segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Casais com síndrome de Down mostram a intimidade no dia a dia

Sexualidade na síndrome de Down ainda é um assunto que preocupa e assusta os pais.


Nas últimas semanas, o doutor Drauzio Varella e o Breno Viola vêm trazendo um novo olhar sobre a síndrome de Down. Chegou a hora de falar de um assunto ainda considerado tabu para muitas famílias: desejo e sexualidade. Pessoas com síndrome de Down também querem namorar, casar e sonham até em ter filhos. Qual é a diferença?
Uma mulher apaixonada que não deixa o marido ficar com fome no trabalho. Quinta-feira sagrada: aqui ninguém perde a noite de sair com os amigos. E neste domingo (30), o Breno vai falar de seus planos para o futuro.
Breno foi até a Praia Grande, no litoral de São Paulo, para uma missão que muito lhe interessa: descobrir com a Ilka e o Arthur Grassi como é a vida de casado. Já vai fazer três anos que Ilka e Arthur trocaram alianças em uma igreja em São Paulo.
A Ilka e o Arthur têm entre quatro paredes a intimidade de qualquer casal. Mas a sexualidade na síndrome de Down ainda é um assunto que preocupa e assusta os pais. É preciso abertura e muita atenção porque fingir que o desejo sexual não existe pode transformar o que é da natureza humana num problema.
“Às vezes a família acaba esquecendo da idade cronológica ne e acaba tratando o filho, principalmente na fase da adolescência, ainda como criança. Ela tem uma sexualidade como outra pessoa qualquer, mas parece que fica aflorada porque ela não tem as condições de exercitar”, destaca a psicóloga Cátia Macedo.
“Isso vai sendo contido, contido e quando vem, vem que vem”, diz Maria Antônia Goulart, do Movimento Down.
Drauzio Varella: Na adolescência quando começam os bombardeios de hormônios sexuais, como você orienta os pais?
Dr Zan Mustacchi: Eu digo para eles que eles têm que orientar da forma mais normal possível, para que não haja punição vinculada com isso. Eles tem que dizer aos filhos que eles também fazem isso, mas que eles fazem isso no quarto, por isso que ele nunca viu.
Em Campinas, no interior de São Paulo, toda quinta é assim: Andrea e seus amigos escolhem um bar e se encontram para conversar, paquerar e namorar.  Um terapeuta sempre acompanha o grupo nessas saídas.
Drauzio Varella: Catia, ao contrário do que muitos pensam a sexualidade se impõe, você não decide se você vai ser homossexual ou heterossexual, isso simplesmente é o desenvolvimento humano.
Psicóloga: Jovens com síndrome de Down podem ser heteros, homossexuais. A grande questão é que como isso não é trabalhado, então a gente não percebe.
Quando eles encontram o amor, não existe felicidade maior. É como se cada um virasse protagonista de seu próprio filme romântico.
Samanta mora em São Paulo, Breno no Rio. Já são quase três anos de namoro. Mas para ser feliz de verdade com a Samanta, o Breno precisou antes conquistar os pais dela.
“Ela vinha com acompanhante, antes a gente não podia dormir junto, aí tinha uma pessoa segurando vela”, conta Breno.
Denise então levou a filha para a ginecologista para encontrar o método anticoncepcional mais adequado. E a partir daí você imagina o que aconteceu. Esse é um assunto delicado para os pais dos jovens com síndrome de Down.
É muito raro encontrar pessoas com síndrome de Down que tenham tido filhos. Entre as mulheres com Down, 50% apresentam dificuldades para engravidar. Já entre os homens, o problema é mais grave, 80% deles têm baixa produção ou má qualidade dos espermatozoides.
Drauzio Varella: Quando você tem um casal onde os dois tem síndrome de Down, qual é o risco de nascer uma criança com Down também?
Dr. Zan Mustacchi: 80%de chances. Mas hoje eu digo para os pais desses indivíduos, com síndrome de Down, ele poderá lhe dar netos sem síndrome de Down, com certeza. Por que? Porque hoje nós dominamos a técnica de fertilização pré-concepcional -in vitro. Eu analiso embrião por embrião e coloco na barriga da mãe e vai ser filho dos dois.
Drauzio Varella: E quando esses casais com Down têm filhos, quem cuida das crianças?
Dr. Zan: Habitualmente, são os avós.
Drauzio Varella: E quem cria esse menino?
Dr. Zan: Habitualmente, são os avós. Aliás, muitos avós criam os filhos, dos filhos que não tem síndrome de Down.
Breno sabe que o futuro exige responsabilidade e pés no chão.  E isso nos leva ao assunto do próximo episódio: trabalho. Domingo que vem, vamos falar de capacitação profissional e do futuro. Você vai conhecer pessoas com síndrome de Down que moram sozinhas. Qual é a diferença
?

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