Padre Geovane
Saraiva*
Este cálice foi presente de Dom Eliseu S. Mendes Missa domingo do Páscoa 20/04/2014 |
“Quando as
palavras somem, quando os cuidados adormecem, quando nos entregamos, de
verdade, nas mãos do Senhor, o grande silêncio nos mergulha na paz, na
confiança, na alegria... E a voz de Deus se faz ouvir” (Helder Câmara). A
intimidade do místico Dom Helder Câmara com Deus nos revela um caráter
missionário da Igreja Católica, como o papa Francisco tão bem recordou (em 17
de setembro de 2014), nestes termos: “Somos mandados a anunciar Cristo e seu
amor a toda a humanidade”, disse, recordando a vida heroica de tantos
missionários e missionárias que deixaram seu país para ir anunciar o Evangelho
em outros países e continentes. Deus que fez tudo por amor e também cuida da
sua obra, é Ele quem envia os missionários como seus colaboradores, no
imperativo “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (cf.
Mc 16,15).
O clamor
missionário da Igreja penetrou no coração do mundo no decorrer dos séculos em
toda sua plenitude, em especial, na figura exemplar do apóstolo Paulo, com todo
seu ardor e compromisso, através do anúncio do Evangelho, muito claro na
seguinte afirmação: “Ai de mim, se eu não evangelizar!” (cf. Cor 9, 16).
Chamado e convocado pelo Senhor ressuscitado, a caminho de Damasco, para a
missão de ser mestre dos gentios ou doutor dos pagãos, Paulo, uma vez
recuperado, compreendeu o preço de ser seduzido por Nosso Senhor Jesus Cristo,
como tão bem diz São Pedro: “Foste resgatado não das coisas corruptíveis, ouro
ou prata, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
sem defeito algum” (cf. 1Pe 1, 18).
Tendo Paulo como
exemplo e referência de vida, somos convidados pelo mesmo Deus que entrou em
cheio na vida do mestre das nações a construir e edificar o reino, mesmo com os
nossos pecados. As fontes nas quais
devemos buscar forças para fecundar nossa vida são a Palavra de Deus e a
Eucaristia. E por falar em Eucaristia, é nosso dever saber sempre mais, que a
mesma está em união, em um mistério indizível, com Cristo Deus e Homem e quão
enorme deve ser nosso amor, respeito e devoção com Esse sacramento; sem
esquecer jamais que “quem comer deste pão viverá eternamente e ressuscitará
gloriosamente no último dia” (cf. Jo 6, 54).
O papa
Francisco, nas suas celebrações eucarísticas matinais, como ajuda a humanidade
a entrar em um clima de fé e esperança sempre maior, só para ser mais concreto,
em 06 de agosto de 2014, expressou-se assim: “Na Eucaristia, comunica-se o amor
do Senhor por nós: um amor tão grandioso que nos nutre com Ele mesmo; um Amor
gratuito, sempre à disposição de cada pessoa faminta e necessitada de regenerar
as próprias forças. Viver a experiência da fé significa deixar-se alimentar
pelo Senhor e construir a própria existência não sobre os bens materiais, mas
sobre a realidade que não perece; os dons de Deus, a sua Palavra e o seu
Corpo”.
Como aprender da
Eucaristia, sacramento divino? Temos o dogma da transubstanciação, no qual se
fundamenta todo o edifício eucarístico, como sacrifício do Cordeiro de Deus,
também como sacramento. É importante que fique sempre claro que a substância do
pão no corpo de Jesus e do vinho no mesmo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo
permanecem inalteradas nas espécies do pão e do vinho. Ora, devemos de modo
sobrenatural, transformar-nos em Cristo como o pão se transforma no corpo de
Cristo e o vinho no Seu sangue.
É com enorme
sabedoria que o Cardeal Aloísio Lorscheider explica o mistério da
transubstanciação: “Essa transformação deve, sobretudo, ser interna, uma vez
que as espécies se conservam inalteradas. É o íntimo que deve tornar-se outro”.
O Deus que nos ama de modo incondicional, e que demonstrou esse imenso amor
para conosco, ao enviar o seu Filho Unigênito, encarnado no seio da boa mãe
Maria, quer nosso reconhecimento alegre e agradecido, pelo dom da palavra de
Deus e da Eucaristia, que sejam
traduzidos em gestos concretos de fraternidade e solidariedade.
Somos chamados a
dar graças ao Deus altíssimo, terníssimo e boníssimo, ao favorecer-nos na
maravilhosa obra da criação e mais ainda na redenção. Que nossa fervorosa
oração de súplica e louvor, na excelsa e divina festa da Eucaristia - Corpus
Christi, suba ao céu na intenção do 'Servo de Deus, Dom Helder Câmara', no seu
acendrado amor à Eucaristia, desejosos de vê-lo beatificado e canonizado, o
qual iniciou sua vida de padre em estreita comunhão com Jesus eucarístico, no
exemplo do seu santinho da ordenação sacerdotal (15/08/1931) através do qual
assim se manifestou: “Angelorum esca nutrivisti populum tuum” – teu povo se
alimenta do pão do céu.
Escritor, blogueiro, colunista,
vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso,
Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com
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