Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – A atleta gaúcha Luciléia Renner Minuzzo – melhor jogadora de futsal do mundo em 2013 – encontrou o Papa no início deste mês. Minuzzo participou da Audiência que Francisco concedeu à Sociedade Esportiva Lazio, que ela defende desde 2012.
Cinco vezes campeã do mundo com a seleção brasileira, ela é recordista absoluta de gols no campeonato italiano, com 100 gols em uma temporada. Apesar disso, não vai poder defender o Brasil e o esporte nas Olimpíadas do Rio de Janeiro porque o Comitê Olímpico não incluiu o futsal como futura modalidade olímpica.
Em entrevista à RV, a atleta falou das dificuldades que o esporte ainda enfrenta por preconceitos e da sua reação ao encontrar o Papa Francisco.
Luciléia Minuzzo: Foi a maior emoção da minha vida! Quando via o Papa na TV ele já me transmitia algo bom. Conhecê-lo pessoalmente foi magnífico. Fui escolhida para levar um presente ao Papa. Quando eu estava para subir ao palco, as pernas começaram a tremer quando comecei a chegar mais perto dele, a emoção começou a tomar conta. Mas aí, de repente, eu olhei para ele, ele me olhou também, e toda aquela ansiedade passou. Eu acredito que ele é uma pessoa de Deus, que nos dá tanta força, passa essa tranquilidade. Principalmente nos momentos mais difíceis. Queria ter dito tanta coisa, mas na hora, sabe como é. Só falei para ele que era uma grande honra poder estar perto dele. Ele me agradeceu e me pediu para que eu rezasse por ele, pela Igreja. Que é uma coisa que eu vejo ele falar sempre porque às vezes, sempre que eu posso, eu vou aos domingos à Praça São Pedro.
O Papa, grande incentivador dos esportes
RV: Não sejam “fominhas”, disse o Papa em um dos seus primeiros discursos incentivando a prática esportiva como experiência educacional coletiva...
LM: Sem dúvida, o esporte nos ensina muitos valores. Claro que se você não quiser respeitar, você não respeita. Tem regras, tem a questão da lealdade. O Papa passou a mensagem que o esporte pode nos fazer crescer como pessoas porque têm vários valores. No meu caso, o futsal, é um jogo de equipe, por mais forte que você seja individualmente, você sempre vai precisar de seus companheiros. Então, acho que ele reforçou muito bem falando a respeito disso. Vemos muito esse individualismo, às vezes, quando na frente do gol tem um companheiro sozinho e você chuta, só depois percebe que era melhor ter feito o passe.
Trajetória de uma campeã
LM: Quando eu estava com o Papa, passou um filme na minha cabeça. Como eu comecei, muitas dificuldades. O futsal feminino ainda precisa se profissionalizar. Hoje eu vejo que todo o esforço e sacrifício valeram a pena. Comecei na minha cidade, em Santo Ângelo, depois fui para Santa Catarina onde defendi o time de Kindermann, de Caçador. Em 2012, surgiu a oportunidade de vir para a Itália, defender o Sinnai, da Sardenha. Joguei o primeiro ano lá, ganhamos a Copa Itália, ai veio o convite para vir para a Lazio. No primeiro ano ganhamos praticamente todas as competições: Copa Itália, Liga Italiana e a Super Copa.
Futsal coisa de menina
LM: O preconceito ainda existe. Infelizmente, ele ainda existe. Eu acho que, aos poucos, já melhorou muito porque no começo era bem mais complicado. A partir do momento em que você vê uma menina jogando, saber que não é porque que ela é menina que não pode fazer algumas coisas. Acredito que é ainda mais bonito porque nós temos a sensibilidade feminina, toda uma beleza diferente do jogo masculino. É só uma questão de tempo ainda para se liberar deste preconceito todo. (RB)
(from Vatican Radio)
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