Primeiro discurso de Francisco no país elogiou persistência do povo que ergue após cada adversidade
Assunção, 10 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje no Paraguai as vítimas da violência e pediu um “lugar prioritário” para “os pobres e necessitados” nas políticas públicas.
“Que o esforço de todos os agentes sociais não cesse até que deixe de haver crianças sem acesso à educação, famílias sem teto, operários sem trabalho digno, camponeses sem terras para cultivar e pessoas obrigadas a emigrar para um futuro incerto; deixe de haver vítimas da violência, da corrupção ou do narcotráfico”, assinalou Francisco, no primeiro discurso pronunciado em solo paraguaio.
Milhares de pessoas acompanharam o percurso do papamóvel pelas ruas de Assunção, com manifestações de entusiasmo.
Falando no Palácio Presidencial de Assunção, após uma visita de cortesia ao chefe de Estado, Horacio Cartes, o primeiro Papa da América Latina na história da Igreja Católica sustentou que um desenvolvimento económico que não tenha em conta os mais fracos e desfavorecidos “não é verdadeiro desenvolvimento”.
“A medida do modelo económico deve ser a dignidade integral do ser humano, especialmente dos mais vulneráveis e indefesos”, defendeu.
Francisco deixou ainda elogios à história do povo paraguaio e à sua tenacidade face às adversidades que teve de enfrentar – “o sofrimento terrível da guerra, do confronto fratricida, da falta de liberdade e da violação dos direitos humanos” - com um alerta para a “tragédia e insensatez que é a guerra”.
“Nunca mais guerras entre irmãos! Construamos sempre a paz!”, apelou.
O Papa sublinhou, “com emoção e admiração”, o papel desempenhado pelas mulheres paraguaias nestes “momentos dramáticos da história”, sobretudo a chamada guerra da Guerra da Tripla Aliança (1864-1870), que dizimou a população masculina adulta.
Estas mulheres “souberam levar por diante as suas famílias e o seu país, infundindo nas novas gerações a esperança num amanhã melhor”.
Francisco elogiou o projeto democrático “sólido e estável” do Paraguai e pediu que haja sempre espaço para o diálogo “baseado na cultura do encontro, do respeito e do reconhecimento das legítimas diferenças”.
“Cristo abre-nos o caminho da misericórdia, que se baseia na justiça mas vai mais longe e ilumina a caridade, de modo que ninguém fique à margem desta grande família que é o Paraguai, ao qual amais e quereis servir”, acrescentou.
O Papa deixou uma palavra aos emigrantes paraguaios em Buenos Aires, onde foi arcebispo, o que mereceu um aplauso dos presentes.
No final da cerimónia foram executadas obras musicais da época das “reduções jesuítas”, acompanhadas por uma projeção multimédia.
Estes aldeamentos das populações indígenas da América, nos séculos XVI a XVIII, foram criados por iniciativa dos missionários católicos para defender estas populações dos ataques esclavagistas, para a sua promoção social e a evangelização.
OC
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