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A vida é como um grande balde que vai se enchendo aos poucos com as próprias descobertas.
Por Lev Chaim*
Uma frase me segue desde que aprendi a ler e hoje faz parte do meu ritual matutino de orações. Mesmo assim, ela continua a me assombrar: ‘..Tu ressuscitas os mortos e cumpre a Tua promessa aos que dormem no pó.’ Comentando-a com uma amiga, ela disse literalmente: “são os mortos que dormem no pó e se levantam para a vida Eterna”.
Foi neste momento que me arrepiei todo. Não sei porquê, não gosto desta explicação. Nada contra aquela amiga, que isto fique claro. Não posso avaliar uma coisa Eterna, no sentido de que dura, dura e dura. O que sempre me acalentou, como uma onda de ar fresco, foi a esperança de pensar no renascer.
Aquilo me fez e me faz seguir em frente, até onde tiver que ir, consolado pela esperança da ‘transformação’, mas, em uma vida que conhecemos, com a qual já estamos acostumados, cheia de esperança e desesperança, dor e prazer e tudo que ela tem direito. Com esta interpretação, alimento a minha intuição, a minha confiança e sigo em frente.
Com isto, não digo que a minha avaliação não sirva para outros ou que a avaliação de outros não sirva para mim. Pelo contrário. Ao meu ver, a vida é como um grande balde que vai se enchendo aos poucos com as próprias descobertas, com as descobertas dos outros e muito mais. Somos parte do mesmo Universo, mas cada vasilha tem a sua própria capacidade.
Quem me fez pensar em tudo isto foi um pequeno vídeo do sociólogo e filósofo polonês-britânico, Zygmunt Bauman, que nos anos oitenta ficou mundialmente famoso com um livro sobre modernidade. Desta vez, ele falava dos atuais usuários fanáticos do facebook e as suas impressões sobre todo esse fenômeno das redes sociais: o mundo pós-moderno e a condição do indivíduo.
Ele se pergunta como pode um usuário do facebook dizer que fez 400 novos amigos, em apenas um dia? Em seus 86 anos de vida (quando este filme foi feito), ele não colecionou nem uma pequena fracção de tudo aquilo. E ele diz mais: “Talvez os nossos significados de ‘amigo’ sejam totalmente diferentes”. Para Bauman, amigo exige um contato corpo a corpo, olhos nos olhos. E a quebra de uma amizade não é tão fácil como no facebook, em que um simples apertar de um pontão é o suficiente. Com amigos reais você tem que ter uma razão para fazer isto.
Para o sociólogo, os aficionados do facebook são ‘solitários’ numa multidão de solitários, o que gera, na verdade, uma diminuição real das verdadeiras relações humanas, onde existem regras, valores, tais quais afetividade, numa gradação equilibrada entre segurança e liberdade. Nas redes sociais, muitas dessas regras não contam e valores como ‘até que a morte nos separe’, por exemplo, nem existem.
Em outras palavras, temos que equilibrar as coisas e saber as regras do jogo. As relações humanas podem substituir as redes sociais, mas o contrário é impossível, disse Bauman. E eu concordo com ele.
Ai, lembrei-me de uma historinha que um ‘amigo’ do facebook, contou. Não sei se é verdade ou se estava apenas tentando fazer graça. Ele disse que estava usando na vida real as mesmas regras do facebook para fazer amigos.
Cada dia, saia pelas ruas a contar o que fazia, o que comia e o que iria fazer. Presenteava outros com fotos da família, de seus animais, do seu jardim, como também ouvia as conversas alheias e as comentava, ali, diretamente. No fim, ele constatou que tudo aquilo estava dando resultados e que já havia 3 pessoas o seguindo: dois policiais e um psiquiatra.
Como usuário do facebook, eu me salvo-guardo da solidão voltando aos valores da vida real, tal qual amizade de forma tradicional e os valores reais que me fazem seguir em frente, tal qual aquela frase logo no início. E você?
