sábado, 31 de janeiro de 2015

Musical, “Caminhos da Floresta”

Dirigido por Rob Marshall, o filme levou quase três décadas para sair do palco e ser filmado.

“Caminhos da Floresta” é, mais ou menos, o pesadelo pós-moderno.
Por Alysson Oliveira, do Cineweb

“Caminhos da Floresta” é, mais ou menos, o pesadelo pós-moderno em que alguns contos de fada dos irmãos Grimm foram parar. Baseado no musical de James Lapine e Stephen Sondheim (responsável por musicais como “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” e “Amor Sublime Amor”), o filme coloca Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel e João (aquele do pé-de-feijão) no mesmo bosque. E, claro, eles vão se encontrar e cantar juntos em algum momento.

Dirigido por Rob Marshall (“Nine”, “Chicago”), o filme levou quase três décadas para sair do palco e ser filmado. Nesse meio tempo, foram feitas diversas tentativas frustradas, com elencos que incluíam de Goldie Hawn a Cher. Agora escala-se Meryl Streep, James Corden e Emily Blunt e nos papéis centrais – como a Bruxa, e o Padeiro e sua Mulher.

O casal sonha em ter filhos, mas a Bruxa logo revela que anos atrás jogou uma maldição na família dele. Se querem revertê-la, precisam conseguir alguns itens para ela, entre eles uma capa vermelha e uma vaca branca.

Nos primeiros minutos, os principais personagens cantam os motivos que os levam à floresta. Chapeuzinho (Lilla Crawford, talvez a garota mais estridente da história do cinema) vai levar doces para a vovó; Cinderela (Anna Kendrick) vai visitar o túmulo da mãe e pedir ajuda para ir ao festival no castelo; João (Daniel Huttlestone) vai à cidade vizinha vender a vaca.

O desenrolar de cada história é como se espera, mas não sem antes cada personagem cantar mais um pouco. Johnny Depp, aliás, é o Lobo Mau, que, por sorte (dele e do público) não aparece por mais de dois momentos. Mas questionável mesmo é como o roteiro fará todos esses personagens se cruzarem e também coloca Rapunzel (Mackenzie Mauzy) em cena.

Alguns momentos acabam sendo evidentemente melhores – como quando o Príncipe Encantado da Cinderela (Chris Pine) e o da Rapunzel (Billy Magnussen) cantam uma música chamada “Agony”, na qual descrevem seu sofrimento por amor de suas donzelas. Embora, no fundo, se mostrem mais apaixonados por si mesmos do que por elas.

A virada de “Caminhos da Floresta” vem em seu ato final, quando, depois do “Felizes para sempre”, tudo se torna mais sombrio.

Depois de sua estreia em “Chicago”, Marshall nunca mais acertou. Em “Caminhos da Floresta”, ele está mais Tim Burton do que o próprio Tim Burton – que se mostra bastante sóbrio em seu trabalho mais recente, “Grandes Olhos”.

Meryl Streep ganhou sua 19ª indicação ao Oscar – agora na categoria de coadjuvante – pela sua intepretação da Bruxa. Além disso, o longa também concorre nas categorias figurino e desenho de produção.

A atriz é, realmente, o que há de melhor aqui, capaz de evidenciar a dualidade que existe na essência humana. Sua caracterização tende mais a um bem-vindo humor num filme que tende à mesmice.

Reuters

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