Marcus Eduardo de Oliveira
Tanto a Economia quanto a Teologia “nasceram” para também encontrar alternativas para as desigualdades sociais existentes no mundo, visando, no bojo, promover a libertação do homem de todo e qualquer jugo.
Esse sentimento, em particular, é reforçado por Gustavo Gutierrez – célebre teólogo peruano, autor do clássico “Teologia da Libertação – Perspectivas” quando atesta que “(…) a teologia, enquanto reflexão crítica cumpre uma função libertadora do homem”.
Eis porque é necessário promover, ainda nas palavras de Gutierrez, “(…) a libertação econômica, social e política, e a libertação que leva à criação de um homem novo numa sociedade solidária”.
Tais pressupostos (libertação e criação de um homem novo) embasam, ao menos, dois tipos alternativos e contemporâneos de se fazer e pensar a economia, pelo âmbito social.
Esses dois tipos são a Economia Solidária (ES) e a Economia da Comunhão (EdC), a partir de um de seus elementares pressupostos: a cooperação-partilha.
A partir da constatação desses “tipos de economia”, que envolve a prática da solidariedade, é possível encontrar respostas afirmativas à tentativa de se promover sociedades mais justas e fraternas.
Para isso, é de fundamental importância refletir-se sobre a relação entre a Teologia e a Economia, uma vez que ambas são esboçadas para a promoção da igualdade social e do resgate aos mais necessitados.
A relação entre Teologia e a ação econômica somente se tornará fecunda mediante o entendimento de um importante pressuposto: é preciso ter claro o estabelecimento, em definitivo, da necessidade suprema dos homens se libertarem.
As amarras impostas, tanto do lado teológico, quanto e, principalmente, do lado econômico, impedem, sobremaneira, o homem de prosperar. Essas amarras significam, grosso modo, dependência e submissão.
Ninguém, estando submisso e/ou sendo dependente de algo, ou de alguém ou ainda de um sistema qualquer consegue evoluir, prosperar.
É por isso que a necessidade de libertação está contida, por exemplo, nos pressupostos da Teologia da Libertação, a partir da opção que essa faz preferencialmente em torno de buscar erradicar os males da pobreza.
A necessidade de se buscar a promoção da libertação do homem oprimido também está presente na ação econômica quando, por meio de políticas públicas, busca-se facilitar o caminho ao desenvolvimento; afinal, o desenvolvimento traz embutido consigo a promessa de libertar o homem moderno. Não por acaso, Amartya Sen destaca brilhantemente essa passagem em “Desenvolvimento como Liberdade” (Development as Freedom).
No entanto, para que esse sentimento não alcance malogro, a teoria econômica ainda deverá evoluir o bastante para ensinar os teóricos insensíveis e mecanicistas dessa ciência social a incorporar, como objetivo e fundamento principal da macroeconomia, a promoção da igualdade social.
Outro ponto não menos importante nessa necessária “evolução” da teoria econômica é procurar derrubar paradigmas dominantes que sugerem que crescimento econômico seja entendido como sinônimo de progresso, de desenvolvimento.
Lamentavelmente, ainda não há clareza suficiente para enxergar que crescimento econômico diz respeito apenas à dimensão quantitativa da produção econômica, ao passo que desenvolvimento permeia a ideia central de incorporar ao mercado a massa marginalizada, promovendo com isso a melhoria do padrão de vida.
Dentro da economia brasileira, essa massa de excluídos que mencionamos conta mais de 20 milhões de pessoas buscando igualdade social e melhor participação efetiva nos meandros que orientam a economia -, buscando, igualmente, melhorar a qualidade de vida, por meio de oportunidades sociais.
Decorre daí uma finalidade ímpar da Economia: criar condições favoráveis para o surgimento de um novo futuro para o homem moderno. Disso provém a necessidade de estabelecer um humanismo econômico que promova, essencialmente, a conexão entre a Teologia – que defende a libertação do homem – com um sistema econômico includente, que ponha esse homem livre dentro da atividade produtiva.
