Afonso Resende ficou 56 dias internado e há 2 meses se recupera em casa.
Em entrevista, modelo capixaba fala dos sonhos e de sua fé.
'Me apeguei à religião para que a minha nova história seja tranquila', disse o modelo Afonso Resende, em casa, em Vila Velha, no Espírito Santo, neste sábado (23). O capixaba ainda se recupera de um grave acidente de carro. Ele ficou 56 dias internado em um hospital.
Além de Afonso, outras três pessoas ficaram feridas no acidente. O motorista perdeu o controle do veículo e colidiu com um poste, no trevo de Setiba, em Guarapari, no dia 19 de janeiro. As vítimas foram socorridas pelos bombeiros. O condutor do veículo não teve nenhum ferimento e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Aos policiais ele disse que havia ingerido bebida alcoólica antes de dirigir.
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Recuperação
Um tatame instalado na sala de estar da casa mostra que ali vive um atleta. Alguns pesos vermelhos, bolas e uma faixa com uma frase “Força, Afonso” preenchem cada espaço do local. Sentado num banco de madeira com estofado vermelho, o modelo Afonso Resende observa tudo atentamente.
Um tatame instalado na sala de estar da casa mostra que ali vive um atleta. Alguns pesos vermelhos, bolas e uma faixa com uma frase “Força, Afonso” preenchem cada espaço do local. Sentado num banco de madeira com estofado vermelho, o modelo Afonso Resende observa tudo atentamente.
Na mesa de jantar uma bíblia fica aberta. Preso na parede branca, um quadro com a pintura do rosto de Jesus chama atenção. Afonso é um cara de fé. “Me apeguei à religião para que a minha nova história seja tranquila. E tem sido”, diz modelo, conhecido como Afonsinho entre os amigos.
Aos 38 anos, ele tem repreendido a viver após ficar gravemente ferido no acidente. Afonso ficou 56 dias no hospital, sendo 36 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Não lembro de quase nada do acidente e nem de horas antes. Estava dormindo no carro e, quando acordei, já estava no hospital”, fala com um pouco de dificuldades. A recuperação tem sido surpreendente. Saiu andando do hospital, já corre nas areias das praias de Vila Velha e acompanha a irmã nas idas ao Jockey Clube.
O capixaba é um dos modelos mais importantes do estado. Morou em Portugal, Miami, Grécia e Itália e tem no currículo campanhas para grandes marcas internacionais como Pierre Cardin, Nike e Garnier. Também posou para revistas como Men’s Health e Nova, além de ter fotografado com a atriz Deborah Secco na Patagônia.
Apaixonado pela profissão, diz que quer retomar o quanto antes o trabalho interrompido por causa do acidente. “Quero voltar a trabalhar, tenho recebido propostas, mas ainda não tenho condições de fazer”.
Acompanhado da mãe, Isabel Trindade, e da irmã, Andressa, Afonso falou pela primeira vez após o acidente sobre sua recuperação, fé, trabalho e futuro.
Confira a entrevista:
Como você acordou naquele sábado (18 de janeiro) e como foi o seu dia?
Eu não lembro de muita coisa. Mas sempre acordo animado. Sou esportista e, naquela semana, tinha vindo ao estado para participar de um campeonato de futevôlei. Durante o dia fui à Guarapari na praia e voltei para Vila Velha. À noite fui à festa na Pedreira, também em Guarapari, com amigos. Eu não bebo. Não lembro de nada daquela noite. Muito menos de quando estava voltando para casa, dentro do carro. É uma doideira isso. Já fiz muito esforço para lembrar os momentos antes do acidente, mas não consegui.
Como você acordou naquele sábado (18 de janeiro) e como foi o seu dia?
Eu não lembro de muita coisa. Mas sempre acordo animado. Sou esportista e, naquela semana, tinha vindo ao estado para participar de um campeonato de futevôlei. Durante o dia fui à Guarapari na praia e voltei para Vila Velha. À noite fui à festa na Pedreira, também em Guarapari, com amigos. Eu não bebo. Não lembro de nada daquela noite. Muito menos de quando estava voltando para casa, dentro do carro. É uma doideira isso. Já fiz muito esforço para lembrar os momentos antes do acidente, mas não consegui.
Como foram os primeiros minutos pós-acidente?
Estava dormindo no carro e quando acordei estava no hospital. Só lá fui ter noção, e foi difícil digerir a situação. Perguntei pra minha mãe: “O que aconteceu?”. Ela me disse que eu tinha sofrido um acidente. Só depois que vi as fotos (do carro, que ficou completamente destruído) passei a ter noção do que tinha acontecido. Não lembro de absolutamente nada da hora e nem do pós-acidente. É como se tudo tivesse sido apagado da minha mente pra eu recomeçar minha história de novo. Também é uma forma de me defender, porque os médicos dizem que traumatiza muito lembrar de acidente.
