As certezas estão virando pó faz tempo e os profetas de Facebook estão atarantados.
Por Ricardo Soares*
Direto e reto ao assunto. Não acho que a Globo vá acabar apesar da curva descendente de sua audiência com seus hoje parcos números no “Fantástico”, “Jornal Nacional” e novelas. Não vai acabar e nem torço pra isso visto que se por um lado tantos desserviços prestou à democracia brasileira e ao imaginário nacional (acostumando milhões a sua “monoestética” teledramaturgica) por outro habituou seus telespectadores a um bom nível de excelência técnica. Qualquer um hoje é capaz de discernir o que é uma luz ruim, um enquadramento equivocado, um erro de continuidade. Também não torço para ela acabar nem definhar porque emprega milhares de bons profissionais e já bastam os outros milhares que estão a deriva no mercado.
Está claro que a Globo (com o advento dos Netflix, a melhora de qualidade de imagem do Youtube e congêneres) tem que rever seu modelo de negócio. E evidente que já está dando sinais de que está fazendo isso porque tolos eles não são. Sabem a portas fechadas mas não saem por aí gritando isso que a televisão aberta tal qual a conhecíamos está morta. E aí me pergunto: o que está definhando mais rápido? A televisão aberta ou a televisão paga que, convenhamos, nunca foi no Brasil o sucesso que seus executivos garantem ser?
Os tempos são outros, óbvio. Basta ver essa semana que um dos assuntos quentes das redes sociais foi o sotaque espanhol ruim de Wagner Moura em “Narcos” (série da Netflix) e não o que pretende a nova novela das nove da Globo. Ou seja, no que tange a “formação de opinião” audiovisual parece que as pessoas estão mais na Internet do que na tv aberta.
Nesses tempos bicudos não há nada mais sólido para se desmanchar no ar. As certezas estão virando pó faz tempo e os profetas de Facebook (me incluo nisso) estão atarantados. Ainda mais quando oriundos da mídia. As velozes mudanças e incertezas nos pegam com as calças na mão. É um mundo onde os carros viram carruagens e as carruagens viram abóboras muito depressa.
Nessa hora só tenho certeza de uma coisa por enquanto. Tv aberta será ao vivo. Seu “toma lá dá cá”, seu imediatismo, sua invenção de surpresa tem que ser turbinada, tem que continuar oferecendo vivacidade, criatividade, fazendo valer a velha premissa que sempre é repetida por dinossauros da tv : “quem sabe faz ao vivo”. Evidente que o preço disso, num primeiro momento, continuará sendo a espetacularização das desgraças. Mas acho que virão outras graças. Basta lembrar que o rádio não morreu apesar de suas mazelas. A tv aberta também não. Se o desafio gigante dos profissionais do ramo é saber onde vai parar a tv aberta ( o fim da era das novelas não é o fim da tv, creio eu) desafio ainda maior é saber para onde vai a tv aberta pública que parece hoje um anacrônico paquiderme encalhado numa praia de irrelevância, descaso e burocracia. Mas esse é assunto para outra prosa e para outro dia.
Direto e reto ao assunto. Não acho que a Globo vá acabar apesar da curva descendente de sua audiência com seus hoje parcos números no “Fantástico”, “Jornal Nacional” e novelas. Não vai acabar e nem torço pra isso visto que se por um lado tantos desserviços prestou à democracia brasileira e ao imaginário nacional (acostumando milhões a sua “monoestética” teledramaturgica) por outro habituou seus telespectadores a um bom nível de excelência técnica. Qualquer um hoje é capaz de discernir o que é uma luz ruim, um enquadramento equivocado, um erro de continuidade. Também não torço para ela acabar nem definhar porque emprega milhares de bons profissionais e já bastam os outros milhares que estão a deriva no mercado.
Está claro que a Globo (com o advento dos Netflix, a melhora de qualidade de imagem do Youtube e congêneres) tem que rever seu modelo de negócio. E evidente que já está dando sinais de que está fazendo isso porque tolos eles não são. Sabem a portas fechadas mas não saem por aí gritando isso que a televisão aberta tal qual a conhecíamos está morta. E aí me pergunto: o que está definhando mais rápido? A televisão aberta ou a televisão paga que, convenhamos, nunca foi no Brasil o sucesso que seus executivos garantem ser?
Os tempos são outros, óbvio. Basta ver essa semana que um dos assuntos quentes das redes sociais foi o sotaque espanhol ruim de Wagner Moura em “Narcos” (série da Netflix) e não o que pretende a nova novela das nove da Globo. Ou seja, no que tange a “formação de opinião” audiovisual parece que as pessoas estão mais na Internet do que na tv aberta.
Nesses tempos bicudos não há nada mais sólido para se desmanchar no ar. As certezas estão virando pó faz tempo e os profetas de Facebook (me incluo nisso) estão atarantados. Ainda mais quando oriundos da mídia. As velozes mudanças e incertezas nos pegam com as calças na mão. É um mundo onde os carros viram carruagens e as carruagens viram abóboras muito depressa.
Nessa hora só tenho certeza de uma coisa por enquanto. Tv aberta será ao vivo. Seu “toma lá dá cá”, seu imediatismo, sua invenção de surpresa tem que ser turbinada, tem que continuar oferecendo vivacidade, criatividade, fazendo valer a velha premissa que sempre é repetida por dinossauros da tv : “quem sabe faz ao vivo”. Evidente que o preço disso, num primeiro momento, continuará sendo a espetacularização das desgraças. Mas acho que virão outras graças. Basta lembrar que o rádio não morreu apesar de suas mazelas. A tv aberta também não. Se o desafio gigante dos profissionais do ramo é saber onde vai parar a tv aberta ( o fim da era das novelas não é o fim da tv, creio eu) desafio ainda maior é saber para onde vai a tv aberta pública que parece hoje um anacrônico paquiderme encalhado numa praia de irrelevância, descaso e burocracia. Mas esse é assunto para outra prosa e para outro dia.
Ricardo Soares, jornalista, roteirista e diretor de tv tem 37 anos de profissão, 27 deles dedicado a televisão. Entre outros cargos foi apresentador, diretor de programas e documentários na Tv Cultura –Sp, gerente de produção da Tv Brasil e diretor de conteúdo e programação da EBC.
domtotal.com
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