quarta-feira, 3 de junho de 2015

O Evangelho atrás das grades

Evangélicos são o grupo mais numeroso e disseminado nos presídios brasileiros.

A pesquisa “Assistência religiosa em prisões do Rio de Janeiro: um estudo a partir da perspectiva de servidores públicos, presos e agentes”, do Instituto de Estudos da Religião, será publicada nas próximas semanas. “Esta predominância acompanha uma tendência de crescimento dos evangélicos na sociedade apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, disse Fernandes. Ele destacou que, comparando o Censo de 2000 com o de 2010, houve o crescimento de 61% de evangélicos.
A pesquisa de Fernandes mostra que a mudança do perfil dos presidiários, com o aumento significativo de evangélicos, tem apaziguado as detenções, tornando o ambiente menos tenso tanto para os presos como para os funcionários. O aspecto negativo é que, como “donos” dos presídios, os evangélicos acabam obtendo privilégios, como celas especiais, o que, no caso do Rio, não é permitido, mas é habitual.
De acordo com as orientações da Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária), os presidiários têm de ser distribuídos nas celas de acordo com o tipo de seu crime, não tendo como referência a religião de cada um deles.
O Seap aprovou 100 instituições religiosas para dar assistência espiritual nos presídios fluminenses. Do total, 81 são igrejas evangélicas (47 pentecostais, 20 de missão e 14 de outras origens). Os católicos habilitaram oito instituições; espíritas, seis; Testemunhas de Jeová, três; umbandistas, uma, e judeus também uma.
A pregação dessas entidades dentro dos presídios é feita por 1.194 voluntários. Alguns poucos presídios têm pastor em tempo integral. Trata-se de pessoa que, antes de ser preso, já era pastor e que acabou cometendo algum delito grave.
Esse é o caso de Ronaldo da Cruz Magalhães, 49, que é “pastor interno” de um presídio do Rio de Janeiro. Na prisão, ele celebra cultos e batismo e é o responsável por um coral de evangélicos. Magalhães foi preso por se envolver em tráfico de drogas.
Em 2011, o CNPCP (Conselho Nacional de Polícia Criminas e Penitenciária), órgão do Ministério da Justiça, divulgou uma resolução proibindo que pastores e seus prepostos cobrassem dízimo dentro dos presídios, ficando também impedidos de vender material religioso. Até agora, ao que parece, essa resolução não “pegou”.
*Esta reportagem foi publicada pelo sítio Paulopes.

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