terça-feira, 15 de setembro de 2015

Jornal do Vaticano fala em União Europeia «abalada nos seus fundamentos»

(Lusa)
Agência Ecclesia 15 de Setembro de 2015  (Lusa)
(Lusa)
Falta de decisões mostra «incapacidade persistente» de recorrer aos valores que fundaram projeto comunitário

Cidade do Vaticano, 15 set 2015 (Ecclesia) - O jornal do Vaticano criticou hoje a falta de consenso na União Europeia em relação à vaga de refugiados e migrantes, lamentando a “incapacidade persistente” de recorrer aos valores que fundaram o projeto comunitário.

“Para obter credibilidade aos olhos do mundo, a Europa tem de superar as suas dúvidas e mostrar coesão na resposta à emergência dos refugiados”, escreve Giuseppe Fiorentino, vice-diretor de ‘L’Osservatore Romano’.

Em causa está, acrescenta, uma “união que hoje parece abalada nos seus fundamentos”.

O texto surge um dia depois de os ministros do Interior da União Europeia terem falhado um acordo em torno da proposta da Comissão Europeia de recolocação de mais 120 mil refugiados entre os Estados-membros, adiando o assunto para outubro.

O jornal do Vaticano recorda ainda as as novas regras de restrição impostas pela Hungria que, a partir da meia-noite de hoje considera a entrada ilegal no seu território como um crime punível com a expulsão ou a detenção até três anos.

“Depois do falhanço de mais um e inútil (ou quase) encontro dedicado à questão das migrações, poder-se-ia perguntar se ainda vale a pena falar de Europa unida”, pode ler-se.

O jornal assinala ainda que muitos países restabeleceram os controlos na fronteira, não obstante o Tratado de Schengen.

“Se um dos princípios europeus — como o da livre circulação das pessoas — vacila sob o impulso de algumas dezenas de milhares de migrantes, significa que a própria ideia de união é realmente frágil”, alerta Giuseppe Fiorentino.

Esta fragilidade, sustenta, é consequência de um processo de alargamento da União Europeia que teve como base “avaliações económicas e estratégicas”.

“Quem se opõe com mais força ao princípio das quotas obrigatórias de acolhimento de refugiados são precisamente os países centro-europeus que, depois da implosão do império soviético, puderam experimentar a solidariedade dos vizinhos ocidentais que acolheram milhares de imigrantes”, lamenta o vice-diretor do quotidiano.

OC

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