
Chegando ao Ceará encontrou um tempo de seca e logo fez parte da “Comissão Central de Socorros as vítima da seca”, como representante de todas as Dioceses do Ceará. Após a realização de efetivos trabalhos de evangelização e ações sociais, durante dois anos e oito meses, Dom Eliseu foi nomeado terceiro bispo de Mossoró-RN. Sua posse aconteceu no dia 20 de fevereiro de 1954. Permaneceu nesta Diocese, realizando grandes empreendimentos, por um período de seis anos. Neste intervim participou da criação da SUDENE, o qual foi o responsável pela organização da primeira reunião, que teve a presença do Presidente Juscelino Kubitschek, Dom Helder Câmara, Dom Eugênio Sales e o primeiro (idealizador) presisente da entidade, Dr. Celso Furtado.
A 17 de outubro de 1959, Dom Eliseu foi transferido para Campo Mourão como seu 1º Bispo Diocesano, tomando posse a 23 de abril de 1960. Ao chegar à Diocese de Campo Mourão Dom Eliseu iniciou um grande trabalho de organização pastoral. A área de ação correspondia a 25.744 Km2. Na sua posse a Catedral estava apenas começada: fundamentos e pequena parede levantada; a Casa Episcopal era uma pobre casa de madeira.
O novo Bispo, no seu amor à Igreja e no seu entusiasmo de Pastor, não olhou as dificuldades. Propôs-se vencê-las todas e a cumprir a sua missão e o seu lema: “Salus Gregis” – Salvação do Rebanho. Dom Eliseu, como Bispo no Paraná, foi pioneiro na organização de uma Pastoral Renovada no Norte do Paraná após o Concílio Vaticano II. Promoveu a criação da Diocese de Umuarama, criada pelo Papa Paulo VI em 26 de maio de 1973, com terreno integralmente desmembrado da Diocese de Campo Mourão, deixando-a, além de outras obras, com uma bela e confortável Residência Episcopal, o que não encontrou ao chegar à sua Diocese.
Dom Eliseu permaneceu frente à Diocese de Campo Mourão durante 20 anos quando, já sua saúde alquebrada, renuncia ao Governo da Diocese e volta à sua Bahia querida, junto aos seus familiares. Depois de longos sofrimentos entrega a alma a Deus, para receber no Céu a recompensa dos seus abençoados trabalhos pastorais nos diversos campos da Igreja por onde passou. Faleceu a dois de março de 2001, em Feira de Santana-BA. Foi sepultado no Cemitério Piedade e posteriormente, seus restos mortais, transferidos para o Cemitério Jardim Celestial. Obtida a necessária concessão dos familiares, os despojos mortuários do primeiro Bispo de Campo Mourão foram transladados e inumados no interior da Catedral São José, junto a seu sucessor Dom Virgílio de Pauli, na data de 22 de maio de 2014.
Dom Eliseu cumpriu com amor a sua função de pastorear o rebanho que lhe foi confiado. Apesar dos reveses, que não foram poucos, ele não se deixou abater. “O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas”, (Jo 10,11). Quem o acompanhou, de perto, expressa a grandeza do seu pastoreio. Devido a minha pouca idade, não tive uma convivência efetiva com ele. Mas, como muitos, usufrui e continuo usufruindo os frutos produzidos pelo seu cultivo.
De modo particular, externo meu sentimento de alegria e gratidão por ter recebido o Sacramento da Crisma no seu bispado, no ano de 1978; formei-me em Técnico Agrícola pelo Colégio Agrícola de Campo Mourão, que ele implantou; sou Geógrafo e Especialista em Pedagogia Religiosa, formado pela Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão – Unespar/Fecilcam, a qual foi o principal fundador; ocupo a 4ª cadeira da Academia Mourãoense de Letras - AML, que ele é o Patrono. Tive a honra de escrever uma resenha história sobre a vida deste homem ilustre, no ano de 2003. Nesta oportunidade, conversei com o Dr. Celso Frutado a respeito da fundação da SUDENE. Casei-me no dia 18 de maio de 2002, data do seu aniversário. No dia 21 seguinte, tomei posse na Academia Mourãoense de Letras, ocupando a 4ª cadeira que tem como Patrono Dom Eliseu Simões Mendes.
Como é bom olharmos para trás e reconhecermos o esforço das pessoas que nos precederam. “Façamos o elogio dos homens ilustres que são nossos antepassados”, (Eclo 44,1).
*Professor, escritor e ocupante da
4ª Cadeira da AML
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