O homem, sendo ele o construtor de sua história, deve saber fazer uso das ciências – principalmente as sociais – para facilitar sua ascensão, tanto material (com critérios e parcimônia), mas também espiritual, embasada, de preferência, no nobre sentimento da cooperação.
Disso decorre a necessária simbiose que visa estreitar os laços vindos da Teologia com os da Economia. Para isso, urge construir algo mais: é preciso edificar um sistema econômico qualitativamente diferente do atual. Um sistema econômico que puxe o crescimento da economia e direcione suas benesses para consolidar a busca do que realmente importa: o desenvolvimento econômico. De um desenvolvimento que seja capaz de ser “o novo nome da paz”, parafraseando assim o papa Paulo VI, em sua encíclica Populorum Progressio.
Quanto à Teologia, nessa mesma linha de contextualização, é importante frisar que essa se inscreve com força maior quando afirma, em definitivo, sua luta em defesa das comunidades carentes. Ao fazer isso, a Teologia está praticando um modo de economia social, principalmente quando reitera a necessidade da comunhão e cooperação entre os mais necessitados.
Esse tipo de “economia social” praticado pela teologia humana e caritativa visa, unicamente, levantar do chão o homem ali derrubado pela miséria, sabendo ser esse uma vítima potencial das constantes e crescentes injustiças econômicas.
No que toca aos termos da Economia, é forçoso enaltecer que, uma vez alcançando-se o desenvolvimento, abrem-se, com isso, todas as possibilidades de libertação do homem moderno.
Conquanto, cabe reiterar que essa liberdade aqui defendida como peça-chave da Teologia e da Economia, tende a se firmar ao assumir o compromisso de colocar as pessoas em primeiro lugar, e de fazer com que a economia e a teologia sirvam as pessoas, e não o contrário.
É importante não perder de vista que as aspirações, tanto da economia social quanto do pensamento cristão, são essencialmente para resgatar as pessoas para a vida; para uma vida plena, sem injustiças ou amarguras. Na essência, espera-se que tanto a Economia quanto a Teologia cumpram, de fato e de direito, as palavras de Jesus, proferidas um dia antes de sua crucificação: “Que todos sejam um só”.
Esse sentimento, em particular, é reforçado por Gustavo Gutierrez – célebre teólogo peruano, autor do clássico “Teologia da Libertação – Perspectivas” quando atesta que “(…) a teologia, enquanto reflexão crítica cumpre uma função libertadora do homem”.
Eis porque é necessário promover, ainda nas palavras de Gutierrez, “(…) a libertação econômica, social e política, e a libertação que leva à criação de um homem novo numa sociedade solidária”.
Tais pressupostos (libertação e criação de um homem novo) embasam, ao menos, dois tipos alternativos e contemporâneos de se fazer e pensar a economia, pelo âmbito social.
Esses dois tipos são a Economia Solidária (ES) e a Economia da Comunhão (EdC), a partir de um de seus elementares pressupostos: a cooperação-partilha.
A partir da constatação desses “tipos de economia”, que envolve a prática da solidariedade, é possível encontrar respostas afirmativas à tentativa de se promover sociedades mais justas e fraternas.
Para isso, é de fundamental importância refletir-se sobre a relação entre a Teologia e a Economia, uma vez que ambas são esboçadas para a promoção da igualdade social e do resgate aos mais necessitados.
A relação entre Teologia e a ação econômica somente se tornará fecunda mediante o entendimento de um importante pressuposto: é preciso ter claro o estabelecimento, em definitivo, da necessidade suprema dos homens se libertarem.
As amarras impostas, tanto do lado teológico, quanto e, principalmente, do lado econômico, impedem, sobremaneira, o homem de prosperar. Essas amarras significam, grosso modo, dependência e submissão.
Ninguém, estando submisso e/ou sendo dependente de algo, ou de alguém ou ainda de um sistema qualquer consegue evoluir, prosperar.
É por isso que a necessidade de libertação está contida, por exemplo, nos pressupostos da Teologia da Libertação, a partir da opção que essa faz preferencialmente em torno de buscar erradicar os males da pobreza.
