Onde existe fé dificilmente vamos encontrar a proliferação de condutas egoístas.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*
O papa Francisco, preocupado com as gritantes maldades do mundo globalizado, está convocando as pessoas para celebrar um tempo intenso de exercício do dom do perdão, chamado de “Jubileu extraordinário da misericórdia”. O início será em dezembro próximo, terminando na Festa de Cristo Rei, em novembro de 2016. Será um tempo de sensibilização dos corações e mentes para construir o bem.
A prática do mal, de forma intencional, endossa as ações de injustiça, que prejudicam muito o bem comum. Significa perder a dimensão sobrenatural da vida humana e uma verdadeira afronta aos princípios da Palavra de Deus. Mas, por pior que a pessoa seja, ou a gravidade do mal que faz, há sempre possibilidade de mudança e de experimentar os benefícios da misericórdia divina.
A misericórdia de Deus não tem limites, mas depende da abertura do coração para esse dom, que não falha, quando a pessoa muda de atitudes. É o perdão de Deus em nós, mas não sem nós. Não podemos nos esquecer de que, não só somos criaturas de Deus, mas, principalmente, “família de Deus”.
Diante do cenário de injustiças no país, deflagrado nos últimos tempos, há necessidade de quase uma intervenção divina, provocando reajustamento da história na vida do povo. O egoísmo impede a dimensão social e comunitária das coisas. A ganância pelo dinheiro e os bens desnecessários acabam matando as pessoas.
Podemos dizer que a prática da justiça de Deus tem uma dimensão pedagógica. Ela faz um caminho de responsabilidade e exige dos administradores dos bens, que devem ter uma dimensão social, a mesma via. Sabemos que a fé faz a pessoa discernir as coisas de forma correta, inclusive revertendo atitudes iníquas.
Onde existe fé verdadeira, dificilmente vamos encontrar a proliferação de condutas egoístas, de escândalos e monstruosa expansão do narcotráfico, ou outros fatos que desvirtuam as raízes da convivência humana. Mesmo com quem age assim, Deus é misericordioso e aceita a todos como filhos. Não importa o grau da maldade praticada, porque Deus é Pai e perdoa quem se arrepende.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba.
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