quinta-feira, 11 de junho de 2015

AILAC, voz latino-americana em negociações

Fontes dizem que o nascimento de nova convenção ainda é difícil.

Para AILAC, a mitigação da mudança climática é importante.
Ao contrário da União Europeia (UE) e da África, que apresentam frentes unidas nas negociações sobre as alterações climáticas em Bonn, o único grupo latino-americano, a AILAC, reúne apenas sete países até o momento.
O Paraguai acaba de se unir a Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Panamá e Peru durante estas negociações realizadas na cidade alemã.
A AILAC surgiu em 2012 e tem a intenção de apresentar uma posição na elaboração do novo acordo para combater a mudança climática, que deve ser assinado por todos os 196 membros em uma conferência ministerial (COP 21) que será realizada em Paris no final deste ano.
O nascimento desta nova convenção ainda é difícil, e a AILAC lentamente vai adicionando vontades a seu projeto. Segundo fontes diplomáticas presentes em Bonn, Uruguai e República Dominicana seriam os próximos a integrar o grupo.
"Temos de ir passo a passo. Nós temos ideias próximas, mas precisamos trabalhar muito", disse à AFP o vice-ministro do Meio Ambiente do Peru, Gabriel Quijandría.
As diferenças políticas na região também impactam as negociações das Nações Unidas. E as ambições estratégicas.
O México, por exemplo, é um dos poucos países, juntamente a UE, Suíça, Rússia e Estados Unidos, que já apresentou seus compromissos para reduzir gases de efeito estufa.
"O México tem claramente um nível diferente de desenvolvimento, foi presidente do COP, não é do G77 (grupo de países em desenvolvimento). Ele está estabelecendo o padrão que o restante vai adotar", afirmou à AFP, em Bonn, o negociador-chefe chileno, Andres Pirazzoli.
Brasil e Argentina são parte do próprio G77, e claramente operam lá dentro.
O México tem o objetivo de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 25% até 2030, prorrogável até 40% caso haja um acordo global sobre questões como um preço internacional da tonelada de CO2, ou transferência de tecnologia.
O Chile acaba de completar uma consulta pública sobre seu compromisso de reduzir os gases. "É um marco inédito no Chile, submeter ao escrutínio público uma posição nacional", explicou Pirazzoli.
A falta de apresentá-la aos outros negociadores da COP, a posição do Chile se situaria entre 25% e 45% das reduções de gases, embora sob uma metodologia diferente da mexicana.
Algo comum nas negociações sobre as alterações climáticas, submetidas às diferenças específicas entre cientistas e ativistas sobre quais são as melhores ferramentas para lutar contra o aquecimento global.
O Peru também se dispõe a apresentar seus próprios objetivos. "Temos uma proposta com quatro cenários, um cenário preferível de redução de 31% nas emissões" em 2030, contou o vice-ministro do Meio Ambiente do Peru, Gabriel Quijandría.
Depois, há o grupo ALBA, liderado por Venezuela e as ilhas do Caribe como República Dominicana, Haiti e Cuba, que participam da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS, por sua sigla em inglês).
A AOSIS é uma coalizão de quarenta membros ativos para combater o perigo de um aumento do nível do mar devido às alterações climáticas.
Esgotando o limite
Com exceção do México, os países latino-americanos não são diferentes do restante em termos de estratégia para esgotar o limite máximo, em 30 de junho, antes de submeter seus compromissos de redução de gás.
"Estamos falando de decisões que afetarão o futuro desenvolvimento do país, decisões que terão impacto sobre o tipo de investimentos que nós seremos capazes de atrair, que tipo de setores seremos capazes de promover", argumentou o vice-ministro peruano.
"É importante que sejamos pacientes, os países querem tomar decisões informadas" antes de se comprometerem com o restante do planeta, explicou o negociador chileno.
Para a AILAC, assim como para todos os países em desenvolvimento, a mitigação da mudança climática é tão importante quanto a adaptação, "como faremos para fazer frente aos impactos que ocorrerão, façamos o que façamos, diminuamos as emissões que conseguirmos", nas palavras do peruano.
E, finalmente, a transferência de tecnologias, de ferramentas, dos países desenvolvidos.
O G7 prometeu na última segunda-feira um apoio ao projeto dos países desenvolvidos de aportar 100 bilhões de dólares anualmente ao Fundo Verde a partir de 2020.
O Peru co-preside o Fundo Verde, e espera apresentar os primeiros projetos ao público em outubro.
AFP

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