percorrer a distância entre as cidades de São Paulo à Rio Branco, no Acre (cerca de 3,5 mil quilômetros separam os dois municípios).
O exemplo da nota fiscal eletrônica é um caso prático de como a internet pode melhorar a vida no mundo real e incentivar práticas sustentáveis. O desenvolvimento da tecnologia em nuvem, por exemplo, possibilita o compartilhamento de arquivos em diferentes dispositivos, evitando imprimir toneladas de papel. A iniciativa ganha espaço no ambiente corporativo. No Brasil não há ainda um estudo efetivo sobre o consumo nas empresas, mas um levantamento da organização AIM nos EUA mostra que 35% das companhias norte-americanas adotaram medidas efetivas para a redução do papel.
Porém, mais do que economizar celulose, a internet deve ser encarada como um meio facilitador para implantar atitudes sustentáveis, em todos os sentidos. A quantidade de informação existente na web, a evolução tecnológica que garante a participação de mais usuários e a propagação rápida de novos conceitos permitem o abandono de antigos hábitos que agridem o meio ambiente e viabilizam o surgimento de novas ideias.
Por exemplo, ir ao banco e fazer compras são duas atividades rotineiras que podem ser feitas no mundo on-line. Em corporações, a teleconferência substitui a visita e reunião com parceiros, tirando mais carros da rua. Até mesmo o simples fato de ouvir música na nuvem traz benefícios para o meio ambiente: evita gastos com equipamento e elimina o descarte incorreto de CDs, DVDs, capas e encartes.
Por fim, a internet se transformou em uma importante ferramenta de engajamento. As manifestações ocorridas no Brasil nos últimos meses foram organizadas e difundidas em sites, redes sociais e fóruns eletrônicos. No mundo virtual é possível atrair seguidores e divulgar informações sobre sustentabilidade e sua importância para o planeta, o chamado ativismo virtual. A vida online não para de crescer na sociedade. Resta agora fazer com que os benefícios possam chegar ao mundo offline.
Eco Desenvolvimento
*Vagner Luis é Diretor Executivo da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país.
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