Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - Cuba prepara-se para acolher o Papa Francisco, terceiro Pontífice a visitar a Ilha caribenha. O Santo Padre estará em Cuba de 19 a 22 de setembro. Com quais sentimentos os cubanos esperam o Pontífice argentino? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou ao diretor da Casa Sacerdotal São João Maria Vianney de Havana, Pe. José Miguel Gonzáles Martín. Eis o que disse:
Pe. José Miguel Gonzáles Martín:- “Diria com muita esperança, porque para nós o Papa vem como missionário da Misericórdia. O povo cubano em geral – não somente a Igreja católica –, todos nós esperamos que o Papa possa dar-nos uma palavra de esperança, de alegria, neste preciso momento em que parece que Cuba está se abrindo um pouco mais ao mundo e que estejam se realizando as palavras proféticas de São João Paulo II.”
RV: Qual é a situação em relação a essas grandes mudanças?
Pe. José Miguel Gonzáles Martín:- “A situação em que o povo vive continua sendo a mesma: ainda não se veem muitas mudanças no modo de viver cotidiano. Mas mesmo assim esperamos, no sentido que no futuro essas mudanças, que no momento estão presentes somente em alto nível, possam melhorar a vida diária do povo. Há muitas dificuldades e a vida aqui, de certo modo, é difícil para todos...”
RV: Quais são as esperanças dos cubanos?
Pe. José Miguel Gonzáles Martín:- “A esperança é sempre a de ter um futuro melhor e de que não haja necessidade de deixar a própria pátria. Também a Igreja católica sofre por causa da emigração de tantas pessoas boas, preparadas, que escolhem partir para os EUA, a Espanha, a Itália, para buscar um futuro melhor. Então, a primeira esperança é que, se há mais trabalho, se a situação econômica melhora e se crescem as liberdades, poderemos ter um país em que não seja mais necessário emigrar. Também do ponto de vista espiritual conservamos outras esperanças: que as pessoas que vivem aqui em Cuba possam pensar sozinhas, na liberdade, possam agir livremente, sem uma forma de tutela por parte dos governantes.”
RV: Qual é a realidade da Igreja em Cuba?
Pe. José Miguel Gonzáles Martín:- “A Igreja em Cuba é uma Igreja pobre, no sentido do número de sacerdotes. Não somos muitos: somos cerca de 300 sacerdotes para onze dioceses e algumas delas têm somente cinco, seis ou sete sacerdotes. É uma Igreja minoritária, muito minoritária e empobrecida, porque também perdeu muitos leigos bem preparados, que foram embora para os EUA, Espanha e outros países. É uma Igreja pobre, mas significativa: a sociedade cubana em geral tem um grandíssimo respeito pela Igreja católica, pelos bispos e pelos sacerdotes. E o digo sem orgulho: somos sempre um ponto de referência para muitas pessoas, mesmo para aquelas que não vão à igreja, e – diria – até mesmo para alguns que não creem, ou seja, os ateus. Também eles têm admiração pela Igreja. Então, penso que desse ponto de vista a Igreja católica tem uma tarefa essencial no presente e no futuro de Cuba. E isso foi evidenciado graças ao papel e à participação do Papa no processo de negociação para recuperar as relações com os EUA e também graças ao Cardeal Jayme Lucas Ortega y Alamino, arcebispo de Havana, e ao trabalho cotidiano de muitos bispos, sacerdotes... Buscamos abrir as portas ao diálogo, não somente com o governo e com as instâncias políticas, mas também com o povo e com a sociedade.”
RV: A Igreja está adquirindo novos espaços de ação...
Pe. José Miguel Gonzáles Martín:- “Eu diria ‘pequenos’ espaços de ação: para nós seria uma coisa boa termos mais. Mas não temos muito dinheiro para poder começar a atuar, por exemplo, no rádio, nos meios de comunicação... Talvez num futuro próximo tenhamos nossas escolas... Mas isso para nós ainda é futuro: devemos estar prontos para abrir-nos a essas possibilidades.” (RL)
(from Vatican Radio)
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