sexta-feira, 17 de julho de 2015

Papa: pastores devem levantar os pobres da imundície

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"Levantar as pessoas do lixo cabe a nós, padres e pastores", afirmou Francisco dirigindo-se aos consagradas doParaguai. E aos jovens, pediu: "Façam bagunça e organizem-na bem".  Foram expressões muito fortes pronunciadas pelo Papa Francisco nos últimos encontros em Assunção, etapa conclusiva da sua viagem à América Latina, na qual também visitou o Equador, onde encorajou o diálogo entre o governo Correa e a oposição, mas também deu apoio explícito às urgentes reformas sociais e exortou a Igreja a apoiá-las. E, na Bolívia de Evo Morales, presidente irreprimível, que provocou alguns embaraços para a diplomacia vaticana com o presente das folhas de coca e um crucifixo pregado em uma foice e um martelo, reprodução de um desenho do jesuíta mártir Luis Espinal, vítima em 1980 da famigerada Operação Condor – que os militares planejaram por indicação da CIA, como já tinha acontecido com o homicídio de Che Guevara em 1967 – na periferia de La Paz.
A reportagem é de Salvatore Izzo, publicada no sítio Il Sismografo, 13-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No ponto onde o seu coirmão espanhol foi morto com um tiro na cabeça, depois de ter sido torturado durante um dia inteiro, Bergoglio lhe prestou homenagem dizendo: "Ele defendia os direitos em nome do Evangelho, por isso o mataram".
"Nós somos as mãos de Deus, que do lixo levanta o pobre", disse Francisco aos sacerdotes e religiosos do Paraguai reunidos na Catedral de Assunção. "Todos temos limites, e ninguém pode reproduzir Jesus Cristo em sua totalidade", lembrou-lhes, ressaltando que "aqueles que são chamados por Deus não se pavoneiam, não vão atrás de reconhecimentos nem de  aplausos que passam, não sente que subiu de categoria, nem trata os outros como se estivesse em um pedestal mais alto".
No mesmo dia, o Papa Francisco também se lançou contra as polarizações ideológicas,  durante as respostas às perguntas dos representantes da sociedade civil, na noite de sábado, no palácio dos esportes Leon Condou. "As ideologias sempre terminam em ditaduras",  alertou. "As ideologias terminam mal, não servem", explicou.
E nesse domingo, na homilia da grande missa celebrada em grande Ñu Guazú, em uma base militar para a ocasião aberta a todos os cidadãos, Francisco falou da confiança em Deus, mas também nos outros, que deve caracterizar os cristãos, em vez das ideologias divisivas:
"Confiança – disse – que vai sendo gestada no seio de uma comunidade, na vida de uma família. Uma confiança que se torna testemunho nos rostos de tantos que nos estimulam a seguir Jesus, a ser discípulos d'Aquele que não decepciona jamais. O discípulo se sente convidado a confiar, se sente convidado por Jesus a ser amigo, a compartilhar o seu destino, a compartilhar a sua vida". "Os discípulos – reiterou – são aqueles que aprendem a viver na confiança da amizade."
Francisco também questionou como pode alguém dizer "eu sou católico, vou à missa todos os domingos" e, depois, quando perguntado sobre o que acontece no bairro Bañado Norte, responde: "Eu não sei, sei que tem pessoas ali, mas não sei". Ele fez essa provocação em voz alta na favela visitada na manhã desse domingo, nos arredores deAssunção. "Um Deus sem povo, um povo sem irmãos, um povo sem Jesus: essa é a fé sem solidariedade", disse, recordando que "Deus se fez solidário com o seu povo, e Jesus não teve nenhum de se  abaixar, de se humilhar."
"A fé sem solidariedade é morta", acrescentou, recordando que "a mensagem mais forte é  essa fé solidária". "O diabo quer que vocês briguem entre vocês, porque assim os divide e os derrota. Não deixem que o diabo os divida!", disseFrancisco aos pobres do Bañado Norte, reconhecendo que "a solidariedade é uma virtude que vocês têm". Duas famílias pobres o acolheram nas suas casas muito modestas e serviram ao papa peregrino a sopa paraguaia, o cocito e o mate.
Dizendo várias vezes que "o amor é mais concreto, e as palavras não  bastam", Francisco fez gestos surpreendentes, como o beijo que deu nas chagas de um  doente terminal na visita à paróquia de San Rafael, dirigida pelo padre Aldo Trento, do  Comunhão e Libertação, também ele gravemente doente, mas que se gasta pelos últimos com iniciativas como uma casa para os doentes com Aids, uma comunidade para idosos não autossuficientes e um orfanato.
Foi muito comovente também o momento da oração a Maria, na conclusão da missa celebrada para mais de um milhão de pessoas em meio à lama da base militar Ñu Guazú, na periferia de Assunção. Não se pode separar a América Latina da sua protetora, a Virgem Maria, explicou ele antes de partir de volta para Roma.
"Mãe de Deus e Mãe nossa: ela é o presente de Jesus ao seu povo. Ele no-la deu como mãe  na hora da cruz e do sofrimento. É fruto da entrega de Cristo por nós. E, desde então, ela sempre esteve e sempre estará com seus filhos, especialmente os menores e mais necessitados." Assim, disse, "ela entrou no tecido da história dos nossos povos e das suas gentes. Como em muitos outros países da América Latina, a fé dos paraguaios está  impregnada de amor à Virgem".
Leia a notícia aqui. 

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