domingo, 7 de dezembro de 2014

Nova geopolítica energética mundial

MUNDO
Consumir menos, desenvolver melhor

Texto Carlos Camponez | Foto Lusa | 06/12/2014 | 08:40
A China transformou-se no principal importador de petróleo devido ao seu rápido crescimento
Desde 1949 que os EUA importam petróleo, ao ponto de se transformarem no principal importador mundial

A exploração de combustíveis a partir de rochas betuminosas e o acesso de certas regiões do mundo a mais altos níveis de desenvolvimento estão a alterar a geopolítica energética mundial. O regresso dos Estados Unidos da América (EUA) ao grupo dos maiores produtores de combustíveis, a possibilidade de a Arábia Saudita poder deixar de ser autossuficiente em petróleo e o facto de a China ser já o maior importador, eis apenas alguns dados desta geopolítica.

O relevo que os EUA assumiram entre os principais produtores de carburantes tem a ver com as explorações de rochas betuminosas, através de uma forma de produção mais cara, mas economicamente viável sempre que o preço do petróleo ultrapassa a barreira dos 100 dólares o barril. Este facto fez com que os EUA se posicionassem entre os principais produtores de combustíveis, à frente de países como a Arábia Saudita e a Rússia, estimando-se que possa estar em condições de se tornar um exportador mundial, nos próximos anos, situação que poderá ocorrer, pelos mesmos motivos, com o seu vizinho do norte, o Canadá.

Desde 1949 que os EUA importam petróleo, ao ponto de se transformarem no principal importador mundial, situação frequentemente apontada como a principal razão do seu envolvimento em vários conflitos regionais no mundo. Esse lugar foi agora ocupado pela China, tendo em conta as necessidades resultantes do seu rápido crescimento, e calcula-se que o mesmo venha a acontecer com a Índia e os países do sudoeste asiático, só para citar alguns exemplos.

Mais energia, menos ambiente
Situação idêntica verifica-se com alguns países produtores de petróleo. Um relatório do Banco Americano Citigroup, citado pela edição de agosto da revista francesa La Revue, refere que a Arábia Saudita poderá tornar-se num importador de petróleo em 2022, tendo em conta o rápido crescimento populacional e as suas crescentes necessidades energéticas destinadas a assegurar o funcionamento de ar condicionado e de centrais de dessalinização para obtenção de água potável. Esta situação pode ser tanto mais grave quanto se pensa que as reservas de petróleo da Arábia Saudita podem estar sobreavaliadas face às suas reais capacidades. 

A exploração das rochas betuminosas deu alguma tranquilidade aos mercados energéticos fósseis. Calcula-se, por exemplo, que as reservas existentes no Canadá sejam suficientes para alimentar o país, aos níveis de consumo atuais, durante cerca de dois séculos. Porém, estas novas fontes energéticas não deixam de representar novos problemas: trata-se de recursos que implicam uma exploração cara e que levantam problemas acrescidos no domínio ambiental. Nesse sentido, não são uma alternativa às energias renováveis e, sobretudo, às necessidades de diminuição do consumo energético e à aposta no desenvolvimento sustentável.

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