quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dilma precisa ir além da agenda positiva

Por Cristiana Lôbo*
Para reverter queda na popularidade, Dilma precisa ir além da agenda positiva
A pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira (6), em que 71% dos entrevistados avaliaram em ruim ou péssimo o governo de Dilma Rousseff, um recorde de desaprovação, mostra que apenas ter uma agenda positiva de eventos e discursos não é o suficiente para a presidente reverter o quadro de popularidade.

Diante de uma grave situação econômica, que demanda muito mais tempo para dar sinais de recuperação, só um gesto mais ousado e radical da presidente pode levar o governo a melhorar a percepção diante da sociedade.

A pesquisa Datafolha mostra queda sistemática na avaliação do governo, que tem apenas 7 meses, sem qualquer indicativo de que possa haver uma melhora. Na avaliação de governistas, a economia é o motivo fundamental para esse resultado, mas já há o reconhecimento de que a crise política está alimentando as dificuldades econômicas e impedindo o governo de tomar medidas para a retomada do crescimento. As sucessivas revisões sobre a expectativa do PIB, sempre aumentado a retração, mostram a gravidade e a dificuldade do cenário.

A crise econômica junto com a baixíssima popularidade da presidente são fatores que fazem ruir a base de sustentação do governo. O apoio dos partidos ditos aliados tem sido apenas formal e não tem se reproduzido nas votações, especialmente na Câmara dos Deputados.

Por isso mesmo, há dentro do governo a ideia de refazer a base para que ela seja, ainda que menor, mais fiel. A soma das bancadas dos partidos aliados teoricamente daria um apoio de mais de 400 deputados. No entanto, o governo não conseguiu sequer pouco mais de 200 votos para barrar um requerimento que mudava a pauta de votações na Câmara. 

Uma ideia já alimentada no Palácio do Planalto é reduzir o número de ministérios, de modo que a composição da Esplanada reflita a representação daqueles partidos que efetivamente estejam dispostos a defender o governo. Uma
proposta nesse sentido está sendo preparada pelo Ministério do Planejamento, por ordem da presidente, e, se houver condições políticas para ser adotada, poderá ser anunciada nos próximos dias.

Há também a sugestão para que o governo reconheça os erros cometidos, coisa que a presidente Dilma evita fazer, apesar de muitos conselhos a esse respeito já terem sido apresentadas a ela. Na quarta-feira (5), o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, chegou a ensaiar algo parecido, mas de maneira ainda discreta. Após participar de audiência pública na Câmara, ele disse que o governo cometeu erros, sem especificar quais.
*Jornalista e acompanha a política Brasileira há mais de 30 anos. Atualmente na GloboNews....

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