A imagem da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus, Mãe de Deus aos pés da cruz sempre retorna à nossa memória quando meditamos um pouco sobre as dores de Nossa Senhora. O apóstolo São João no Evangelho relata que: “permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena.” (cf. Jo 19,25). Ela, Maria estava de pé diante da dor, forte, confiante em seu Deus. Que relacionamento então poderíamos dizer que existia entre Maria e seu Filho Jesus? Essa pode ser então muitas vezes nossa maior dificuldade. Descobrir que Jesus mesmo sendo Deus quis uma mãe, Maria sua mãe e os dois se relacionavam como mãe e filho. Nossa dificuldade de amar a Mãe de Deus pode ser uma dificuldade de amar o próprio Deus. Deus é Pai e em sua sabedoria preparou uma mãe para Seu filho unigênito.
Jesus é Deus, é Senhor, mas também é homem e, portanto é filho. Filho de Maria. Se me coloco no discipulado de Jesus, sou chamado a ser discípulo também de Maria, ela é a Mãe do Verbo. Um discipulado não de seguimento, mas um discipulado que é uma escola. Escola onde aprendemos com a Mãe de Deus o silêncio e a fé que não se abalam nem mesmo diante da morte. Somos chamados ao seguimento de Jesus, a sermos nele filhos adotivos de Deus Pai e consequentemente somos filhos de Maria, “Eis ai a tua mãe”. Somos chamados a ser “cópia” de Jesus, outro Cristo no mundo. Como um cristão batizado, sou chamado a ser filho de Nossa Senhora. Cristo não está divido. Ele é Deus e Homem, Senhor e Filho. Filho de Maria.
Como meditar então sobre a dor que Nossa Senhora sentiu diante da cruz. Uma dor, sem dúvida indescritível, mas capaz de se imaginar ao nos depararmos com o sofrimento de qualquer mãe. Sabemos que a vida de Maria não foi nada fácil, uma vida de dor e sofrimentos. Mas sua agonia ao ver Jesus na cruz já começa ainda quando Jesus era menino. Até então o que a Virgem sabia era que seu Filho seria grande, que era Filho de Deus, mas não sabia como se faria tais acontecimentos na história.
No episódio da apresentação de Jesus no templo (Lc 2,33-35) vemos que já é anunciado a Santíssima Virgem todo o itinerário de sua dor. Ali naquele momento, estamos diante de uma espécie de segunda anunciação. Simeão anuncia que “uma espada te traspassará a alma” ai, nesse instante começa a dor de Nossa Senhora que irá se cumprir aos pés da cruz, vendo seu Filho sendo inocentemente condenado e morto. O que dizer então da Virgem Mãe que está diante da morte do seu filho na extrema dor e não pode fazer nada? Devemos apenas silenciar e abandonar-se na vontade de Deus. Não há dúvida de que Jesus sofreu na carne, Maria sofreu em sua alma.
Que lição e que caminho nos deixa a Mãe de Deus aos pés da cruz? Nossa Senhora abaixa-se e se faz serva como disse em seu cântico (Lc 1,48). Serva que silenciou, foi fiel a Deus, o amou. Quem ama confia, quem ama se abandona na vontade de daquele que ama sabendo que apesar de tudo será feliz. Ao ver Nossa Senhora aos pés da Cruz vemos que ela toma para si como toda mãe as dores de seu filho, toma a sua cruz. Por fim, vemos que Jesus não deixa a sua mãe sozinha à confia ao Discípulo Amado São João, mas também a todos nós hoje. Somos seus filhos, devemos guardar e proteger a mãe de Deus em nossa casa, em nosso coração e em nossa vida. Neste “Eis ai a tua Mãe” Vemos que a Virgem Maria é nossa mãe de fato. Peçamos a graça de amarmos mais a Mãe de Deus, cujo segredo é sem dúvida antes amar o próprio Senhor. Que Nossa Senhora interceda por nós. Assim seja.
*Bacharelando em Filosofia na Faculdade Católica de Fortaleza e seminarista da Arquidiocese de Fortaleza.
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