Uma das mudanças no edital 2015 do Enem vai exigir maior controle emocional dos candidatos. Eles deverão estar na sala da prova às 13h, mas o exame só começará trinta minutos depois, quando os envelopes lacrados forem abertos na frente de todos.
Para o candidato, essa meia hora de espera pode parecer uma eternidade. Por isso, será necessária uma dose extra de paciência para controlar a ansiedade e não permitir que ela atrapalhe o trabalho. Ainda assim, é um esforço que pode valer a pena, numa prova que, desde sua criação em 1998, luta contra fraudes e violações.
Além disso, o estudante que ainda não cursa o 3o ano não poderá mais usar o Enem como vestibular. Isso pode evitar casos questionáveis, como o de alunos admitidos em universidades com 14 anos por passar na prova. Afinal, ainda que o exame meça muitas competências importantes, ele não dá conta de várias disposições intelectuais e comportamentais, essenciais à vida acadêmica, que seriam desenvolvidas a seu tempo no ensino médio.
A mudança mais comentada tem sido o aumento da taxa de inscrição, para diminuir o absenteísmo e evitar as inscrições descompromissadas – reduzindo o desperdício.
Mesmo tendo sofrido aumento de quase 50%, se comparada com as taxas de inscrição de exames similares realizados em outros países, a do Enem, que passou para R$ 63 reais, ainda está bastante em conta. Na Espanha, México ou Equador o candidato paga, respectivamente, 130 euros, 80 dólares e 90 dólares para fazer a prova, e isso com uma logística bem mais simples do que a nossa.
Numa conta feita por alto, se estimarmos apenas os alunos do 3o ano das escolas particulares, o MEC terá em torno de R$ 30 a R$ 60 milhões a mais no orçamento, num exame em que o MEC gasta R$ 453 milhões. Essa verba adicional poderia reverter em algumas melhorias necessárias.
A primeira, uma diagramação mais “arejada” da prova. O estudante passa quatro horas e meia cada um dos dois dias resolvendo 180 questões extensas, impressas em letra pequena, em design monocromático e com pouco espaçamento entre as linhas. Num exame cansativo e exigente, em que se tem apenas três minutos para resolver cada questão, um visual mais confortável poderia resultar em melhor rendimento.
Outra melhoria urgente é a capacitação dos fiscais de provas. Há bastante disparidade na atuação de uns e outros, o que pode beneficiar alguns candidatos e prejudicar outros. Padrões de comportamento unificados entre os fiscais é um requisito fundamental numa prova em que até pequenos detalhes adquirem importância considerável.
(Imagem - Internautas brincam com situações de tensão da prova do Enem - Reprodução / Twitter.)
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