A necessidade de se buscar a promoção da libertação do homem oprimido também está presente na ação econômica quando, por meio de políticas públicas, busca-se facilitar o caminho ao desenvolvimento; afinal, o desenvolvimento traz embutido consigo a promessa de libertar o homem moderno. Não por acaso, Amartya Sen destaca brilhantemente essa passagem em “Desenvolvimento como Liberdade” (Development as Freedom).
No entanto, para que esse sentimento não alcance malogro, a teoria econômica ainda deverá evoluir o bastante para ensinar os teóricos insensíveis e mecanicistas dessa ciência social a incorporar, como objetivo e fundamento principal da macroeconomia, a promoção da igualdade social.
Outro ponto não menos importante nessa necessária “evolução” da teoria econômica é procurar derrubar paradigmas dominantes que sugerem que crescimento econômico seja entendido como sinônimo de progresso, de desenvolvimento.
Lamentavelmente, ainda não há clareza suficiente para enxergar que crescimento econômico diz respeito apenas à dimensão quantitativa da produção econômica, ao passo que desenvolvimento permeia a ideia central de incorporar ao mercado a massa marginalizada, promovendo com isso a melhoria do padrão de vida.
Dentro da economia brasileira, essa massa de excluídos que mencionamos conta mais de 20 milhões de pessoas buscando igualdade social e melhor participação efetiva nos meandros que orientam a economia -, buscando, igualmente, melhorar a qualidade de vida, por meio de oportunidades sociais.
Decorre daí uma finalidade ímpar da Economia: criar condições favoráveis para o surgimento de um novo futuro para o homem moderno. Disso provém a necessidade de estabelecer um humanismo econômico que promova, essencialmente, a conexão entre a Teologia – que defende a libertação do homem – com um sistema econômico includente, que ponha esse homem livre dentro da atividade produtiva.
O homem, sendo ele o construtor de sua história, deve saber fazer uso das ciências – principalmente as sociais – para facilitar sua ascensão, tanto material (com critérios e parcimônia), mas também espiritual, embasada, de preferência, no nobre sentimento da cooperação.
Disso decorre a necessária simbiose que visa estreitar os laços vindos da Teologia com os da Economia. Para isso, urge construir algo mais: é preciso edificar um sistema econômico qualitativamente diferente do atual. Um sistema econômico que puxe o crescimento da economia e direcione suas benesses para consolidar a busca do que realmente importa: o desenvolvimento econômico. De um desenvolvimento que seja capaz de ser “o novo nome da paz”, parafraseando assim o papa Paulo VI, em sua encíclica Populorum Progressio.
Quanto à Teologia, nessa mesma linha de contextualização, é importante frisar que essa se inscreve com força maior quando afirma, em definitivo, sua luta em defesa das comunidades carentes. Ao fazer isso, a Teologia está praticando um modo de economia social, principalmente quando reitera a necessidade da comunhão e cooperação entre os mais necessitados.
Esse tipo de “economia social” praticado pela teologia humana e caritativa visa, unicamente, levantar do chão o homem ali derrubado pela miséria, sabendo ser esse uma vítima potencial das constantes e crescentes injustiças econômicas.
No que toca aos termos da Economia, é forçoso enaltecer que, uma vez alcançando-se o desenvolvimento, abrem-se, com isso, todas as possibilidades de libertação do homem moderno.
Conquanto, cabe reiterar que essa liberdade aqui defendida como peça-chave da Teologia e da Economia, tende a se firmar ao assumir o compromisso de colocar as pessoas em primeiro lugar, e de fazer com que a economia e a teologia sirvam as pessoas, e não o contrário.
É importante não perder de vista que as aspirações, tanto da economia social quanto do pensamento cristão, são essencialmente para resgatar as pessoas para a vida; para uma vida plena, sem injustiças ou amarguras. Na essência, espera-se que tanto a Economia quanto a Teologia cumpram, de fato e de direito, as palavras de Jesus, proferidas um dia antes de sua crucificação: “Que todos sejam um só”.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo | prof.marcuseduardo@bol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário