segunda-feira, 22 de junho de 2015

CORRUPÇÃO

Grecianny Carvalho Cordeiro*
Há algum tempo, o então presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará noticiou a existência de um esquema de venda de liminares para a soltura de presos de alta periculosidade, muitos dos quais traficantes de drogas.

Tal esquema ocorria nos plantões judiciários e contaria com o envolvimento de desembargadores, serventuários da justiça e advogados. O CNJ fora acionado para adotar as providências pertinentes e procedimentos administrativos foram instaurados para apurar os fatos.

Recentemente, a Polícia Federal deu cumprimento a mandados de prisão, de busca e apreensão e de condução coercitiva para os suspeitos de envolvimento no esquema de compra e venda de liminares.

Apesar da gravidade do assunto, a imprensa pouco noticiou o ocorrido, com exceção de umas poucas manchetes nos jornais escritos de circulação. Rádios ainda falaram sobre o assunto, em alguns programas de grande audiência. A imprensa televisiva cearense quase nada noticiou, e como as notícias que chegam às redes nacionais são levadas pelos editoriais locais, nada se chegou à imprensa nacional.

Os nomes dos desembargadores supostamente envolvidos foram mencionados, mas não os nomes dos supostos corruptores. Quase um segredo de Estado. Um silêncio sepulcral. E por que? Por que tanto mistério? Por que esse mesmo mistério não é observado em relação às notícias de criminosos de poucos recursos financeiros, os quais são responsáveis pelo sustento dos inúmeros programas policiais de enorme audiência? Faltou coragem? Preponderou o medo de um eventual processo de indenização por danos morais? Houve uma contraordem por parte dos editores jornalísticos? Por que a verdade que a imprensa sempre se preocupa em mostrar não se fez presente nesse caso? Por que a verdade se tornou tão seletiva?

A resposta nós sabemos, embora muitos não percebam tais dribles à verdade e ao esclarecimento dos fatos. Lamentável perceber que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa não se fizeram presentes no caso em comento.

Mesmo assim, o pouco que se soube acerca do esquema de compra e venda de liminares para soltar criminosos, postos em liberdade de forma indevida e fora dos parâmetros legais, nos serviu de lição para mostrar que ninguém é intocável, que ninguém está acima da lei.

Os tempos mudaram. E mudarão ainda mais. Devemos ficar atentos e cobrar dos agentes públicos uma postura correta e proba no exercício de suas funções. É a vez da honestidade.
*Integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, escritora e promotora de justiça

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