17/12/2014 | domtotal.com
Há desde uma ópera popular como A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, até o Pingo D’Água, de Taciano Valério.
Nesta quarta-feira à noite saem os prêmios do 9º Festival Aruanda. O que se pode dizer da mostra competitiva é que apresentou uma boa seleção de longas-metragens.
Boa e diversificada. Há desde uma ópera popular como A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, até o hiperexperimental Pingo D’Água, de Taciano Valério. Cássia é um bom documentário feito por Paulo Fontenelle sobre a cantora Cássia Eller e, em Sangue Azul, Lírio Ferreira revive seus momentos melhores de cineasta visualmente inventivo com uma história de amor e atração incestuosa, tendo a paradisíaca ilha de Fernando de Noronha como palco.
O Outro Lado do Paraíso, de André Ristum, adapta o relato memorialístico de Luiz Fernando Emediato, com a saga de um pai que deseja o melhor para a família e busca na conturbada Brasília das vésperas do golpe de 1964 seu ilusório paraíso pessoal. O filme possui qualidades e é todo bem feito, mas ressente-se de vários problemas, como falta de ritmo e insuficiente imersão no pathos político da época.
Já O Fim e os Meios, do experiente Murilo Salles, mergulha na Brasília contemporânea, buscando jogar luz sobre a gênese da corrupção, o assunto único e obsessivo do País. Num filme escuro (do ponto de vista fotográfico) e sombrio (do ponto de vista moral), Murilo procura a complexidade das coisas, em vez de comprazer-se nesse jogo simplista da oposição entre o Bem e o Mal, ora dominante. Se consegue um tratamento estético à altura dessa ambição, é matéria para debate. Nem sempre agradável, o filme nada tem de banal e presta-se a discussões amplas e profundas.
Ausência, de Chico Teixeira, é uma gema preciosa, que aposta no lacunar e na delicadeza ao traçar um panorama de relações humanas na cidade grande. É a história de Serginho (Matheus Fagundes), que mora com a mãe (Gilda Nomacce), abandonada pelo marido e com problemas de alcoolismo. Serginho tem no professor vivido por Irandhir Santos uma espécie de mentor. E, talvez, um modelo sexual. Tudo é diminuto, contido, implícito, o que significa máxima dimensão emocional. Justamente por não procurar impingir sentimentos ao espectador e muito menos chantageá-lo é que consegue conquistá-lo.
Deixo de comentar o documentário Para Sempre Teu, Caio F., de Candé Salles, por não ter ainda sido apresentado até o momento de fechamento desta edição. Sabe-se que é um doc sobre o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, morto de aids prematuramente, aos 48 anos, e que deixou vasta obra e uma legião de leitores. Por muitos anos, Caio foi colunista do Caderno 2.
Boa e diversificada. Há desde uma ópera popular como A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, até o hiperexperimental Pingo D’Água, de Taciano Valério. Cássia é um bom documentário feito por Paulo Fontenelle sobre a cantora Cássia Eller e, em Sangue Azul, Lírio Ferreira revive seus momentos melhores de cineasta visualmente inventivo com uma história de amor e atração incestuosa, tendo a paradisíaca ilha de Fernando de Noronha como palco.
O Outro Lado do Paraíso, de André Ristum, adapta o relato memorialístico de Luiz Fernando Emediato, com a saga de um pai que deseja o melhor para a família e busca na conturbada Brasília das vésperas do golpe de 1964 seu ilusório paraíso pessoal. O filme possui qualidades e é todo bem feito, mas ressente-se de vários problemas, como falta de ritmo e insuficiente imersão no pathos político da época.
Já O Fim e os Meios, do experiente Murilo Salles, mergulha na Brasília contemporânea, buscando jogar luz sobre a gênese da corrupção, o assunto único e obsessivo do País. Num filme escuro (do ponto de vista fotográfico) e sombrio (do ponto de vista moral), Murilo procura a complexidade das coisas, em vez de comprazer-se nesse jogo simplista da oposição entre o Bem e o Mal, ora dominante. Se consegue um tratamento estético à altura dessa ambição, é matéria para debate. Nem sempre agradável, o filme nada tem de banal e presta-se a discussões amplas e profundas.
Ausência, de Chico Teixeira, é uma gema preciosa, que aposta no lacunar e na delicadeza ao traçar um panorama de relações humanas na cidade grande. É a história de Serginho (Matheus Fagundes), que mora com a mãe (Gilda Nomacce), abandonada pelo marido e com problemas de alcoolismo. Serginho tem no professor vivido por Irandhir Santos uma espécie de mentor. E, talvez, um modelo sexual. Tudo é diminuto, contido, implícito, o que significa máxima dimensão emocional. Justamente por não procurar impingir sentimentos ao espectador e muito menos chantageá-lo é que consegue conquistá-lo.
Deixo de comentar o documentário Para Sempre Teu, Caio F., de Candé Salles, por não ter ainda sido apresentado até o momento de fechamento desta edição. Sabe-se que é um doc sobre o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, morto de aids prematuramente, aos 48 anos, e que deixou vasta obra e uma legião de leitores. Por muitos anos, Caio foi colunista do Caderno 2.
Agência Estado
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