Cl. Valmir Andrade dos Santos*
Estamos vivenciando o Ano da Vida Consagrada Religiosa. O Papa Francisco, escreve-nos, como Sucessor de Pedro e como um irmão consagrado, apresentando três objetivos para este vivenciarmos bem este ano.
Olhar com gratidão o passado. Em nossos tempos, muitas identidades flutuam no ar. Repassar a história é algo imprescindível para fortalecer e manter vivo nosso rosto e nossos laços de família. Não se trata de um saudosismo, mas de percorrer o passado apanhando inspiração dos princípios e valores que movimentaram os fundadores. Voltar ao passado é tomar consciência de como foi vivido o carisma ao longo da história e de suas contradições, fruto da fragilidade humana que talvez tenha desaprendido postura indispensável do carisma.
Viver com paixão o presente. É escuta vigilante que o Espírito diz atualmente na Igreja. Não esqueçamos que a regra de vida dos fundadores foi o Evangelho. O ideal é o seguimento de Cristo. Os votos efetuam nosso amor louco por Cristo. A questão é, se nos deixamos conduzir pelo Evangelho com lealdade, para coloca-lo em prática. É mister perguntar-nos ainda se Jesus é o nosso “primeiro e único amor como nos propusemos quando professamos os votos.” Se a resposta for comprovada poderemos amar realmente cada pessoa que encontrarmos pela nossa estrada. Perguntar-nos-emos se nossas obras e presença correspondem aquilo que o Espírito pediu aos fundadores. Há algo a alterar? Temos a mesma paixão pelo povo e solidarizamo-nos ao ponto de partilhamos suas alegrias e dores, para compreendermos suas necessidades e contribuir, para lhes dar resposta? Viver com paixão o presente significa ser capaz de comunhão e “viver a mística do encontro”, ouvindo e procurando junto o caminho.
Abraçar com esperança o futuro. Sabemos nossas dificuldades, como por exemplo, a diminuição das vocações, o envelhecimento, problemas econômicos, relativismos e tantos outros. O Papa nos afirma que nestas incertezas deve atuar nossa esperança fruto da fé no Senhor. Não uma esperança fundamentada em números ou sobres às obras, mas sobre aquele em quem depositamos nossa esperança. Não podemos ceder à tentação dos números e da eficiência e menos ainda confiar em nossas próprias forças. Prossigamos nosso caminho! Confiantes no Senhor! Dirigindo-se aos jovens o Papa Francisco diz: “Sois o presente, porque viveis já ativamente dentro dos vossos institutos, prestando uma decisiva contribuição com o frescor e a generosidade da vossa opção. Ao mesmo tempo sois o seu futuro, porque em breve sereis chamados a tomar nas vossas mãos a liderança da animação da formação, do serviço, da missão”
O Papa Francisco espera que onde estejam os religiosos haja alegria. Deus é capaz de faze-los felizes. Nada de rostos tristes entre nós! “um seguimento triste é um triste seguimento”. A vida consagrada crescerá com nosso testemunho. Nossa vida deve falar e transparecer alegria, alegria e alegria. Espera o Papa que avivamos o mundo com a profecia, pois o religioso não pode renunciar a profecia. Os religiosos são como sentinelas devem vigiar durante a noite. “O profeta está do lado dos pobres e indefesos, porque sabe que o próprio Deus está do lado deles” Nada de desilusão com os resultados! “o profeta sabe que nunca está sozinho.”
Somos tarimbados em comunhão, dessa forma recorda-nos o Bispo de Roma: “críticas, bisbilhotices, invejas, ciúmes, antagonismos são comportamentos que não tem direito de habitar nas nossas casas [...] é a mística do viver juntos que fazem nossa vida sagrada. [...] ninguém constrói o futuro isolando-se, nem contando apenas com as próprias forças.”
Espera o Papa que os religiosos saiam de si para ir às periferias existenciais onde muitos vivem desanimados, abandonados, doentes, vazio no coração a procura de sentido, sedentos de Deus. Não podemos ficar acorrentados dos nossos problemas que se resolvem anunciando o Evangelho. “Encontrareis a vida dando vida, a esperança dando esperança, o amor amando [...] gestos concretos de acolhimento dos refugiados, solidariedade com os pobres, criatividade na catequese e no anúncio do Evangelho, na iniciação a vida de oração.”
*Religioso da Congregação de Dom Orione
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