Paris, 11 set (ACI/SIR) - Dom Jean-Pierre Cattenoz, Arcebispo de Avignon, no sul da França, uniu-se ao pedido do Papa Francisco a fim de acolher aqueles que fogem para a Europa e questionou as razões pelas quais “mais de 50% dos franceses se negaram a permitir a entrada dos refugiados ao país”.
“Irmãos cristãos, devemos despertar, não podemos continuar vivendo enquanto sabemos que o mundo está morrendo à nossa porta”.
“Acredito que devemos começar a acolher as famílias de refugiados, conforme o pedido do Santo Padre, mas também temos que trabalhar a fim de que termine a guerra no Oriente Médio e para que melhore a situação na África e, desta forma, possamos sobreviver”, declarou Dom Cattenoz ao Grupo ACI.
O Arcebispo do Avignon acrescentou que, durante sua última viagem ao Líbano percebeu que existem cerca de dois milhões de refugiados no país. Também advertiu que “existem fontes de conflito que podem surgir de repente” entre os muçulmanos, o Hezbolla e os xiitas, os quais convivem com os refugiados.
Ele indicou também que, “com certeza, o Ocidente intervém algumas vezes, mas não podem fazer muito… devido a que o Estado Islâmico e o Boko Haram crescem cada dia mais”.
Por outro lado, Dom Cattenoz expressou, através de um comunicado da Arquidiocese, que as autoridades nacionais e municipais já não sabem o que fazer ante as migrações de refugiados.
Acrescentou que existe um preconceito para com os migrantes e que muitos são desalojados e devem suportar o aborrecimento daquelas pessoas que os acolhem.
“Estenderemos a mão aos irmãos refugiados a fim de devolver-lhes sua dignidade humana e dar-lhes um caminho na vida ou continuaremos fechados em nosso egoísmo escandaloso? ”, questionou.
Em seguida, o Prelado assinalou que está envergonhado por aqueles cristãos que parecem ignorar a tragédia dos migrantes e de nossa geração que se nega a reconhecer que nosso continente está colhendo o que semeou no passado”.
“Se o Mediterrâneo pudesse falar, diria o número de cemitérios que povoam seus recursos marinhos. Como não ter o coração partido diante tanto sofrimento e tanta injustiça?”, manifestou Dom Cattenoz.
“Confesso que há alguns meses vivo atormentado pelos rostos dos migrantes, fico preocupado pensando em como conter essa multidão, cujo único desejo é sobreviver… e somente vejo indiferença e desinteresse por parte de alguns que não querem perder suas comodidades”, assinalou.
O Arcebispo de Avignon recordou que depois da Segunda Guerra Mundial a Europa ficou submergida em uma profunda crise e as autoridades internacionais “tiveram a coragem e a força” para aplicar o Plano Marshall e desta maneira reconstruíram a economia devastada.
“Agora, por que não temos a coragem de estabelecer um novo Plano Marshall a fim de ajudar a África a sair do seu subdesenvolvimento crônico e para conscientizar as pessoas de que não existe outra alternativa do que viver junto aos refugiados do Oriente Médio?”, perguntou o Prelado.
Dom Cattenoz disse que durante esta semana irá acontecer uma reunião com a Conferência de Bispos da França e o prefeito da cidade, a fim de avaliar alternativas de acolhida às famílias de refugiados em Avignon.
O Prelado fez um apelo aos fiéis para “ver a situação real dos países dos quais acabam de sair todos estes migrantes” e para que colaborem com a situação destas pessoas que fogem de situações de guerra e miséria, concluiu.
SIR
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