Escrevo esta semana sobre um tesouro no fim do arco íris que deveríamos buscar.
Por Max Velati*
Nas últimas semanas tive tempo para pensar. Mais do que isso, fui obrigado a pensar e repensar a minha vida. Se o leitor tiver interesse em conhecer mais sobre as circunstâncias que me obrigaram a tanta reflexão, pode ler a crônica da semana passada aqui.
Mas diferente do que fiz na semana anterior, não vou falar de mim. Escrevo esta semana sobre um tesouro no fim do arco íris que deveríamos buscar, mas por descrença, tédio e desinteresse simplesmente deixamos pra lá.
No mundo de hoje ter conhecimento e informação é absolutamente essencial, mas quando falamos em Sabedoria, o termo parece anacrônico, tão deslocado no tempo que cheira a papel velho e traça. Se no mundo Antigo e Medieval a Sabedoria era considerada útil, averiguada nos seus processos e registrada por escrito nos seus contornos, hoje parece coisa de almanaque, subproduto de receitas de auto ajuda, parente em primeiro grau da cultura inútil.
É possível aumentar progressivamente o conhecimento e a capacidade de aprendizado, mas esta relação direta e cumulativa parece não pertencer ao campo da Sabedoria, colocada pelos antigos acima de todas as artes e ciências e indomável quando se procura defini-la com clareza. É que a Sabedoria tem lógicas que a própria Lógica desconhece.
Por tudo o que já se disse a Sabedoria é um atributo da Razão, mas está associada sobretudo a um sentimento religioso (no sentido de religação com Deus), tanto que já foi dito que o temor a Deus é o começo da Sabedoria. Seguindo esta pista, a Sabedoria surge como produto da piedade e da devoção tal como a ciência se desenvolve pelos experimentos e resultados. A compaixão também é uma virtude dos sábios.
Outra distinção importante entre a Sabedoria e o conhecimento é que a Sabedoria se comprova na ação. Não é possível ser um sábio teoricamente apenas, enquanto é possível ter conhecimento e agir em desconformidade ao que se conhece. Este aspecto do tema tem os seus labirintos e Aristóteles parece fazer uma distinção entre uma sabedoria especulativa e uma prática, chamada neste caso de Prudência.
Considerando o que a posse da Sabedoria promete, é um grave sinal de doença moderna o descaso e o desinteresse em relação a esta busca. Em contraste com a vida corrida, os temores e as incertezas, o sábio parece caminhar livre da dor e do medo, seguindo uma dieta de calma e repouso que parece impensável nos dias de hoje, uma paraíso completamente perdido.
Por razões que expliquei na semana passada, fiquei algumas semanas longe dos noticiários. Ontem, retomando as tarefas e obrigações de cronista li os jornais e acompanhei os noticiários. Ficou evidente que o mundo está piorando rapidamente. Por mero acaso topei também com as notícias recentes sobre o que está sendo chamado de "sexta extinção."
Universidades de renome, tais como Stanford, Princeton e Berkeley andam publicando dados comparativos e considerações sobre extinções de espécies no planeta. Pelos cálculos, a Terra já viu cinco grandes extinções, sendo a última a dos dinossauros. Tudo indica que caminhamos rapidamente para a sexta grande extinção e a causa somos nós, como afirma Paul Ehrlich, professor de biologia na Universidade de Stanford.
Considerando os avanços da Ciência, o tamanho reduzido dos celulares, as viagens espaciais, a capacidade atual de processamento dos computadores, não podemos dizer que a causa da nossa extinção é falta de inteligência, conhecimento ou informação.
Vamos desaparecer da face da Terra por falta de Sabedoria.
Nas últimas semanas tive tempo para pensar. Mais do que isso, fui obrigado a pensar e repensar a minha vida. Se o leitor tiver interesse em conhecer mais sobre as circunstâncias que me obrigaram a tanta reflexão, pode ler a crônica da semana passada aqui.
Mas diferente do que fiz na semana anterior, não vou falar de mim. Escrevo esta semana sobre um tesouro no fim do arco íris que deveríamos buscar, mas por descrença, tédio e desinteresse simplesmente deixamos pra lá.
No mundo de hoje ter conhecimento e informação é absolutamente essencial, mas quando falamos em Sabedoria, o termo parece anacrônico, tão deslocado no tempo que cheira a papel velho e traça. Se no mundo Antigo e Medieval a Sabedoria era considerada útil, averiguada nos seus processos e registrada por escrito nos seus contornos, hoje parece coisa de almanaque, subproduto de receitas de auto ajuda, parente em primeiro grau da cultura inútil.
É possível aumentar progressivamente o conhecimento e a capacidade de aprendizado, mas esta relação direta e cumulativa parece não pertencer ao campo da Sabedoria, colocada pelos antigos acima de todas as artes e ciências e indomável quando se procura defini-la com clareza. É que a Sabedoria tem lógicas que a própria Lógica desconhece.
Por tudo o que já se disse a Sabedoria é um atributo da Razão, mas está associada sobretudo a um sentimento religioso (no sentido de religação com Deus), tanto que já foi dito que o temor a Deus é o começo da Sabedoria. Seguindo esta pista, a Sabedoria surge como produto da piedade e da devoção tal como a ciência se desenvolve pelos experimentos e resultados. A compaixão também é uma virtude dos sábios.
Outra distinção importante entre a Sabedoria e o conhecimento é que a Sabedoria se comprova na ação. Não é possível ser um sábio teoricamente apenas, enquanto é possível ter conhecimento e agir em desconformidade ao que se conhece. Este aspecto do tema tem os seus labirintos e Aristóteles parece fazer uma distinção entre uma sabedoria especulativa e uma prática, chamada neste caso de Prudência.
Considerando o que a posse da Sabedoria promete, é um grave sinal de doença moderna o descaso e o desinteresse em relação a esta busca. Em contraste com a vida corrida, os temores e as incertezas, o sábio parece caminhar livre da dor e do medo, seguindo uma dieta de calma e repouso que parece impensável nos dias de hoje, uma paraíso completamente perdido.
Por razões que expliquei na semana passada, fiquei algumas semanas longe dos noticiários. Ontem, retomando as tarefas e obrigações de cronista li os jornais e acompanhei os noticiários. Ficou evidente que o mundo está piorando rapidamente. Por mero acaso topei também com as notícias recentes sobre o que está sendo chamado de "sexta extinção."
Universidades de renome, tais como Stanford, Princeton e Berkeley andam publicando dados comparativos e considerações sobre extinções de espécies no planeta. Pelos cálculos, a Terra já viu cinco grandes extinções, sendo a última a dos dinossauros. Tudo indica que caminhamos rapidamente para a sexta grande extinção e a causa somos nós, como afirma Paul Ehrlich, professor de biologia na Universidade de Stanford.
Considerando os avanços da Ciência, o tamanho reduzido dos celulares, as viagens espaciais, a capacidade atual de processamento dos computadores, não podemos dizer que a causa da nossa extinção é falta de inteligência, conhecimento ou informação.
Vamos desaparecer da face da Terra por falta de Sabedoria.
*Max Velati trabalhou muitos anos em Publicidade, Jornalismo e publicou sob pseudônimos uma dezena de livros sobre Filosofia e História para o público juvenil. Atualmente, além da literatura, é professor de esgrima e chargista de Economia da Folha de São Paulo. Publica esta coluna no Dom Total toda sexta feira.
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