quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Nova aliança

O ser humano sozinho na história perde a direção ou a possibilidade de alcançar a plenitude da vida.

Sozinhos não conseguimos a saciedade.
Por Dom José Alberto Moura*
O ser humano sozinho na história perde a direção ou a possibilidade de alcançar a plenitude da vida realizadora. Até inventa muitos tipos de divindades para compensar seus limites. Mas deuses falsos não dão essa base de sustentação. O que é material, perceptível pelos sentidos e limitado ao tempo e ao espaço não dá suporte à total felicidade. Temos sede de infinito. Sozinhos não conseguimos a saciedade. Por isso, muitos buscam cada vez mais ter o que é material, prazeres e projeção pessoal, julgando que isso os fará felizes. Mas a felicidade imorredoura ninguém adquire por si só.
O maior aliado humano é o verdadeiro divino. Com Ele, mesmo na nossa limitação, encontramos a razão de ser da existência. Mas Deus age em quem se coloca como um terreno sequioso por água para frutificar os próprios dons. Aceitar sua aliança é vital. Para isso, o plano divino nos põe como sua imagem e semelhança. Como Deus é o Criador e cuidador do universo, colocou-nos neste planeta para dele cuidarmos e vivermos em harmonia com a natureza e entre nós humanos. Se fizermos o dever de casa, temos base suficiente para nos realizarmos aqui, tendo vida digna, e depois na eternidade (Cf. 1 Coríntios 15,54-57). Para isso, aceitamos viver a aliança com Deus, dentro dos princípios éticos, morais e verdadeiramente humanos. Caso contrário, teremos injustiças, discriminações, agressões, também à natureza, guerras, fome, miséria, má formação de família, política injusta e os demais desmandos.
Mesmo na não adesão humana à aliança divina, Deus quis refazer a aliança conosco, mostrando, de modo humano, o que realizar para restabelecermos a nossa com Ele. Quis a mediação da moça Maria para nascer com nossa natureza humana, sem deixar a divina. Mostrou-o com a ressurreição. Em contrapartida da adesão de Maria à vontade dele, fez com que ela, após a morte, fosse ressuscitada e elevada até o céu. Ele também nos promete a ressurreição, se a imitarmos, mostrando e levando o que é de seu Filho a todos. Quem recebe Cristo, age à semelhança dele. Só faz o bem. Promove a vida digna e de sentido a todos. Não se cansa de se doar para que o semelhante tenha vida incluída na fraternidade e o necessário para viver como pessoa humana.
Assim como os antigos judeus carregaram a arca da aliança, como sinal da presença de Deus que caminhava com o povo (Cf. 1 Crônicas 15,3-16. 16,1-2), Maria nos trouxe a presença do Filho de Deus, que nos garante a nova aliança, com a base se sustentação de nossa vida e salvação.
De nossa parte, para a prática do compromisso da aliança com Deus, somos instados a imitar Maria na execução da vontade de Deus, para sermos realmente felizes. É o que o próprio Jesus afirma: “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lucas 11,28). É bom sublinhar: não só ouvir, mas praticar!
CNBB 12-08-2015.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

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