01/12/2014 | domtotal.com
Quando o amor acaba, as ilusões e os sonhos sempre desmoronam para uma das partes.
Por Marco Lacerda*
O amor é tão curto e tão longo o esquecimento, escreveu uma vez Pablo Neruda. Diante do fim de um relacionamento amoroso são inevitáveis desilusão, sofrimento, impotência. Inevitável olhar-se no espelho e confessar baixinho: 'Nunca ninguém viu ninguém que o amor fizesse tão triste'.
A essa altura, tudo vale a pena. Não se perde a dignidade por chorar e até implorar a reconciliação, como se a vida não fosse apresentar uma segunda chance de encontrar alguém.
Vale a pena, por meio de argumentos racionais, tentar fazer a outra parte ver que se equivocou, que não vai encontrar ninguém igual, que não se joga fora todo o tempo investido, que é possível corrigir o que não deu certo.
Na verdade, é preciso dar tempo para que a vida retome seu curso normal. Recuperar a rotina, o sono, a disposição para o trabalho, a companhia dos amigos, flertar com a esperança de um amanhã luminoso.
Só assim você começará a se sentir livre para viver sem a presença do ser amado, já não pensa tanto nele, as coisas ganharam outra dimensão. O antigo amor foi deslocado para um segundo plano. Isso não quer dizer que se um dia você passar por ele na rua não vá tremer nas bases, sentir um frio no estômago, o coração bater descompassado e que lembranças do passado voltem com nitidez sobrenatural.
Em emergências como essa corra para os braços protetores daqueles que nunca te deixaram entregue à própria sorte, seus bons amigos, aquela família seleta que você formou pela vida afora. Escute-os de coração aberto, pois eles sempre tem uma visão diferente do que aconteceu e vão lhe dizer com sinceridade o que sempre pensaram, opiniões que calaram por muito tempo sobre seu jeito de ser e seu comportamento no amor muitas vezes incompreensível. Baixe a guarda, deixe-se levar como uma criança desprotegida.
Não se permita viver a desilusão como se não houvesse amanhã sem a pessoa amada. A forma de avaliar e interpretar o fim do caso é importante para tocar em frente, assim como a aceitação da perda, sem recriminações, sem procurar culpados. Pare de se sentir infeliz, bola pra frente.
Transformar situação num apocalipse é optar pelo lado escuro da vida. Comece a focar a atenção no que ainda faz você se sentir bem. Saber extrair o que existe de bom nas frustrações é um bom caminho para o crescimento. Durante muito tempo seu coração oscilará entre o luto e o renascimento. Mesmo assim, evite alugar um único ouvido para despejar suas queixas. Divida-as entre os muitos ouvidos da sua família de amigos, sem jamais matá-los de tédio.
Ninguém é obrigado a permanecer numa relação onde não reinem a felicidade, a cumplicidade, o bem-querer. Somos livres para ficar sós ou procurar alguém que nos faça sentir vivos. Raramente o amor acaba com um acordo mútuo, como nos contratos de compra e venda.
Diante de um rompimento amoroso, sentir-se metido numa catástrofe sem remédio é escolher o jeito negativo de encarar a vida. Melhor voltar os olhos e o coração para o que nos faz sentir bem. Nessa beira de precipício em que à vezes nos encontramos, se não nos agarrarmos à vida ninguém o fará por nós.
Lembre-se: você não é o primeiro a viver esse tipo de drama nem seu sofrimento é maior que o de outros que passaram por situação semelhante. Esse talvez seja um bom momento de se envolver em causas e projetos solidários. Nossa dor perde peso e importância quando compartilhamos a dor e o sofrimento de outros.
Se no final das contas restarem arrependimentos, é melhor buscar o perdão em si mesmo do que implorá-lo de quem já não te ama. Inútil tentar mais uma vez mostrar o seu valor, pois ele já não é atraente para quem não te quer. Guarde-o para quem possa apreciá-lo.
Um dia, juntados os cacos do seu coração partido, você se pegará cantando e até remoçando sem mais nem porquê. Então, como nos versos de um outro poeta, voltará para casa, se sentará nos degraus da entrada e perceberá que o sol não brilha apenas para os que são amados. Brilha também para os que não são.
