quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

D. Oscar Romero foi «mártir da Igreja do Vaticano II»

Agência Ecclesia
 

(Lusa)
(Lusa)

Promotor da causa de canonização diz que arcebispo salvadorenho agiu em nome do Evangelho, nunca do marxismo

Cidade do Vaticano, 04 fev 2015 (Ecclesia) - O postulador da causa de D. Oscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador morto a tiro em 1980, disse hoje no Vaticano que o prelado foi um “mártir” da Igreja, em nome “dos mais pobres”.
“Romero é verdadeiramente um mártir da Igreja do Vaticano II, uma Igreja que é mãe de todos, particularmente dos mais pobres”, disse D. Vincenzo Paglia, atual presidente do Conselho Pontifício da Família (Santa Sé), em conferência de imprensa.
O Papa Francisco autorizou esta terça-feira a publicação do decreto que reconhece o martírio de D. Oscar Romero, decisão que abre caminho à beatificação do arcebispo, assassinado quando celebrava Missa em São Salvador.
O postulador da causa de canonização revelou aos jornalistas que a decisão sobre o martírio mereceu um juízo “unânime” da comissão teológica e da comissão dos cardeais que analisaram o caso.
D. Vincenzo Paglia recordou que vários padres tinham sido assassinados durante o conflito em El Salvado e que, em relação ao arcebispo, “havia um clima de perseguição contra um pastor que, seguindo a inspiração evangélica, escolheu viver no meio dos pobres para os defender da opressão”.
“Não havia motivos ideológicos”, assinalou, rejeitando que D. Oscar Romero servisse um pensamento “pseudomarxista”.
“Romero foi morto porque escolheu a perspetiva” da Igreja Católica, precisou, “atenta à paz, à justiça e à verdade evangélica”.
Nos três anos em que serviu as comunidades católicas da capital de El Salvador (São Salvador), o arcebispo Romero denunciou a repressão do regime militar e da violência praticada pelos esquadrões da morte.
Para D. Vincenzo Paglia, o futuro beato foi “um pastor que deu a vida pelo seu povo” e o martírio “é dar a vida”.
Em particular, sublinhou as consequências na vida do prelado do assassinato do padre jesuíta Rutilio Grande, seu amigo pessoal, às mãos dos esquadrões da morte, em 1977.
O responsável sustentou que a acusação de comunismo era uma “acusação fácil” que se fazia contra quem estava perto dos pobres e recordou que o prelado salvadorenho foi morto durante a Missa e não em casa ou na rua.
“Queriam matá-lo no altar”, insistiu.
Os responsáveis pelo estudo da vida do arcebispo contestam o “mito histórico” que fez de Romero um “messias teológico-político”.
A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na catedral da capital salvadorenha, iniciou a sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996.
O processo foi então apresentado ao Vaticano, no mesmo ano, e em 1997 foi recebido por Roma o decreto por meio do qual a causa era oficialmente aceite como válida.
D. Vicenzo Paglia revelou que foi Bento XVI, Papa emérito, a desbloquear a causa de canonização, em dezembro de 2012, e recordou que São João Paulo II, em 2000, que quis incluir D. Oscar Romero na celebração do Jubileu dos Mártires.
O postulador sublinhou, por outro lado, que o arcebispo salvadorenho vai ser declarado beato pelo primeiro Papa sul-americano da história, que pede “uma Igreja pobre para os pobres”.
Para este responsável, o processo seguiu todos os requisitos de forma "escrupulosa", "até ao último milímetro".
D. Oscar Romero, acrescentou, foi um bispo "fiel" ao magistério da Igreja e seguiu o ensinamento do Concílio Vaticano II, recusando uma 'Teologia da Libertação' que tivesse em vista apenas "a libertação material".
OC

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