Nas comunidades ou nas malocas do submundo os anjos recolhem as asas.
Por Ricardo Soares*
Diante dos últimos acontecimentos podemos ter a certeza de que a pomba da paz não sobrevoa o Oriente Médio no presente momento. Muito menos a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém e cercanias. Gira a pomba e não estão deixando a pomba ser legal, ser "gira", como se fala em Portugal. Mundo ilegal. Gira a pomba, sobrevoa nossos corações e mentes e muitas vezes não encontra terreno seco (e muito menos fértil) para aterrissar com seu ramo de paz no bico assim como tentou fazer sobre a praia desolada que acolheu o morto menino sírio no meio de uma semana em cujo final preces percorreram os hemisférios e os esotéricos engasgaram de tristeza. Eita planeta de "karma" pesado.
Gira a pomba. Pomba, a gira. Toda tarde, toda manhã e toda noite sabemos de inocentes que foram assassinados por policiais, de policiais corruptos justiçados por bandidos ou de homens honestos que guardam a lei e por isso são mortos. Os fortes ainda choram, os fracos escondem as lágrimas e as desculpas lustram corrimões de acesso ao inferno.
Gira a pomba. Pomba, a gira. Onde vai o conta-gota da paciência, o som da paz, os limites da velocidade da tolerância? Vestimos capacetes e vamos para as ciclovias. Dos carros nos atiram ovos. Novos povos serão concebidos para que outras notas cheguem aos nossos ouvidos?
Gira a pomba. Pomba, a gira. Em Mumbai, Katmandu, Budapeste ou norte da Síria, em São Paulo, nas comunidades cariocas ou nas malocas do submundo os anjos recolhem as asas. Exaustos tornam às suas casas. Os infernos em nós mesmos espevitam todas as brasas. Estamos sozinhos planando sobre o que sobrou ou o que era doce ainda não se acabou?
Diante dos últimos acontecimentos podemos ter a certeza de que a pomba da paz não sobrevoa o Oriente Médio no presente momento. Muito menos a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém e cercanias. Gira a pomba e não estão deixando a pomba ser legal, ser "gira", como se fala em Portugal. Mundo ilegal. Gira a pomba, sobrevoa nossos corações e mentes e muitas vezes não encontra terreno seco (e muito menos fértil) para aterrissar com seu ramo de paz no bico assim como tentou fazer sobre a praia desolada que acolheu o morto menino sírio no meio de uma semana em cujo final preces percorreram os hemisférios e os esotéricos engasgaram de tristeza. Eita planeta de "karma" pesado.
Gira a pomba. Pomba, a gira. Toda tarde, toda manhã e toda noite sabemos de inocentes que foram assassinados por policiais, de policiais corruptos justiçados por bandidos ou de homens honestos que guardam a lei e por isso são mortos. Os fortes ainda choram, os fracos escondem as lágrimas e as desculpas lustram corrimões de acesso ao inferno.
Gira a pomba. Pomba, a gira. Onde vai o conta-gota da paciência, o som da paz, os limites da velocidade da tolerância? Vestimos capacetes e vamos para as ciclovias. Dos carros nos atiram ovos. Novos povos serão concebidos para que outras notas cheguem aos nossos ouvidos?
Gira a pomba. Pomba, a gira. Em Mumbai, Katmandu, Budapeste ou norte da Síria, em São Paulo, nas comunidades cariocas ou nas malocas do submundo os anjos recolhem as asas. Exaustos tornam às suas casas. Os infernos em nós mesmos espevitam todas as brasas. Estamos sozinhos planando sobre o que sobrou ou o que era doce ainda não se acabou?
*Ricardo Soares é escritor, diretor de tv, roteirista e jornalista. Autor de 7 livros foi cronista dos jornais "O Estado de S.Paulo", "Jornal da Tarde", "Diário do Grande Abc" e da revista "Rolling Stone".
Nenhum comentário:
Postar um comentário