'Trocando em miúdos' – Chico Buarque. Veja o vídeo:
A essa altura, tudo vale a pena. Não se perde a dignidade por chorar e até implorar a reconciliação, como se a vida não fosse apresentar uma segunda chance de encontrar alguém.
Vale a pena, por meio de argumentos racionais, tentar fazer a outra parte ver que se equivocou, que não vai encontrar ninguém igual, que não se joga fora todo o tempo investido, que é possível corrigir o que não deu certo.
Na verdade, é preciso dar tempo para que a vida retome seu curso normal. Recuperar a rotina, o sono, a disposição para o trabalho, a companhia dos amigos, flertar com a esperança de um amanhã luminoso.
Só assim você começará a se sentir livre para viver sem a presença do ser amado, já não pensa tanto nele, as coisas ganharam outra dimensão. O antigo amor foi deslocado para um segundo plano. Isso não quer dizer que se um dia você passar por ele na rua não vá tremer nas bases, sentir um frio no estômago, o coração bater descompassado e que lembranças do passado voltem com nitidez sobrenatural.
Em emergências como essa corra para os braços protetores daqueles que nunca te deixaram entregue à própria sorte, seus bons amigos, aquela família seleta que você formou pela vida afora. Escute-os de coração aberto, pois eles sempre tem uma visão diferente do que aconteceu e vão lhe dizer com sinceridade o que sempre pensaram, opiniões que calaram por muito tempo sobre seu jeito de ser e seu comportamento no amor muitas vezes incompreensível. Baixe a guarda, deixe-se levar como uma criança desprotegida.
Não se permita viver a desilusão como se não houvesse amanhã sem a pessoa amada. A forma de avaliar e interpretar o fim do caso é importante para tocar em frente, assim como a aceitação da perda, sem recriminações, sem procurar culpados. Pare de se sentir infeliz, bola pra frente.
Transformar situação num apocalipse é optar pelo lado escuro da vida. Comece a focar a atenção no que ainda faz você se sentir bem. Saber extrair o que existe de bom nas frustrações é um bom caminho para o crescimento. Durante muito tempo seu coração oscilará entre o luto e o renascimento. Mesmo assim, evite alugar um único ouvido para despejar suas queixas. Divida-as entre os muitos ouvidos da sua família de amigos, sem jamais matá-los de tédio.
Ninguém é obrigado a permanecer numa relação onde não reinem a felicidade, a cumplicidade, o bem-querer. Somos livres para ficar sós ou procurar alguém que nos faça sentir vivos. Raramente o amor acaba com um acordo mútuo, como nos contratos de compra e venda.
Diante de um rompimento amoroso, sentir-se metido numa catástrofe sem remédio é escolher o jeito negativo de encarar a vida. Melhor voltar os olhos e o coração para o que nos faz sentir bem. Nessa beira de precipício em que à vezes nos encontramos, se não nos agarrarmos à vida ninguém o fará por nós.
Lembre-se: você não é o primeiro a viver esse tipo de drama nem seu sofrimento é maior que o de outros que passaram por situação semelhante. Esse talvez seja um bom momento de se envolver em causas e projetos solidários. Nossa dor perde peso e importância quando compartilhamos a dor e o sofrimento de outros.
Se no final das contas restarem arrependimentos, é melhor buscar o perdão em si mesmo do que implorá-lo de quem já não te ama. Inútil tentar mais uma vez mostrar o seu valor, pois ele já não é atraente para quem não te quer. Guarde-o para quem possa apreciá-lo.
Um dia, juntados os cacos do seu coração partido, você se pegará cantando e até remoçando sem mais nem porquê. Então, como nos versos de um outro poeta, voltará para casa, se sentará nos degraus da entrada e perceberá que o sol não brilha apenas para os que são amados. Brilha também para os que não são.
'Trocando em miúdos' – Chico Buarque. Veja o vídeo:
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do Domtotal. Esse texto foi inspirado em ensaio do psicólogo e escritor espanhol Javier Olivares.
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