Uma frase me segue desde que aprendi a ler e hoje faz parte do meu ritual matutino de orações. Mesmo assim, ela continua a me assombrar: ‘..Tu ressuscitas os mortos e cumpre a Tua promessa aos que dormem no pó.’ Comentando-a com uma amiga, ela disse literalmente: “são os mortos que dormem no pó e se levantam para a vida Eterna”.
Foi neste momento que me arrepiei todo. Não sei porquê, não gosto desta explicação. Nada contra aquela amiga, que isto fique claro. Não posso avaliar uma coisa Eterna, no sentido de que dura, dura e dura. O que sempre me acalentou, como uma onda de ar fresco, foi a esperança de pensar no renascer.
Aquilo me fez e me faz seguir em frente, até onde tiver que ir, consolado pela esperança da ‘transformação’, mas, em uma vida que conhecemos, com a qual já estamos acostumados, cheia de esperança e desesperança, dor e prazer e tudo que ela tem direito. Com esta interpretação, alimento a minha intuição, a minha confiança e sigo em frente.
Com isto, não digo que a minha avaliação não sirva para outros ou que a avaliação de outros não sirva para mim. Pelo contrário. Ao meu ver, a vida é como um grande balde que vai se enchendo aos poucos com as próprias descobertas, com as descobertas dos outros e muito mais. Somos parte do mesmo Universo, mas cada vasilha tem a sua própria capacidade.
Quem me fez pensar em tudo isto foi um pequeno vídeo do sociólogo e filósofo polonês-britânico, Zygmunt Bauman, que nos anos oitenta ficou mundialmente famoso com um livro sobre modernidade. Desta vez, ele falava dos atuais usuários fanáticos do facebook e as suas impressões sobre todo esse fenômeno das redes sociais: o mundo pós-moderno e a condição do indivíduo.
Ele se pergunta como pode um usuário do facebook dizer que fez 400 novos amigos, em apenas um dia? Em seus 86 anos de vida (quando este filme foi feito), ele não colecionou nem uma pequena fracção de tudo aquilo. E ele diz mais: “Talvez os nossos significados de ‘amigo’ sejam totalmente diferentes”. Para Bauman, amigo exige um contato corpo a corpo, olhos nos olhos. E a quebra de uma amizade não é tão fácil como no facebook, em que um simples apertar de um pontão é o suficiente. Com amigos reais você tem que ter uma razão para fazer isto.
Para o sociólogo, os aficionados do facebook são ‘solitários’ numa multidão de solitários, o que gera, na verdade, uma diminuição real das verdadeiras relações humanas, onde existem regras, valores, tais quais afetividade, numa gradação equilibrada entre segurança e liberdade. Nas redes sociais, muitas dessas regras não contam e valores como ‘até que a morte nos separe’, por exemplo, nem existem.
Em outras palavras, temos que equilibrar as coisas e saber as regras do jogo. As relações humanas podem substituir as redes sociais, mas o contrário é impossível, disse Bauman. E eu concordo com ele.
Ai, lembrei-me de uma historinha que um ‘amigo’ do facebook, contou. Não sei se é verdade ou se estava apenas tentando fazer graça. Ele disse que estava usando na vida real as mesmas regras do facebook para fazer amigos.
Cada dia, saia pelas ruas a contar o que fazia, o que comia e o que iria fazer. Presenteava outros com fotos da família, de seus animais, do seu jardim, como também ouvia as conversas alheias e as comentava, ali, diretamente. No fim, ele constatou que tudo aquilo estava dando resultados e que já havia 3 pessoas o seguindo: dois policiais e um psiquiatra.
Como usuário do facebook, eu me salvo-guardo da solidão voltando aos valores da vida real, tal qual amizade de forma tradicional e os valores reais que me fazem seguir em frente, tal qual aquela frase logo no início. E você?
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras, para o Domtotal.
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