Mensagem do Papa convida a superar sentimento de «impotência» face ao mal
Cidade do Vaticano, 17 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco desafia nesta Quaresma a Igreja e a sociedade a superar o “mar da indiferença” que ignora o sofrimento de milhões de pessoas em todo o mundo.
“Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”, escreve, na sua mensagem para este tempo litúrgico, que se vai iniciar na quarta-feira.
O texto admite que a “tentação da indiferença” se estende a todas as pessoas, perante a dimensão do mal com que se têm de confrontar.
“Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?”, questiona.
Segundo o Papa, está em causa uma “atitude egoísta de indiferença” que atingiu uma dimensão mundial, falando mesmo numa “globalização da indiferença”.
“Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar”, apela.
A mensagem tem como título «Fortalecei os vossos corações», uma expressão retirada da Carta de São Tiago, um dos últimos livros da Bíblia.
Francisco diz que os cristãos têm de estar atentos aos problemas e às injustiças que os outros sofrem, rezando por eles e levando ajuda, “com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo como a quem está longe”.
“A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum”, assinala.
O Papa sustenta que o sofrimento do próximo “constitui um apelo à conversão”, porque lembra a “fragilidade” da vida de cada uma, a sua “dependência de Deus e dos irmãos”.
“Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que tem de reserva o amor de Deus e poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos”, adianta.
O texto cita a encíclica ‘Deus caritas est’, do Papa emérito Bento XVI, para denunciar as “pretensões de omnipotência” do ser humano e convidar à “formação do coração”.
“Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro”, precisa.
A mensagem tem como data a festa litúrgica de São Francisco de Assis (4 de outubro de 2014).
A Quaresma que se inicia com a celebração de Cinzas (18 de fevereiro, em 2015), é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
OC
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