Nos dê de presente a sua ausência da vida pública do país, que vai passar muito bem sem você.
Por Ricardo Soares*
Volta e meia, quando é agosto e as pessoas se lembram do fatídico dia 24 em 1954, vem ao velho inconsciente coletivo da nação aquele pijama listrado com um buraco na altura do coração. Signo emblemático do suicídio de Getúlio Vargas, o pai dos pobres, em pleno Palácio do Catete (hoje museu da República, no Rio) que deu um tiro no peito para sair da vida e entrar na história como dizia em sua carta-testamento.
Hoje, olhando não apenas o nosso atual e lamentável cenário político, fico a pensar que existem situações que parecem tornar mais úteis a opção de sair da história para entrar na vida, do que sair da vida pra entrar na história. Porque entrar na história não é apenas pela porta da frente. Muitas vezes é pela porta dos fundos. E entrar na história nem sempre é sinônimo de benesse, santificação, reconhecimento.
Exemplos são muitos. Como anda no noticiário, de novo, a pessoa nefasta e político abjeto, Fernando Collor de Melo, eu cito o sujeito como exemplo. Confundindo sabatina com sala da inquisição, quis esse senhor constranger o procurador-geral da República com ilações que soam, a princípio, apenas como vingança vil, pois esse senador por Alagoas é movido, sempre, apenas pelos mais baixos instintos. Ainda mais quando é acusado, de novo, por falcatruas justamente por Janot.
Collor entrou para a história como a personificação da picaretagem eleitoral, produto midiático feito pra consumo rápido. Pavio curto, incendiou-se rápido na sua arrogância, incompetência e megalomania. Deu no que deu, o caçador de Marajás. E como não houve nem vontade política e uma baita confusão processual, esse sujeito saiu livre de todas as acusações contra ele, voltou a vida pública e aponta, como de costume, as falhas alheias com os dedos sujos. Faria-nos um grande favor se saísse ao menos da história atual e entrasse na vida enquanto há tempo.
Não acho que jamais exista remissão para os pecados de Collor, mas ele podia ao menos prestar um favor a si mesmo e ao país, recolhendo-se à sua insignificância, pernoitando dentro de suas Lamborguinis sob o céu das lindas praias de Alagoas, rodeado de seguranças. Entra na vida Collor. Na história você já entrou como o nosso pior exemplo republicano. Abra uma Coca-Cola e "enjoy". Deixe o país de águas turbulentas e lamacentas seguir seu curso em busca da purificação. Você já contribuiu com o que existe de pior. Não saia da vida não. Entre nela de cabeça, espinha ereta, coração aberto e sossegue o facho. Escreva ao menos capítulos novos e mais arejados nessa biografia tão feia, tão triste, tão atormentada. E, sobretudo, nos dê de presente a sua ausência da vida pública do país, que vai passar muito bem sem você.
Volta e meia, quando é agosto e as pessoas se lembram do fatídico dia 24 em 1954, vem ao velho inconsciente coletivo da nação aquele pijama listrado com um buraco na altura do coração. Signo emblemático do suicídio de Getúlio Vargas, o pai dos pobres, em pleno Palácio do Catete (hoje museu da República, no Rio) que deu um tiro no peito para sair da vida e entrar na história como dizia em sua carta-testamento.
Hoje, olhando não apenas o nosso atual e lamentável cenário político, fico a pensar que existem situações que parecem tornar mais úteis a opção de sair da história para entrar na vida, do que sair da vida pra entrar na história. Porque entrar na história não é apenas pela porta da frente. Muitas vezes é pela porta dos fundos. E entrar na história nem sempre é sinônimo de benesse, santificação, reconhecimento.
Exemplos são muitos. Como anda no noticiário, de novo, a pessoa nefasta e político abjeto, Fernando Collor de Melo, eu cito o sujeito como exemplo. Confundindo sabatina com sala da inquisição, quis esse senhor constranger o procurador-geral da República com ilações que soam, a princípio, apenas como vingança vil, pois esse senador por Alagoas é movido, sempre, apenas pelos mais baixos instintos. Ainda mais quando é acusado, de novo, por falcatruas justamente por Janot.
Collor entrou para a história como a personificação da picaretagem eleitoral, produto midiático feito pra consumo rápido. Pavio curto, incendiou-se rápido na sua arrogância, incompetência e megalomania. Deu no que deu, o caçador de Marajás. E como não houve nem vontade política e uma baita confusão processual, esse sujeito saiu livre de todas as acusações contra ele, voltou a vida pública e aponta, como de costume, as falhas alheias com os dedos sujos. Faria-nos um grande favor se saísse ao menos da história atual e entrasse na vida enquanto há tempo.
Não acho que jamais exista remissão para os pecados de Collor, mas ele podia ao menos prestar um favor a si mesmo e ao país, recolhendo-se à sua insignificância, pernoitando dentro de suas Lamborguinis sob o céu das lindas praias de Alagoas, rodeado de seguranças. Entra na vida Collor. Na história você já entrou como o nosso pior exemplo republicano. Abra uma Coca-Cola e "enjoy". Deixe o país de águas turbulentas e lamacentas seguir seu curso em busca da purificação. Você já contribuiu com o que existe de pior. Não saia da vida não. Entre nela de cabeça, espinha ereta, coração aberto e sossegue o facho. Escreva ao menos capítulos novos e mais arejados nessa biografia tão feia, tão triste, tão atormentada. E, sobretudo, nos dê de presente a sua ausência da vida pública do país, que vai passar muito bem sem você.
*Ricardo Soares é escritor, diretor de tv, roteirista e jornalista. Autor de 7 livros foi cronista dos jo
Nenhum comentário:
Postar um comentário