Estava dormindo no carro e quando acordei estava no hospital. Só lá fui ter noção, e foi difícil digerir a situação. Perguntei pra minha mãe: “O que aconteceu?”. Ela me disse que eu tinha sofrido um acidente. Só depois que vi as fotos (do carro, que ficou completamente destruído) passei a ter noção do que tinha acontecido. Não lembro de absolutamente nada da hora e nem do pós-acidente. É como se tudo tivesse sido apagado da minha mente pra eu recomeçar minha história de novo. Também é uma forma de me defender, porque os médicos dizem que traumatiza muito lembrar de acidente.
Você ficou 36 dias na UTI. Foram dias e noites de sofrimento?
Foram 56 dias no hospital. Eu não tenho ideia de como foi todo esse período, mas acho que dei muito trabalho. Estava todo entubado, mas queria tanto sair do hospital que usava da minha força física para tentar tirar as coisas. Quando saí do hospital pensei que tivesse acabado. Mas percebi que era só o começo da recuperação.
Foram 56 dias no hospital. Eu não tenho ideia de como foi todo esse período, mas acho que dei muito trabalho. Estava todo entubado, mas queria tanto sair do hospital que usava da minha força física para tentar tirar as coisas. Quando saí do hospital pensei que tivesse acabado. Mas percebi que era só o começo da recuperação.
Não vejo a hora de surfar no Rio de Janeiro. Mas não pode ser uma onda muito grande, não gosto de correr riscos"
Afonso Resende, modelo
Qual foi o pior momento nesse período que você ficou internado?
O pior dia foi quando a médica perguntou se a gente acreditava que eu sairia dessa. Muitas pessoas também não acreditavam na minha recuperação. Mas estava tão tranquilo e com tanta confiança de que tudo daria certo... sabia que sairia do hospital. Apesar de ter sido um acidente gravíssimo, surpreendi na recuperação, ao sair dos aparelhos. Em nenhum momento deixei de querer respirar. Sempre tive vontade de viver.
O pior dia foi quando a médica perguntou se a gente acreditava que eu sairia dessa. Muitas pessoas também não acreditavam na minha recuperação. Mas estava tão tranquilo e com tanta confiança de que tudo daria certo... sabia que sairia do hospital. Apesar de ter sido um acidente gravíssimo, surpreendi na recuperação, ao sair dos aparelhos. Em nenhum momento deixei de querer respirar. Sempre tive vontade de viver.
De onde vem essa tranquilidade de que tudo vai dar certo?
Da fé em Jesus. É ele que me inspira em ter essa força. Também sempre tive a disposição do que fosse necessário pra sair do hospital. Eu sempre quis sair dessa. Não tenho vício, sempre me alimentei saudavelmente e fui um cara de bem com a vida. Hoje sei o quanto sou querido pelas pessoas.
Da fé em Jesus. É ele que me inspira em ter essa força. Também sempre tive a disposição do que fosse necessário pra sair do hospital. Eu sempre quis sair dessa. Não tenho vício, sempre me alimentei saudavelmente e fui um cara de bem com a vida. Hoje sei o quanto sou querido pelas pessoas.
O que foi mais difícil de enfrentar?
Todos os dias foram difíceis. Todos os dias tive que vencer alguma dificuldade. Nem falar eu conseguia, como poderia ser fácil? Na minha cabeça... Enquanto fiquei internado, o meu pensamento estava sempre em minha família e em minha casa. Queria sair pra voltar a ficar com eles em casa.
Todos os dias foram difíceis. Todos os dias tive que vencer alguma dificuldade. Nem falar eu conseguia, como poderia ser fácil? Na minha cabeça... Enquanto fiquei internado, o meu pensamento estava sempre em minha família e em minha casa. Queria sair pra voltar a ficar com eles em casa.
Como foi chegar em casa?
Fui lembrando de tudo aos poucos: o sofá, a mesa da sala... Não lembrava do meu quarto por exemplo. Algumas coisas foram novidades, outras eu fui me acostumando.
Fui lembrando de tudo aos poucos: o sofá, a mesa da sala... Não lembrava do meu quarto por exemplo. Algumas coisas foram novidades, outras eu fui me acostumando.
Como tem sido o tratamento de recuperação?
Voltei pra casa no dia 14 de março. No hospital já fazia fisioterapia e aqui dou continuidade diariamente. Montamos um tatame na sala, compramos alguns materiais e os amigos deram outros, como bolas e bicicleta. Também faço os exercícios com a fonoaudióloga, corro na praia. Mas ainda não voltei ao futevôlei. Tomo um remédio para estabilizar o cérebro e não dá para jogar. Me deixa cansado e parece que tem mil quilos nas minhas costas. A presença dos meus amigos em casa também foi muito importante pra minha recuperação. Está dando tudo certo e vi que o pior está passando.
