Shanna Peeples foi também enfermeira, cuidadora de cães e até jornalista.
Ela citou um poema do brasileiro Rubem Alves como inspiração.
Uma professora de inglês que trabalha com os alunos em situação de pobreza e traumas relacionados com a imigração foi nomeada nesta segunda-feira (27) a "professora do ano de 2015" nos Estados Unidos. Shanna Peeples, de 50 anos, é professora do ensino médio da Palo Duro High School, no Texas, onde 85% dos alunos estão abaixo da linha de pobreza e muitos são refugiados. Ela será recebida pelo presidente Barack Obama nesta quarta-feira (29).
O anúncio vem no mesmo dia da divulgação de uma pesquisa que indica que apenas 5% dos estudantes do ensino médio tem se interessado em se tornar professor nos Estados Unidos.
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Peeples diz que "fez de tudo" para evitar a carreira de professor. Trabalhou como DJ, foi enfermeira, cuidadora de cães e até repórter de um jornal (cobria a área de educação). "Eu sabia que no fundo eu iria amar a profissão e ela iria me consumir muito", disse Shanna em entrevista à rede CBS. "Ser professor é maravilhoso para quem ama crianças e ama tirar o maior potencial de cada aluno. Foi a profissão que me escolheu."
Em seu discurso como finalista do concurso, Peeples citou um poema do brasileiro Rubem Alves. "Os alunos me deram poesia como uma luz, como a definição da esperança, como nas palavras de Rubem Alves: 'A esperança é a convicção de que a perturbadora brutalidade dos fatos que a oprimem e reprimem não há de ter a última palavra (...) que as fronteiras do possível não ficam determinadas pelos limites do atual'."
A professora trabalha há 12 anos no colégio de Amarillo, e destaca o trabalho com os alunos refugiados de países em guerra. "Meus alunos, sobreviventes de um trauma profundo, moldaram o tipo de professora que eu sou. Eles me ensinaram a nunca fazer uma promessa que não possa ser cumprida, porque muitos já aprenderam a ver o mundo com olhos desconfiados. Para ser a melhor professora para eles, eu tenho que lembrar isso e honrar o passado dessas crianças", afirma.
Peeples disse ainda que ser professora ajudou a superar próprios traumas de sua vida pessoal, como a convivência com o alcoolismo e a violência doméstica em casa. "Então. em certo sentido, eu vendo esperança para meus alunos. Eu quero que eles saibam que a escrita pode ajudá-los a esquecer."
"E eu quero que eles saibam que não estão sozinhos, e que tantos outros têm enfrentado problemas semelhantes. Para mim, a história é sobre como podemos ser nossos próprios heróis. Os livros nos ajudam a fazer as pazes com o nosso passado, enquanto mostrando-nos a promessa de uma multidão de futuros."
O prêmio Professor do Ano reúne professores que se destacaram em várias áreas da educação norte-americana. Quatro deles são indicados para a fase final, quando uma comissão define o vencedor. Além de Peeples, foram para a fase final as professoras Ann Marie Corgill, do Alabama, Catherine Caine, do Havaí, e Kathy Nimmer, de Indiana. Em 2013, o professor brasileiro Alexandre Lopes, que nasceu em Petrópolis (RJ) e emigrou para os Estados Unidos em 1995, foi um dos quatro finalistas.
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