domingo, 7 de junho de 2015

Recifes de pneus: experiência decepcionante

Peças de borracha se espalharam, deteriorando a paisagem subaquática e ecossistemas.

Meio século após milhões de pneus terem sido colocados em mares e oceanos para criar recifes artificiais, o resultado é decepcionante, e países como a França começaram a retirá-los, para conter a deterioração do ambiente marinho.
Publicações científicas estimam que existem cerca de 200 locais no mundo onde o experimento foi realizado, especialmente Estados Unidos, Malásia, Israel e França.
A Agência Francesa de Áreas Marinhas Protegidas começou a remover uma parte dos 25 mil pneus submersos na década de 1980 no Mediterrâneo.
O recife, como outros no mundo feitos de pneus colados um ao outro, não resistiu à força das ondas e às correntes marítimas. As peças de borracha se espalharam, deteriorando a paisagem subaquática e os ecossistemas circundantes.
"A colonização (de espécies) nunca aconteceu porque os pneus usados estavam cobertos de óleo e porque sua decomposição progressiva libera metais pesados tóxicos para os organismos marinhos", explicou à AFP Jacky Bonnemains, porta-voz da associação ambiental Robin des Bois.
"Os pneus não são parte do mar!", lança, como evidência, Gerard Veron, do laboratório de materiais pesqueiros do Instituto Francês de Investigação para a Exploração do Mar (Ifremer).
A França vai primeiramente retirar 2.500 peças e, após avaliação, deve remover o restante em 2016.
Estes pneus foram submersos a fim de desenvolver a reprodução de peixes e aprimorar a pesca, recriando um hábitat artificial em uma zona desprovida de recifes. Trinta anos atrás, os pneus eram considerados "limpos", de acordo com a agência.
Postes e escadas debaixo d'água
A Organização Marítima Internacional (OMI) recordou que desde sempre foram criados recifes artificiais ao redor do mundo. Por exemplo: há três mil anos, as pedras que foram usadas para pesar as armadilhas para captura de atum foram abandonadas no Mediterrâneo, tornando-se ao longo do tempo hábitat para a vida selvagem.
A fim de aumentar os recursos pesqueiros, especialmente no Mediterrâneo, a França utiliza desde 1968 materiais usados como postes elétricos, escadas de concreto e, finalmente, pneus.
A França tem 90 mil m3 de recifes artificiais, bastante atrás do Japão, em primeiro lugar no mundo com 20 milhões de m3.
Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar com mais de 1.000 recifes artificiais. Na Flórida, cerca de dois milhões de pneus foram colocados em 1972 contra a cidade de Fort Lauderdale, proposto pelo gigante americano Goodyear.
A fabricante de pneus "disse que seria útil para os pescadores e para o mar", lembra Jacky Bonnemains. "Ele fez isso para dar a uma ação voluntária de abandono de resíduos no ambiente uma falsa impressão de utilidade", denunciou o ambientalista.
Na Flórida, como em outros lugares, depois de numerosas tempestades e furacões, os pneus terminaram se descolando e apareceram nas praias, danificando os recifes de coral ao redor.
O departamento de proteção ambiental do estado da Flórida, que fez uma retirada parcial dos pneus entre 2007 e 2010, estima em sua página na internet que a ameaça representada por estes recifes artificiais é "grave".
AFP

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