Voltei pra casa no dia 14 de março. No hospital já fazia fisioterapia e aqui dou continuidade diariamente. Montamos um tatame na sala, compramos alguns materiais e os amigos deram outros, como bolas e bicicleta. Também faço os exercícios com a fonoaudióloga, corro na praia. Mas ainda não voltei ao futevôlei. Tomo um remédio para estabilizar o cérebro e não dá para jogar. Me deixa cansado e parece que tem mil quilos nas minhas costas. A presença dos meus amigos em casa também foi muito importante pra minha recuperação. Está dando tudo certo e vi que o pior está passando.
Em que momento profissional chegou esse acidente?
O final de 2014 foi bom, estava trabalhando muito no Rio de Janeiro e em São Paulo. A minha carreira estava ‘bombando’, estava recebendo muitos convites. Já quero voltar a trabalhar, tenho recebido propostas, mas ainda não tenho condições de fazer. Sou impaciente. Me surpreendeu não só os convites que recebi depois do acidente, mas as respostas das pessoas em relação a mim.
O final de 2014 foi bom, estava trabalhando muito no Rio de Janeiro e em São Paulo. A minha carreira estava ‘bombando’, estava recebendo muitos convites. Já quero voltar a trabalhar, tenho recebido propostas, mas ainda não tenho condições de fazer. Sou impaciente. Me surpreendeu não só os convites que recebi depois do acidente, mas as respostas das pessoas em relação a mim.
Você teve medo de morrer?
Não tive medo de morrer. Eu não entendia o que estava fazendo ali, com vários cabos na minha boca. Até mesmo aqui em casa, já entendendo o acidente eu sabia que iria sair dessa. Claro que não é fácil, mas vi que tudo daria - e dará – certo. Daqui a pouco estou de volta. A recuperação é muito lenta, mas sinto que vou voltar.
Não tive medo de morrer. Eu não entendia o que estava fazendo ali, com vários cabos na minha boca. Até mesmo aqui em casa, já entendendo o acidente eu sabia que iria sair dessa. Claro que não é fácil, mas vi que tudo daria - e dará – certo. Daqui a pouco estou de volta. A recuperação é muito lenta, mas sinto que vou voltar.
Qual foi o papel da religião em sua cura?
Foi acreditar que no final tudo vai dar certo. Eu creio assim. Mas a minha família sempre me amparou, e eles foram fundamentais nesse percurso. As pessoas falavam que eu estava mal, mas eu acreditava que estava tudo certo. Achei que se me apegasse à religião, a minha nova história seria mais tranquila. E está sendo.
Foi acreditar que no final tudo vai dar certo. Eu creio assim. Mas a minha família sempre me amparou, e eles foram fundamentais nesse percurso. As pessoas falavam que eu estava mal, mas eu acreditava que estava tudo certo. Achei que se me apegasse à religião, a minha nova história seria mais tranquila. E está sendo.
O acidente o transformou?
Com certeza. Fiquei mais amoroso com os meus familiares. Como morava fora, vinha poucas vezes e não tinha muito contato com eles. Passei a conhecê-los melhor e admirá-los. Cada um tem um papel muito importante pra me ajudar a sair dessa. Minha família me protege.
Com certeza. Fiquei mais amoroso com os meus familiares. Como morava fora, vinha poucas vezes e não tinha muito contato com eles. Passei a conhecê-los melhor e admirá-los. Cada um tem um papel muito importante pra me ajudar a sair dessa. Minha família me protege.
Existe um novo Afonso?
Sim, um cara mais apegado a família. Era algo que eu não tinha, por causa da carreira viajava muito. Aprendi que a saúde também é importante e passei a dar muito valor a ela. Sempre fui muito impulsivo, querendo resolver tudo. Mas a palavra, agora, é paciência.
Sim, um cara mais apegado a família. Era algo que eu não tinha, por causa da carreira viajava muito. Aprendi que a saúde também é importante e passei a dar muito valor a ela. Sempre fui muito impulsivo, querendo resolver tudo. Mas a palavra, agora, é paciência.
Como será sua volta à carreira de modelo?
Não faço ideia de como vou voltar. Acredito que vou sair dessa e estou focado nisso. Mas não projetei o que vou fazer. Queria voltar fazendo uma propaganda.
Não faço ideia de como vou voltar. Acredito que vou sair dessa e estou focado nisso. Mas não projetei o que vou fazer. Queria voltar fazendo uma propaganda.
E o que você quer fazer agora?
Não vejo a hora de surfar no Rio de Janeiro. Mas não pode ser uma onda muito grande, não gosto de correr riscos.
Não vejo a hora de surfar no Rio de Janeiro. Mas não pode ser uma onda muito grande, não gosto de correr riscos.
* Com colaboração de Guilherme Silva, do Jornal A Gazeta
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